60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 4. Ciência e Tecnologia de Alimentos

CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS NA PRODUÇÃO DE REFEIÇÕES EM RESTAURANTE COMERCIAL: UM DESAFIO DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, RJ.

TATIANI Abreu de Alencar1
TALITA Pimenta do Nascimento2
DIOGO Grobério Zanoni3
VALÉRIA R. Tolentina4

1. Departamento de Economia Doméstica (DED) / UFRRJ
2. Departamento de Economia Doméstica/ UFRRJ
3. Departamento de Tecnologia de Alimentos / UFRRJ
4. Profa. Dra./Orientadora/ DED/UFRRJ


INTRODUÇÃO:
A alimentação fora de casa constitui um hábito cada vez mais freqüente no estilo de vida atual, principalmente nas áreas urbanas e/ou metropolitanas. Os restaurantes comerciais têm representado a forma mais freqüente de atendimento a essa demanda, compreendendo um setor no qual a adoção de padrões para a garantia da segurança do alimento tem significado uma necessidade emergente para a saúde pública (AKUTSU, 2005). Nesse sentido, evidencia-se na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a realização de refeições dentro do campus como uma atividade cotidiana para centenas de pessoas cuja limitação de tempo durante a jornada de trabalho e a distância casa-trabalho, entre outros fatores, o impõe. Tem-se, por um lado, a preponderante necessidade do serviço e por outro, uma forma de gestão que não conta com monitoramento dos parâmetros de qualidade e segurança para o consumidor nos serviços prestados por estabelecimentos comerciais em sua área de abrangência. Desta forma, a partir de um estudo de caso, este trabalho buscou identificar as condições higiênico-sanitárias da operacionalização da produção de refeições no campus da UFRRJ, cuja ambição foi subsidiar a discussão para implantação de um centro permanente de suporte técnico e vigilância sanitária desses serviços.

METODOLOGIA:
O objeto deste trabalho foi o restaurante do campus da UFRRJ/ Seropédica, RJ, cuja escolha foi justificada dentro do universo de quinze serviços de alimentação, por identificar uma das mais recentes estruturas construídas para este fim, na área de estudo. A coleta de dados foi realizada em outubro de 2007 com dois instrumentos. O primeiro, composto por check-list elaborado segundo a Resolução RDC Nº216/2004 (BRASIL, 2004) proporcionou a verificação de cerca de 60 itens abrangendo edificações e instalações, equipamentos e utensílios; controle de vetores e pragas; abastecimento de água; manejo de resíduos; armazenamento, produção e distribuição de refeições e cuja operacionalização utilizou a identificação: conforme (C), não conforme (NC) e não aplicável (NA). Obteve-se laudos microbiológico e físico químico da água de abastecimento para os quais as amostras foram coletadas em recipientes estéreis e encaminhadas sob refrigeração ao laboratório de análise. O segundo instrumento de levantamento de dados ocupou-se da caracterização organizacional e sócio-econômica dos operadores do serviço e abrangeu a escolaridade, formação técnica, acesso a treinamentos, controle da saúde, entre outros. Para análise dos dados obtidos, utilizou-se a estatística descritiva.

RESULTADOS:
Os resultados apontaram altos índices de inadequação para operacionalização do restaurante, para todos os quesitos investigados relacionados a boas práticas de fabricação. Destaca-se a infra-estrutura na qual, dos 16 itens analisados (arredores, acesso, piso, janelas, ralos, paredes, instalações elétricas, vestiários, etc.), 81,25% apresentavam-se em não conformidade. Em relação aos manipuladores de alimentos, dos 8 itens investigados (uniformes, adornos, higiene pessoal, procedimentos operacionais, etc.) 75% encontraram-se em não conformidade. Nos aspectos de higiene, cocção adequada, controle da cadeia fria e quente, cruzamento de fluxos e armazenamento dos alimentos, dos 9 itens avaliados, 66,6% estavam fora dos padrões. Quanto a potabilidade da água de abastecimento, os laudos fornecidos atestaram adequação aos parâmetros bacteriológicos, mas na análise físico-química, constatou-se inadequação aos padrões da Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde quanto a concentração de ferro. No perfil do quadro de pessoal, apontou-se 75% sendo do sexo feminino e 50% cuja escolaridade atingiu o ensino médio completo. Em relação à capacitação, demonstrou-se a inexistência do acesso a treinamentos ou qualquer outra ação para domínio dos quesitos necessários ao desenvolvimento do trabalho.

CONCLUSÕES:
Embora o restaurante analisado conste como um local construído em período recente cujo projeto foi elaborado para atender a produção de refeições, muitas das não conformidades de estrutura física e fluxos cruzados apontados nos resultados advêm de imperfeições do planejamento do projeto. Por outro lado, a falta de capacitação dos gestores e operadores do serviço acentua a gravidade do quadro encontrado com conseqüentes situações de risco para a qualidade do produto final e consumidores. Portanto, conclui-se que há emergente necessidade de mudança de estratégia tanto para a construção de restaurantes no campus universitário, que deve contar com equipe multidisciplinar incluindo profissionais habilitados para os parâmetros de boas práticas de fabricação em serviços de alimentação; quanto nos aspectos institucionais de gestão dos contratos de prestação dos serviços e sua fiscalização, assim como a exigência e/ou disponibilidade de treinamentos para os gestores e operadores dos serviços. Aponta-se a obrigatoriedade de implantação de um sistema de gestão dos serviços de alimentação que inclua a vigilância sanitária de alimentos no campus universitário cuja viabilidade pode ser favorecida pela existência na Instituição, de áreas de formação comprometidas com a segurança dos alimentos.

Instituição de fomento: UFRRJ/Decanato de Assuntos Financeiros



Palavras-chave:  serviços de alimentação, segurança do alimento, restaurante comercial

E-mail para contato: tatianimedvet@yahoo.com.br