60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

PROPOSTA DE DIÁLOGO ENTRE AS ÁREAS DO ENSINO DAS ARTES VISUAIS, EDUCAÇÃO MUSICAL E EDUCAÇÃO ESPECIAL.

Carolina Scalco Pinheiro1
Daniele Noal Gai2
Ivan Schwan3
Marilda Oliveira de Oliveira5

1. Mestranda no Programa de Pós Graduação em Educação - UFSM/RS
2. Mestre em Educação PPGE/UFSM e UFRGS
3. Mestrando no Programa de Pós Graduação em Educação - UFSM/RS
5. Prof. Dr. - Depto de Metodologia do Ensino - PPGE - UFSM/RS - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A presente proposta teve como principal objetivo estabelecer um diálogo entre as três áreas do conhecimento: Ensino das Artes Visuais, Educação Musical e Educação Especial num mesmo espaço de atuação: Clínica e Instituição Especial Antônio Francisco Lisboa de Santa Maria/RS. Esta inserção pedagógica foi desenvolvida durante o segundo semestre de 2007, como um micro projeto proposto na disciplina ‘Educação e Artes: pressupostos teóricos e práticos’ do Programa de Pós-Graduação em Educação – Linha de Pesquisa Educação e Artes. Pretendeu-se que os professores desta instituição experimentassem esta conversa entre as áreas de forma a dialogizar os diferentes campos do saber, buscando identificar elementos básicos da música, do som e da linguagem visual, familiarizando-se com esses elementos e, a partir disso, fossem capazes de reconhecer a importância das mesmas para a aprendizagem em instituições de ensino para pessoas com necessidades especiais, compreendendo o caráter híbrido da arte e música contemporânea, discutindo o lugar ou não-lugar da deficiência, diferença, da identidade dentro da escola bem como dinamizar essas apreensões com a execução de dinâmicas.

METODOLOGIA:
Contou-se com a presença de quinze (15) participantes entre educadores e outros profissionais embrenhados na construção de seu fazer pedagógico/profissional da Clínica e Instituição Especial Antônio Francisco Lisboa (Santa Maria – RS). Buscou-se como tema gerador para problematizar questões referentes às três áreas do conhecimento, uma intervenção no espaço público, que tratasse de Música, de Artes Visuais e comportamento humano. Para tanto foi selecionada a obra “Autobang” do grupo Chelpa Ferro, apresentada na 25ª Bienal Internacional de São Paulo. Partindo das impressões causadas pela exibição desse vídeo, se propôs uma prática dividida em três principais momentos. O primeiro contemplando a linguagem musical, onde se solicitou que os professores criassem e executassem uma composição coletiva, utilizando instrumentos musicais alternativos (construídos com sucata). No segundo momento a professora de Artes Visuais executou um trabalho coletivo com esses mesmos materiais, buscando a reflexão sobre os conceitos da linguagem visual. No terceiro momento, a Educadora Especial mediou a discussão dos resultados obtidos, indagando os participantes sobre suas percepções e elaborando um cartaz com palavras que as sinalizavam.

RESULTADOS:
A escolha da obra “Autobang” possibilitou o trabalho de elementos e conceitos contemporâneos tanto da linguagem visual quanto musical, e o teor conceitual da obra provocou discussões acerca dos enfrentamentos e estranhamentos cotidianos na prática escolar dos participantes envolvidos. Essas percepções foram mediadas ao longo da atividade pelos três professores, cada qual ressaltando aspectos referentes à sua área de atuação. Escutando criticamente a composição musical, os participantes perceberam alguns elementos da linguagem musical como ritmo e intensidade. A utilização de materiais alternativos e conceitos até então estranhos aos participantes nessas atividades desmistificou algumas barreiras encontradas no dia-a-dia, como o mito do artista como um ser iluminado ou da arte contemporânea “sem pé nem cabeça”, percebendo e despertando a consciência de um processo na criação nas obras de arte, composições musicais e saberes específicos de cada área do conhecimento abordada. Foi solicitado ao final da proposta a cada um, que, em meio às revistas e livros apresentados como materiais alternativos encontrassem uma palavra que traduzisse o aspecto mais significativo do encontro. Surgiram palavras e reflexões sobre “inclusão”, “alteridade”, “capacidade”, “integração” e “comunicação”.

CONCLUSÕES:
A proposta pedagógica intitulada “Proposta de diálogo entre as áreas do Ensino das Artes Visuais, Educação Musical e Educação Especial” demonstrou que, com embasamento teórico, planejamento e atuação conjunta de profissionais com habilitação em diferentes áreas do conhecimento, é possível, gratificante e prazerosa a construção diária do fazer pedagógico. Reflexões conjuntas fazem com que se perceba o quanto muitas das angústias individuais são também coletivas e convergentes. A maneira que cada um constrói sua prática e saberes como docentes diferem sim, e essas diferenças devem ser respeitadas, pois são áreas do conhecimento distintas, porém havendo empenho conjunto podem ser realizadas propostas que se integrem, tornando o aprendizado (e o ensino dessas práticas escolares) mais significativo, comprometido e de qualidade.



Palavras-chave:  Ensino das Artes Visuais, Educação Musical, Educação Especial.

E-mail para contato: carolpinheirosb@gmail.com