D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS REDUZ O PESO CORPORAL DE RATOS: UMA CONTRIBUIÇÃO DA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL PARA A SAÚDE
Ademir da Costa Lana1 Célia Aparecida Paulino1
1. Universidade Bandeirante de São Paulo - Pós-Graduação e Pesquisa (UNIBAN - SP)
INTRODUÇÃO:Na busca pela manutenção da saúde e melhoria da qualidade de vida, os exercícios físicos podem ajudar no bem estar físico e emocional, gerando benefícios inquestionáveis a seus praticantes. Associados a hábitos saudáveis como dieta balanceada, diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e redução do tabagismo, os exercícios regulares e controlados são importantes para os indivíduos predispostos ao surgimento de doenças cardiovasculares, pulmonares e cérebrovasculares, além de melhorarem o estado de humor e representarem uma boa terapêutica contra a obesidade e o sobrepeso, preocupações crescentes nos dias de hoje. Sabe-se que o peso corporal é determinado pelo equilíbrio entre o consumo de alimento e o gasto de energia, e os exercícios físicos representam um importante estímulo fisiológico capaz de desencadear processos de adaptação que promovem alterações na composição corpórea, com aumento da massa muscular e diminuição do tecido adiposo. Atualmente, associada à restrição do consumo de energia, é recomendada a prática regular de atividade física para indivíduos predispostos à obesidade, entre outras doenças. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi o de avaliar experimentalmente os efeitos do treinamento físico regular, em esteira ergométrica, sobre o peso corporal de ratos.METODOLOGIA:Foram utilizados ratos da linhagem Wistar, machos, divididos em dois grupos (n=12), a saber: grupo experimental treinado e grupo controle sedentário. Para aplicação dos exercícios físicos os ratos do grupo treinado foram submetidos a um protocolo experimental realizado em esteira ergométrica adaptada para ratos (10400-Imbramed®), com 8 raias individuais de aço inox cobertas individualmente com tampas móveis de acrílico transparente e com orifícios para ventilação. Foi utilizado um protocolo de treinamento progressivo em alta intensidade, com duração de 11 semanas, 5 vezes por semana. Na primeira semana os animais do grupo treinado foram colocados na esteira durante 15 minutos, 5 m/min, com 0% de inclinação. A partir desta primeira semana até o final da sexta semana, a duração, velocidade e inclinação da esteira foram aumentadas gradativamente até 75 minutos de duração, numa velocidade de 25 m/min e 15% de inclinação, e então mantida por mais um período de 5 semanas. Os ratos do grupo sedentário foram apenas manuseados e colocados na esteira (sem movimento) para simular as condições de manipulação do grupo treinado. Os animais de ambos os grupos (treinados e sedentários) foram pesados em balança eletrônica digital (Marte®) três vezes por semana, durante o período de treinamento.
RESULTADOS:Os resultados foram analisados estatisticamente através do teste “t” de Student (dados paramétricos) e do teste de Mann-Whitney (dados não paramétricos), para detecção de possíveis diferenças entre os dois grupos de animais. Os respectivos pesos corporais iniciais dos animais dos grupos treinados e sedentários foram aproximadamente os mesmos no início do experimento (180-200g). A análise estatística mostrou que este protocolo de exercícios físicos aeróbicos, em esteira ergométrica, reduziu o peso corporal (P<0,05) da quinta até a décima primeira semana de treinamento dos ratos do grupo treinados em relação aos sedentários. Este resultado pode ser explicado pelos efeitos dos exercícios aeróbicos, que proporcionam um aumento no gasto de energia dos animais. Ainda, estes achados corroboram relatos da literatura com ratos treinados em esteira ergométrica, sob protocolos de intensidades altas, os quais são capazes de promover redução do consumo de ração, com conseqüente perda de peso. Essa perda pode ser causada pelo aumento nos níveis sérios de substâncias com efeitos comprovadamente anorexígenos, representadas principalmente pelas catecolaminas e pelo hormônio liberador de corticotrofina, liberados após ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal provocada pelo estresse dos exercícios físicos.CONCLUSÕES:Este estudo traduz a importância da experimentação biológica para as ciências da saúde, já que o modelo animal utilizado foi capaz de evidenciar os efeitos dos exercícios sobre o peso corporal dos ratos treinados, quando comparados com os ratos sedentários. Estes achados experimentais possibilitam inferir que o metabolismo lipídico tenha sido estimulado e tenha ocorrido maior mobilização do tecido adiposo, pela maior demanda de energia e aumento no gasto de calorias, promovidos pelo esforço do organismo para a execução diária dos exercícios físicos em esteira ergométrica. Além disso, durante e após os exercícios ocorrem modificações principalmente no sistema neuroendócrino, com aumento nos níveis de adrenalina, noradrenalina, cortisol, hormônio liberador de corticotrofina e outras substâncias endógenas, que estimulam a redução do tecido adiposo e incremento da massa muscular, minimizando especialmente os riscos do sedentarismo, do sobrepeso e da obesidade. Desta forma, os exercícios físicos regulares ganham destaque cada vez maior, em razão das características e do estilo de vida próprios da sociedade contemporânea, uma vez que promovem adaptações fisiológicas e morfológicas relevantes para a manutenção da homeostasia, que reflete de modo positivo na saúde dos seus praticantes.
Instituição de fomento: Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - SP)
Palavras-chave: Exercícios físicos, Ratos, Saúde coletiva
E-mail para contato: ademirlana@uol.com.br
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