60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

A EPISTEMOLOGIA DE DENNETT E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

Carlos Henrique Nascimento1
Evandro Ghedin2
Manuel do Carmo2

1. Mestrando em ensino de ciências da Amazônia - UEA
2. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação e Ensino de Ciências – UEA.


INTRODUÇÃO:
A epistemologia proposta por Dennett sugere uma estrutura capaz de abrigar distintas “criaturas” evolutivas chamada de Torre de Gerar e Testar. As criaturas darwinianas, skinnerianas, popperianas e gregorianas. As ações adotadas pelas criaturas para interagir com o ambiente são conhecidas como Posturas de Predições. Qualquer fenômeno natural que aconteça pode ser explicado pela postura física desde que se tenha conhecimento sobre as leis da natureza; A postura de projeto é a maneira mais comum, “cega” e rápida para predizermos algo e; A postura intencional não importa como algo foi feito para funcionar, desde que o vejamos como projetado para funcionar de forma racional, extremamente inteligente. Considerando a episteme Dennettiana, nossa intencionalidade parte da busca de uma resposta a seguinte questão. Quais seriam as implicações das idéias de Dennett para o Ensino de Ciências? Poderíamos seguir por um caminho óbvio, discutindo os embates científicos entre Ciência e Religião; As idéias de Darwin e as Teorias Evolutivas; Mudança conceitual e as Memes e; Por fim, Evolução da mente e os Métodos de Aprendizagem. E qual será o tópico que desenvolveremos? As Posturas de Predições (Física, Projeto e Intencional) e as explicações dos Professores de Biologia do Ensino Médio.

METODOLOGIA:
O tipo de estudo é uma abordagem qualitativa descritiva, onde o objetivo é conhecer as explicações científicas dos Professores de Biologia, comparando-as com as Posturas de Predições discutidas nas obras de Dennett. A pesquisa realizou-se em um Escola de Tempo Integral da Rede Pública de Ensino Estadual na Cidade de Manaus, Amazonas. Envolvendo 12 professores como sujeitos da pesquisa que se constituíram em fontes de informações. Os crítérios de seleção são o componente curricular de Biologia e o nível da Educação Básica do Ensino Médio. A coleta de dados se deu através de entrevistas abertas a partir de um roteiro com perguntas sobre a concepção alternativa de célula humana. As entrevistas ocorreram no mês de Janeiro de 2008 nos turnos matutino, vespertino e noturno. A análise dos dados consistiu na semântica das falas dos professores e a classificação segundo as predições descritas em Dennett. O anonimato e a codificação dos entrevistados são preservados de acordo com os principios éticos da pesquisa.

RESULTADOS:
Os entrevistados ao descreverem a célula adotaram uma postura física e funcionalista. Notou-se nas concepções observadas um fisicalismo reducionista. “Contém” para descrever uma “Estrutura imutável” e; “Unidade” como propriedade estrutural comum a todos os seres vivos. A noção errônea de que as células evoluíram para funções específicas é constante, como se os eucariontes não tivessem evoluídos de relações simbiontes. O estruturalismo e funcionalismo nas explicações podem ser frutos de inúmeros aspectos: formação, senso comum, memorização e replicação de conceitos. As entrevistas revelaram uma influência fisicalista, estruturalista e funcionalista sobre os conceitos e explicações dos professores em sua prática. Talvez se tratássemos os conteúdos e os nossos educandos como objetos intencionais, adotando a postura intencional poderíamos predizer com mais segurança, como suas crenças e desejos influenciam a aprendizagem de conceitos científicos. Propondo situações-problemas em que pudéssemos identificar essas influências e melhorando o processo de ensino e aprendizagem de Ciências. O uso da postura intencional como método de ensino, exige um estudo mais abrangente para que possamos projetar situações intencionais de ensino analisando as hipóteses nulas e rivais.

CONCLUSÕES:
Os argumentos de Dennett quanto à natureza das propriedades de nível superior, aliada aos conhecimentos que a engenharia genética nos dispõe, fundamenta um cenário além do res cogitans e res extensa de Descartes. Desafiando a opacidade transparente dos quais refutam sua teoria, alegando propriedades intrínsecas e uniloci da consciência. Sua peculiaridade retórica seduz os leigos e convida os eruditos a reflexões críticas naturais aos fenômenos físicos. Rupturas paradigmáticas sugeridas são desprovidas de reducionismo ganancioso, pois suas intenções, na melhor das hipóteses, são disponibilizar alternativas para questões clássicas do pensamento filosófico. A necessidade de adotarmos posturas de predições nos levando ao exame do conteúdo mental e ao acesso privilegiado das nossas mentes é a autonomia necessária para a tomada de decisões que não implique na replicação dogmática de pensamento. Lições exaustivas de olharmos o transparente e acessível, analisando, questionando e problematizando as hipóteses possíveis, levam-nos ao pensamento sistematizado, crítico e refutável da natureza científica, contribuindo para reflexividade docente no Ensino de Ciências, melhorando o processo de construção apurado das explicações dos conteúdos em sala de aula.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Dennett, Epistemologia, Ensino de Ciências

E-mail para contato: chsurvivor@hotmail.com