60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo

ANÁLISE DA PAISAGEM E AVALIAÇÃO DAS PERDAS E GANHOS DE ELEMENTOS DO SOLO NA ÁREA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, SUL DA BAHIA

Danívio Batista Carvalho dos Santos1
Paulo Gabriel Soledade Nacif1
Oldair Del’Arco Vinhas Costa1
Alessandro Coelho Marques2
Maurício Santana Moreau2

1. Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas - UFRB
2. Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais - UESC


INTRODUÇÃO:
A paisagem é compreendida como uma entidade natural que reúne diversos atributos. A ação humana modifica a paisagem causando conseqüências ambientais a exemplo da fragmentação de habitats e do uso inadequado dos solos e da água (Metzger, 2001). Segundo Resende et al (1999) a bacia hidrográfica é a área na qual a precipitação flui para um único canal natural e separa-se das demais pelos divisores de água. Este fato confere a ela a propriedade de ser uma das mais adequadas unidades geográficas para realizar análises integradas da paisagem. A Bacia Hidrográfica do Rio Santana (BHRS), localizada na Região Cacaueira da Bahia, é um ambiente com relevante potencial sócio-ambiental pela sua diversidade ecológica e seus recursos hídricos e naturais, que se apresentam como fonte de renda e abastecimento da sociedade local e regional (Campos, 2003). Entendendo a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e o solo como o melhor estratificador de ambientes, o trabalho objetivou realizar a análise da paisagem da BHRS, reunindo informações sobre o meio físico e armazenando os dados em bancos de dados de Sistema de Informações Geográficas para tratamento. Além disso, foram avaliadas as perdas e ganhos de elementos nos solos, sob diferentes ocupações.

METODOLOGIA:
Foram coletados dados na bibliografia e cartografia da região que serviram para avaliar a influência de fatores como vegetação, clima, geologia, geomorfologia e hidrologia na formação do solo e no delineamento da bacia. Com o auxílio de imagens do satélite Ikonos do ano de 2005, cedidas pelo Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia e de carta planialtimétrica da SUDENE, folha Itabuna (SD 24-Y-B-VI) foram confeccionados mapas-base para auxiliar nos trabalhos de campo e fazer o mapeamento e estudo da vegetação. Três sub-bacias foram selecionadas com base na homogeneidade das características de cada ambiente, bem como na representatividade em relação a toda a BHRS, sendo escolhidas áreas com predomínio da mesma classe de solo e os usos com pastagem, cacau e floresta. Em cada trincheira ou corte de estrada, após a descrição morfológica dos solos, segundo Santos et al. (2005), foram retiradas amostras indeformadas, em duplicata, em cada horizonte do solo e na superfície do solo (10 repetições) para determinação da densidade do solo. Para determinações químicas e físicas utilizou-se a metodologia da EMBRAPA (1997). Com as características morfológicas, físicas e químicas, os solos foram classificados de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006).

RESULTADOS:
Nas sub-bacias estudadas observou-se que em todas há ocorrência do uso com mata nativa, cacau e pastagens, sendo que em uma delas (localizada na porção nordeste) há 80,6% de área ocupada com floresta. Na sub-bacia localizada a norte da BHRS a tipologia cacau se faz presente em 45,1% de sua extensão e na localizada na porção sul da BHRS as pastagens ocupam 50,8% de sua área total. Os mapas de solos confeccionados para a região onde se insere a BHRS mostram que na bacia há uma grande diversidade de solos, condicionadas principalmente pelos fatores geologia, relevo e clima. Os solos dos perfis descritos foram classificados como Latossolos Amarelos distróficos. Em geral, observa-se que os solos apresentam baixa fertilidade, por serem profundos e intemperizados, refletindo uma pobreza química provocada por uma rápida remoção dos nutrientes adicionados aos solos. Pode-se observar que nas sub-bacias os solos encontram-se na mesma classe textural (argila/muito argiloso), não havendo diferenças marcantes entre os teores de areia, silte e argila, nem nos de argila dispersa em água. Nas pastagens, o valor de densidade do solo foi mais elevado em relação à mata e cacau que segundo Costa (2005), é explicado por existirem pressões mecânicas causadas principalmente pelo pisoteio do gado.

CONCLUSÕES:
Devida à presença de vários fragmentos de mata em sua área, a bacia estudada apresenta grande importância e potencial para a preservação da Mata Atlântica, sendo bastante favorável à implementação da estratégia dos corredores ecológicos. Pode-se perceber que os diferentes usos da bacia tendem a alterar as propriedades físicas e químicas do solo, ocorrendo perdas quando a floresta é substituída pelo cacau ou pela pastagem principalmente nos atributos físicos do solo. E, em alguns casos, ocorrem ganhos nos atributos químicos devido, principalmente à utilização de correções e adubações dos solos. A adequação do uso e do manejo com vistas ao planejamento agroambiental sustentável, não esquecendo dos fatores sócio-culturais, torna-se muito importante para a efetivação das políticas de preservação e conservação dos recursos naturais da área estudada.

Instituição de fomento: CNPQ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Uso do Solo, Geoprocessamento, Classificação do solo

E-mail para contato: danivioagro@hotmail.com