60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO ENTORNO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA SEBASTIÃO ALEIXO DA SILVA, NO MUNICÍPIO DE BAURU, SP.

Rochelle Lima Ramos dos SANTOS1
Flávia ROSSI3
Mônica PAVÃO4
Elaine Aparecida RODRIGUES2, 4

1. Acadêmica do Curso de Biologia, da Faculdade São Judas Tadeu. Bolsista Fundap/IF
2. PqC. MsC. / Orientadora
3. Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais. Universidade de São Paulo
4. Instituto Florestal / Secretaria de Estado do Meio Ambiente (São Paulo)


INTRODUÇÃO:
Na atualidade, os ecossistemas naturais são pressionados por mudanças no uso do solo. Nos perímetros urbanizados; áreas verdes tendem a ser substituída por adensamentos urbanos e equipamento público, originando novo contorno ao antigo ecossistema: onde existiam florestas, hoje existem cidades. A leitura de cada indivíduo sobre as transformações no ambiente em que vive é resultado do processo cognitivo, do julgamento e da expectativa de cada pessoa, considerando ainda razões socioeconômicas e a interdependência com o ambiente natural, provedor de recursos. Uma das estratégias adotadas globalmente para a conservação dos ecossistemas naturais é o estabelecimento de unidades de conservação, embora, isoladamente, esta ação não seja suficiente para garantir a proteção dos recursos naturais, culturais e históricos. No Brasil, a criação, por força da lei, de áreas naturais protegidas, não é suficiente para proteger o ambiente natural uma vez que este é submetido a uma série de pressões que comprometem a conservação das áreas protegidas e de remanescentes de vegetação nativa. A partir dos aglomerados urbanos a relação humano-natureza tornou-se mais complexa, sendo adequado incluir nos estudos propostos, fatores sociais e padrões de comportamento humano que podem influenciar estas alterações.

METODOLOGIA:
A área de estudo compreende o entorno da Estação Ecológica Sebastião Aleixo da Silva, em Bauru, SP, criada em 1987, com 287,28 ha e está localizada na Área de Proteção Ambiental Municipal (APA) Água Parada, que compreende, segundo o Plano Diretor municipal, o Setor de Planejamento Rural “G”, limitado ao Sul pelo Setor de Planejamento Urbano “7”. À distância entre o limite da área urbana e a Estação Ecológica é de aproximadamente 3 km em linha reta. Devido à proximidade da área urbana, verificou-se a necessidade de analisar em que medida os adensamentos urbanos próximos da Estação Ecológica constituem vetores de pressão para a conservação do fragmento. Para este estudo foi aplicado um questionário com quinze perguntas fechadas para os residentes no Setor 7, em quatro dias de campo no mês de fevereiro de 2008, traçando o perfil socioeconômico dos moradores e o vínculo destes com unidade de conservação (UC). Foi definida uma amostra de 10% das economias residenciais de cada bairro (636 economias residenciais), segundo dados do Departamento de Água e Esgoto de Bauru, sendo visitadas todas as ruas no sentido Norte/Sul ou Leste/Oeste, a partir da direção que apresentava maior extensão, sendo selecionado um domicílio para entrevista com intervalo de 9 domicílios para a próxima seleção.

RESULTADOS:
A bacia hidrográfica do Córrego do Pau d’Alho pertence à área urbana do município de Bauru e é formada por 10 bairros, com cerca de 19.000 moradores distribuídos em 6.360 economias residenciais. A maioria dos respondentes (62%) é do gênero masculino. O perfil etário é de 32% entre 12 e 24 anos, 26% entre 25 e 35 anos, 26% entre 36 e 59 anos, e 8% com 60 anos ou mais. Com relação à escolaridade 3% dos respondentes são analfabetos, 51% cursaram até o ensino fundamental, 43% o ensino médio e 3% possuem curso superior. Em relação ao vínculo dos moradores com a UC, verificou-se que 43% dos entrevistados têm conhecimento sobre a existência da área protegida. Todos os demais dados referem-se a estes respondentes (N=275). Embora a Estação Ecológica signifique “área de conservação” para 64% dos respondentes que sabem de sua existência, para 22% a UC representa uma “área de passeio”. A maioria destes respondentes (61%) já estive ou conhece pessoas que já visitaram a Estação, sendo que 36% realizaram ao menos uma visita e para 38% dos respondentes é permitida a visitação no interior da UC. Em relação ao órgão gestor da área protegida, 69% dos respondentes não identificaram o governo do Estado enquanto responsável pela Unidade.

CONCLUSÕES:
Os resultados da pesquisa apontam que as áreas urbanas próximas a Estação Ecológica constituem efetivamente vetores de pressão para a conservação deste importante fragmento florestal, que recebe o impacto da visitação ilegal de moradores do entorno. Os bairros da Bacia do Córrego Pau d’Alho apresentam significativo adensamento populacional e carência de equipamentos urbanos para lazer e entretenimento. Embora a Estação Ecológica não possua atributos cênicos e equipamentos adequados à visitação pública, o fragmento florestal constitui área verde próxima da área urbana, além de exercer importância significativa no imaginário das pessoas, levando-os a procurarem este espaço. Verifica-se a necessidade de um trabalho conjunto entre o órgão gestor e a Prefeitura Municipal no entorno da UC a fim de promover a conscientização ambiental sobre a categoria de manejo da Estação, sua importância ecológica e ambiental enquanto remanescente florestal em área periurbana, bem como para implementar alternativas de lazer e entretenimento para atender à demanda desta população.

Instituição de fomento: Instituto Florestal – IF

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Unidade de conservação, Percepção ambiental, Vetores de pressão

E-mail para contato: solechel@yahoo.com.br