60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ÁGUAS DO RECIFE: UM RELATO E SOCIALIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIA.

Mônica Alves Coelho dos Santos1
José Hildo dos Santos1
Jerrana Cantarelli1
Kate Limeira Cavalcanti Jota1
Alfio Mascaro Grosso1
José Renato da Silva Filho1

1. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DA PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE


INTRODUÇÃO:
A Escola Ambiental Águas do Capibaribe, pertencente à Secretaria de Educação, Esporte e Lazer da cidade do Recife, inaugurada em novembro de 2003, foi concebida com o objetivo maior de promover nos educadores, educandos e visitantes, após as incursões pedagógicas, uma (re)leitura do ecossistema aquático, componente principal da paisagem natural recifense, valorizando vivências e convivências das comunidades locais. A partir da percepção das paisagens, os participantes fazem uma reflexão crítica no sentido de buscar alternativas para mudanças na realidade sócio-ambiental, tornando-se cidadãos atuantes. Outros objetivos também são elencados: 1) Promover Educação Ambiental formal; 2) Reconhecer a importância ecológica, histórica e cultural das águas; 3) Identificar as águas como elemento que favoreça atividades de subsistência para as comunidades tradicionais locais; 4) Facilitar o processo de formação continuada dos educadores e 5) Contribuir com estudos e pesquisas. Espera-se que as atividades pedagógicas, desenvolvidas numa visão transversal, interdisciplinar e contextualizada, promovam uma sensibilização dos envolvidos no processo, sinalizando para uma transformação no viver e fazer em relação a problemática ambiental da cidade do Recife.

METODOLOGIA:
A Escola Ambiental Águas do Capibaribe tem como instrumento principal uma embarcação do tipo catamarã, com capacidade para 63 pessoas, que funciona como uma sala de aula flutuante. Diariamente são realizadas duas incursões pedagógicas, no baixo estuário do rio Capibaribe ou na Bacia do Pina, sendo o roteiro definido em função das variações da maré. Durante as incursões acontece uma prática pedagógica de cunho interdisciplinar e transversal, que transcende o espaço físico da sala de aula, estimulando a contextualização de forma crítica e reflexiva, a partir de estratégias que facilitam e estimulam a observação e percepção do grupo (estudantes e educadores da rede municipal de ensino e participantes de outras instituições). A questão ambiental local é problematizada através de questionamentos provocativos, voltados para os participantes, a partir dos quais, promove-se uma sensibilização. São discutidas algumas informações sobre os impactos observados, principalmente àqueles relacionados com o descarte de resíduos sólidos e recebimento de efluentes, noções de consumo sustentável e adoção de novos hábitos simples, mas eficazes para o meio ambiente.

RESULTADOS:
Ao longo de cinco anos de atuação, em educação ambiental formal, no espaço do ambiente estuarino, percebe-se que os educadores participantes, tornaram-se mais estimulados e atuantes para realização de projetos e outras atividades interdisciplinares que abordam o tema transversal meio ambiente. Por conseqüência, vislumbra-se nos educandos uma preocupação com as questões ambientais percebidas in locu, no bairro de origem e na cidade do Recife, ampliando a visão de mundo. Além desses aspectos significativos, vêm ocorrendo uma interação positiva entre a EAAC com unidades de ensino do município e com outras instituições de ensino, Órgãos governamentais e não governamentais, relacionados com políticas públicas ambientais. Esta interação também é notada nas pessoas que compõem as comunidades tradicionais pertencentes à Unidade Ambiental das Águas. A Escola Ambiental já faz parte da paisagem e do cotidiano de pescadores e pescadeiras, o que é percebido através de acenos e da exposição do pescado, fruto do trabalho, sendo referenciados como componente didático durante as aulas. Durante a incursão pedagógica o participante constrói um novo olhar para a cidade, (re)descobrindo valores, fortalecendo sua identidade cidadã. Isto é possível graças à dinâmica facilitadora das aulas, onde se vivencia os três eixos da educação ambiental: observar, refletir e agir.

CONCLUSÕES:
Durante o período de atuação aqui relatado foi promovida uma educação ambiental formal a bordo da Escola Ambiental, tendo como fio condutor as águas do Recife, respaldado nas atividades das comunidades, identificando as águas como facilitadoras das práticas de subsistência dessas pessoas, reconhecendo a importância ecológica, histórica e cultural do ecossistema aquático. O processo de formação continuada dos educadores foi facilitado através da intervenção dos professores atuantes no barco escola em encontros pedagógicos, contribuindo com estudos e pesquisas. Com as atividades pedagógicas desenvolvidas na escola ambiental, promove-se uma sensibilização dos envolvidos no processo, sinalizando para uma transformação no viver e fazer em relação à problemática ambiental, fortalecendo os laços afetivos dos envolvidos, com a cidade do Recife. E finalmente, quando se faz educação ambiental de forma participativa, formam-se cidadãos reflexivos e críticos, promove-se melhoria do processo de ensino aprendizagem e consequentemente qualidade de vida.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Educação Ambiental, Transversalidade, Interdisciplinaridade

E-mail para contato: macoelhos@hotmail.com