F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 80. Serviço Social
ROUBARAM MEU AMBIENTE: DISCRIMINAÇÃO CONTRA OS POVOS INDÍGENAS NO MUNICÍPIO DE CACOAL
Dulce Teresinha Heineck1 Rafaela Maia Gomes1 Juscicleide Araujo1 José Carlos Pereira dos Santos1 Nubia Daiane Fernandes Vargas1 Ana Paula Morais dos Santos1
1. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná/CEULJI/ULBRA
INTRODUÇÃO:O curso de Serviço Social do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná vem atuando no atendimento à população indígena em situação de risco social no município de Cacoal/RO. A pesquisa realizada é resultante do projeto: Discriminação e Preconceito Contra os Povos Indígenas no município de Cacoal. Segundo Moura (1996), a discriminação nos chega pelos dominadores ocidentais de que os povos devem praticar a cultura por eles introduzida, sem levar em conta que todos têm o direito de viver a sua vida, o seu modo de ser e de ver o mundo de forma diferente. A pesquisa objetiva mostrar que a diversidade cultural enriquece as relações sociais e, nesse sentido, a cultura indígena deve ser preservada e respeitada e, ao mesmo tempo, incentivar o povo indígena a preservar sua cultura.METODOLOGIA:O conjunto de métodos, técnicas e procedimentos nos conduzem a um processo contínuo de reflexão, leituras, construção e desconstrução até chegarmos à escolha adequada do caminho a percorrer para a coleta e análise dos dados. A população, com a qual nós, profissionais e acadêmicos da área de Serviço Social trabalhamos, é de pessoas já destituídas de seus direitos, não respeitadas em suas diferenças ideológicas e em suas especificidades, singularidades. Nesse sentido, não poderíamos optar por outra metodologia a não ser a participativa. A pesquisa ocorreu de forma natural, tendo os pesquisadores se utilizado da participação dos povos nas discussões das temáticas e diálogos informais nos grupos de conversação (anotações em diário de campo e relatórios) para a coleta dos dados. Para a análise dos dados utilizou-se de metodologias qualitativas, por estas permitirem o uso das falas dos participantes na construção do conhecimento.RESULTADOS:Nas pesquisas nas aldeias observa-se que a etnia vem sendo afetada diretamente por madeireiros que extraem o produto de suas matas e nem se quer pagam o preço justo, além de destruírem a natureza, levando à extinção da caça e da pesca. Há também o fator de discriminação em relação aos atendimentos. Quando vão à procura de atendimento na saúde recorrem a auxílio de terceiros, pois não sabem a quem procurar para receber tal benefício. Assim, reclamam da discriminação manifestada pela recepcionista, que deixa o fichário do índio engavetado, enquanto o não índio passa à frente no atendimento. Em uma entrevista com um dos Caciques, ele diz que há discriminação até no supermercado: O homem branco que trabalha lá falou que índio não deve ir fazer compra, porque índio não trabalha, e quem paga para índio comer são os impostos de branco, e que índio tem que viver no mato. Em um diálogo com um dos jovens, ele diz: que estava no centro de Cacoal e um não índio falou: índio tem vida boa, não faz nada, e tem direito. Observou-se na fala dos índios da etnia Suruí, a discriminação do não índio diante da cultura dos indígenas. Essa discriminação é percebida por eles e por nós. É insatisfatório o atendimento nos hospitais, nas escolas, e nas atitudes de cada ser, individualmente.CONCLUSÕES:Os povos indígenas vêm sendo discriminados no dia-a-dia. Nas pesquisas fica evidenciado que a falta de política pública, e proteção aos povos indígenas acarretará, em curto prazo, a total perda da cultura e, até mesmo a extinção desses povos. Como assistentes sociais pesquisadoras e atuantes na realidade do estado nos sentimos na responsabilidade de desvendar esse cotidiano vivido pela etnia Suruí e poder auxiliá-los no resgate dessa proteção tanto de seu habitat quanto da cultura objetivando a sobrevivência. Um dos caciques relata que: gostaria de entender melhor a Lei, para saber se o branco é diferente do índio em questão de direitos porque às vezes não são considerados cidadãos como um branco. E o outro destaca: é importante fazer o resgate da cultura, pois se algum outro lugar índio fala de índio a gente fica com vergonha porque não sabe da história do índio.Eles destacam ainda que precisam estudar para poder buscar defesa contra a discriminação. Tendo estudo fica mais fácil entender o que é certo e o que é errado na Lei do branco e do Índio.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: Discriminação, Questão Indígena, Serviço Social
E-mail para contato: servicosocialjp@ulbra.br
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