60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 3. Antropologia das Populações Afro-Brasileiras

REFLEXOS DAS DESIGUALDADES RACIAIS BRASILEIRA NO CAMPO SIMBÓLICO CULTURAL

Cristina Xavier Cordeiro1, 2, 3
Cláudio Eduardo Rodrigues1, 2, 4
Benjamin Xavier de Paula1, 2, 4

1. Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UFVJM - NEAB/UFVJM
2. Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Exatas da UFVJM - FACSAE/UFVJM
3. Bolsista
4. Orientador


INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é fruto das análises e debates desencadeados a partir das atividades de estudos teóricos no Grupo de Estudos sobre as Relações Raciais no Brasil, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – NEAB/UFVJM -, espaço que visa ampliar as discussões acerca das questões raciais, na busca de um entendimento da realidade racial brasileira. Frente a tal propósito, esta pesquisa está alicerçada no diálogo estabelecido entre os principais teóricos que estudam as relações raciais no Brasil, passando por importantes pensadores como: Joel Rufino dos santos, Silvio Romero, Raimundo Nina Rodrigues, Gilberto Freire, Sergio Buarque de Holanda e Florestan Fernandes, dentre outros. A partir dos estudos teóricos realizados, buscamos uma melhor compreensão a respeito das relações sócio-culturais e raciais na sociedade brasileira, a partir da qual buscamos aprofundar a análise sobre a inserção do negro africano – “ex-escravizado” -, no contexto da cultura imposta pela lógica colonialista brasileira de base católica-cristã-européia, buscando compreender a reprodução das relações raciais desiguais a partir das manifestações da cultura popular Afro-brasileira, como espaço de luta e resistência do povo negro.

METODOLOGIA:
A metodologia de trabalho utilizada para o desenvolvimento do presente estudo está ancorada em dois momentos distintos: a) revisão teórica e da literatura sobre o negro no Brasil, desenvolvida por meio da realização de seminários teóricos precedido de estudos orientados sobre a revisão da literatura pertinente a bibliografia selecionada pelos orientadores no Grupo de Estudos sobre as Relações Raciais no Brasil do NEAB/UFVJM; b) atividade de campo – realização de entrevistas, coleta de depoimentos e registros de imagens e documentos sobre as manifestações religiosas de matrizes africanas nas Comunidades Remanescentes de Quilombo da meso-região do valo do Mucuri. Desta forma, nos valemos da pesquisa por meio da análise de dados quantitativos (pesquisa quantitativa); da pesquisa por meio das técnicas da História Oral; tal como, buscamos na análise semiótica da cultura – observação da construção e permanência de bens culturais simbólicos – instrumentos metodológicos de abordagem.

RESULTADOS:
A partir dos procedimentos metodológicos descritos, a pesquisa tem como foco a produção dos seguintes instrumentos bibliográficos: 1) realização do relatório anual de trabalho discente contemplando a revisão teórica da bibliografia estudada (atividade realizada e entregue junto com o relatório de atividades do grupo no final do ano de 2007); 2) Construção de um artigo teórico-científico a partir do relatório discente (em fase de conclusão); 3) desenvolvimento de atividades de pesquisa de campo relativas ao projeto individual de pesquisa definido por cada discente a partir do artigo teórico-ciêntífico desenvolvido (em fase de desenvolvimento). Na terceira fase – desenvolvimento das atividades de pesquisa de campo, buscamos por meio da observação e documentação das manifestações culturais e religiosas de matrizes africanas nas comunidades estudadas: aspectos da realidade racista e segregacionista da sociedade brasileira; aspectos do auto-reconhecimento – ser ou não ser racista, negro, quilombola “macumbeiro” etc.; valores associados às expressões afro-brasileiras e como estes refletem na sociedade brasileira por meio de estigmas vinculados às expressões como diabólicas e eróticas (caso da umbanda, do candomblé, do congado e do batuque), etc.

CONCLUSÕES:
Concluímos que, é necessário um reconhecimento do caráter racista presente na construção da sociedade brasileira para que a partir deste reconhecimento, possa se repensar a nossa sociedade criando possibilidades para a superação de todas as formas de preconceitos, das quais, o racismo é uma delas. Portanto, é importante difundir as discussões acerca das expressões culturais afro-brasileiras para propiciar uma melhor compreensão sobre as relações raciais que nelas se faz presente – particularmente, o racismo, bem como, ampliar as discussões sobre seu caráter reivindicativo, na busca de fortalecer e incentivar esses espaços de luta e resistência.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Racismo, Cultura Popular, Afro-brasileiros

E-mail para contato: cristinaxc@yahoo.com.br