60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia

ESTUDO DA MATURAÇÃO DA GLÂNDULA TIREÓIDE EM FETOS HUMANOS

Rafael Alexandre Meneguz Moreno1
Vanessa Porto de Araujo1
Tânia Maria de Andrade Rodrigues3

1. Departamento de Medicina - UFS
3. Prof. Drª. - Departamento de Morfologia - UFS - Orientador


INTRODUÇÃO:
A glândula tireóide secreta dois hormônios importantes: triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Ambos têm o efeito de aumentar o metabolismo do corpo. A ausência dos mesmos provoca disfunções no metabolismo dos órgãos e desenvolve progressivamente retardo do crescimento e maturação óssea, uma vez que ocorrem receptores do hormônio tireoidiano em todos os tecidos. Além disso, um efeito importante do hormônio tireóideo consiste em promover o crescimento e o desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e nos primeiros anos de vida pós-natal. Se não houver hormônio suficiente, o crescimento e a maturação do cérebro são retardados. Sem terapia imediata específica, a criança sem glândula tireóide ficará mentalmente deficiente durante toda a vida. O hipotireoidismo congênito atinge cerca de 1 em 4.000 recém-nascidos e resulta de reduzida atividade glandular e dos processos metabólicos, sendo que eles não são capazes de produzir quantidades adequadas de hormônio tireoidiano (T4). Os prematuros apresentam menores níveis de hormônios tireoidianos nos primeiros dias de vida em relação aos recém-nascidos a termo. A importância deste estudo constitui em avaliar o grau de maturação e correlacionar espacialmente com o termo dos fetos humanos. O objetivo é interligar os aspectos macroscópicos com os achados histológicos da glândula tireóide em fetos humanos e, dessa forma, prover as bases para o diagnóstico prematuro de alteração morfológica e funcional glandular. Pode-se, dessa forma, subsidiar o diagnóstico precoce das patologias congênitas que incidem na glândula tireóide.

METODOLOGIA:
A pesquisa contou com a aprovação prévia do Comitê de Ética da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e assinatura de um termo de consentimento pelas genitoras. Os materiais utilizados foram: lâminas e cabos de bisturi, pinças cirúrgicas, proveta, béquer, formol a 4 e a 10%, água destilada, paquímetro, mesoscópio, placas de Petri, freezer a - 4ºC, além de luvas de procedimentos, máscara, jaleco e óculos de proteção. Coletaram-se 43 fetos humanos congelados in natura junto à Maternidade Hildete Falcão Batista, no estado de Sergipe, os quais foram transferidos para o Departamento de Morfologia (DMO) da UFS, onde foram armazenados em um freezer a - 4°C. Para a necrópsia, descongelaram-se os fetos em uma bacia de água corrente durante 10 a 20 minutos. Mediram-se peso (g), distância vértice-nádega (mm), perímetro cefálico (cm) e perímetro torácico (cm) dos fetos. A idade fetal foi estimada baseando-se na medida vértice-nádega. Durante a necrópsia, o acesso cirúrgico à glândula baseou-se na técnica anatômica de McMinn (1999). Realizou-se a dissecção por planos, respeitando-se a anatomia: epiderme, tecido celular subcutâneo e fáscia cervical, até a visão macroscópica da glândula tireóide. Em seguida, procedeu-se com a excisão da glândula. Dando continuidade, incluíram-se as porções retiradas em frascos contendo formol a 10% e puseram-se os mesmos no freezer a - 4ºC. As peças foram redissecadas, após serem descongeladas, com o auxílio do mesoscópio, e então foram incluídas em frascos com formol a 4% em temperatura ambiente.

RESULTADOS:
Estimou-se, dentre a amostra de 43 fetos dissecados, de acordo com a distância vértice-nádega, uma idade fetal entre 12 e 26 semanas, média de 19,75 semanas e massa entre 110 e 600 gramas, média de 288 gramas. Ocorreram perdas em decorrência do aprendizado da técnica e também por dissecações cirúrgicas equivocadas, com conseqüente perda de material biológico. Optou-se, portanto, por trabalhar histologicamente com 35 destes, com média de massa de 278 gramas e de idade fetal de 18,9 semanas. Estes foram selecionados a partir de análise anatômica mascroscópica com o auxílio do mesoscópio, sendo feita análise histológica, posteriormente. A glândula tireóide apresentou-se, em geral, com coloração vermelho-rósea, consistência amolecida e firmemente aderida às cartilagens tireóide e cricóide através de prolongamentos da fáscia cervical. Anatomicamente, localizada inferiormente à cartilagem tireóide, anterior à cartilagem cricóide e aos anéis traqueais, lateralmente aos músculos esternocleidomastoideos, veias jugulares e artérias carótidas externas. O presente trabalho foi idealizado a partir de uma bolsa de Projeto de Iniciação Científica, envolvendo participação do DMO da UFS, realizado durante o ano de 2000. Nesse estudo, os fetos analisados apresentavam faixa etária de 20 a 32 semanas. O estudo atual propôs-se a fazer um olhar mais precoce do desenvolvimento da glândula tireóide, visto que dados de maturação folicular foram percebidos por análise histológica apenas próximo do termo. Os novos dados confirmaram a teoria de imaturidade folicular nesse estágio inicial do desenvolvimento humano.

CONCLUSÕES:
Conclui-se que nesse período estudado não ocorreram indícios de maturação morfológica e histológica da glândulas tireóide por não ter sido descrito folículos com colóide. A glândula tireóide não está madura antes de 26 semanas de idade fetal. Portanto, numa realidade de tecnologia com a viabilização da sobrevida de fetos prematuros extremos, cabe a recomendação de investigação da função tireoidiana para uma melhor condução dessa população de alto risco de patologias graves associadas, e também alto custo para o serviços de saúde público e privado da sociedade.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  tireóide, maturação, idade fetal

E-mail para contato: raffael2000@hotmail.com