60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social

MINAS DE BABEL: ORTOGRAFIAS E PRÁTICAS DA ESCRITA NO TERMO DE MARIANA ENTRE 1813-1853

Pedro Eduardo Andrade Carvalho1, 2

1. UFOP / UFJF


INTRODUÇÃO:
Este trabalho enquadra-se no diálogo existente entre a Lingüística e a História. No caso, verificou-se o domínio das normas de escrita proposta por Antonio de Moraes Silva por parte da administração de Mariana e seu Termo entre 1813, publicação da segunda edição do dicionário do autor, e 1853, quando os estudantes formados em terras brasileiras, tomam frente da administração do Estado, em detrimento dos formados em Coimbra.

METODOLOGIA:
Neste sentido, a metodologia adotada se aproxima da sociolingüística variacional de Labov na mediada em que promoveu a comparação entre a norma proposta por Moraes e a prática da escrita encontrada na coleção avulsa das correspondências recebidas pela Câmara de Mariana. A seguir, partindo de estudos de casos específicos, relacionou-se a prática ortográfica e a prática administrativa no mesmo período.

RESULTADOS:
A análise permitiu um levantamento quantitativo das variações ortográficas existente nesta documentação. Isto posto, coube uma qualificação dos dados que avaliou: 1) a proximidade entre a prática ortográfica proposta pelo gramático e a encontrada na região do Termo de Mariana; 2) a relação entre distância relativa ao centro administrativo e o respeito a esta norma; 3) a relação entre os cargos ocupados pelos escriturários das correspondências e a escrita praticada por eles e 4) os modos como a competência escrita se relaciona com a competência administrativa; 5) Relacionou-se a instrução no período com suas práticas ortográficas e 6) Entendeu a educação como veículo de ascensão social que permitiu, por um lado, o bom entendimento das normas propostas pelo Estado e, por outro, a manipulação do campo discursivo por parte de certos elementos da administração.

CONCLUSÕES:
Deste mondo, verificamos que a questão administrativa se vincula ao domínio da língua escrita de maneira bipolar, ora sendo como um facilitador da ordem, ora facilitando a desordem. O acompanhamento dos casos nos fez entender as relações administrativas dentro da Câmara de Mariana como bem mais que apenas o conhecimento ou não das leis mas também, como um sentimento de “pertencimento” ao aparato administrativo que, em boa parte, conduzia os administradores rumo aos interesses pessoais ou da coletividade do Estado.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Minas-Gerais século XIX, Ortografia Imperial, Administração

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