60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, COMPLEXIDADE E PROJETOS INTERDISCIPLINARES

Evelyn Maia de Araújo1, 2
Kelciane da Rocha Ramos1, 3
Elizabeth da Conceição Santos1, 4

1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
2. Graduanda do Curso Normal Superior / UEA
3. Graduanda do Curso de Pedagogia / UEA
4. Orientadora Profa. Dra. da Universidade do Estado do Amazonas


INTRODUÇÃO:
Apesar de ampla discussão no cenário atual, percebemos que as acepções a respeito das problemáticas ambientais restringem-se ao ecologismo natural, retirando-se assim os aspectos basilares que consistem em questionar a ética, a moral e os valores que constituem a nossa sociedade. O paradigma cientifico cartesiano que determina verticalmente a compreensão do mundo e das coisas tem sua parcela de culpa referente a essa crise de civilização, à medida que fragmenta a realidade, buscando entender cada vez mais de cada vez menos, impossibilitando o retorno às estruturas maiores, porque o conhecimento do todo não é integralmente compreendido sem as partes e a sentença inversa também é verdadeira. “A crise ambiental e a crise do saber surgem como acumulação de “externalidades” do desenvolvimento do conhecimento e do crescimento econômico”. (LEFF, 2003, p.19). E para superar esses problemas é que a Educação Ambiental ganha forma, quando se propõe a formar cidadãos comprometidos com valores que visem o bem estar de todos, numa perspectiva de suplantar os problemas advindos do próprio homem que se vê superior ao mundo natural e ao outro. Convencionalmente a Educação Ambiental deve ser realizada na escola através do trabalho com os temas transversais, como indicam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), porém, percebemos que essas ações ainda são tímidas ou inexistentes no âmbito educacional. E é nesse contexto que este trabalho se insere, na perspectivas de analisar a problemática ambiental e apontar alternativas viáveis como o trabalho com Projetos Interdisciplinares para que a Educação Ambiental se efetive com a inteireza de seus objetivos.

METODOLOGIA:
A pesquisa caracteriza como qualitativa, de cunho bibliográfico e documental. Estabelecida no tripé: Educação Ambiental, Complexidade e Projetos Interdisciplinares, pretende construir um marco referencial de sustentação teórica para a prática nas escolas atendendo as recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A metodologia constitui-se ainda de reflexões epistemológicas tendo como obras fundamentais os estudos de Edgar Morin e Enrique Leff para a definição de ações de Educação Ambiental assentados no Paradigma da Complexidade para a construção da Transversalidade como alternativa para Interdisciplinaridade na busca da consolidação da Transdisciplinaridade.

RESULTADOS:
Entender a crise é não descartar a visão complexa, pois ela se apresenta com características próprias e graves em cada um dos problemas. O paradigma Antropocêntrico, associado ao positivismo, contribuiu para que as formações dos profissionais consolidem uma visão de mundo imediatista, sem projeções futuras de garantia de vida no planeta. Torna-se necessário repensar os velhos paradigmas que dizem respeito ao meio ambiente e as práticas relacionadas a ele, visando uma maior complexidade em relação às questões ambientais. “O pensamento complexo é animado por uma tensão permanente entre a aspiração a um saber não parcelado, não fechado, não redutor e o conhecimento do inacabado, da incompletude de todo o conhecimento” (MORIN apud SANTOS, 2002, p.5). O que se observa é que talvez não existam modelos perfeitamente articulados para conduzir a um novo modo de compreender o fenômeno e as relações da vida do homem e de seu meio; mas deixar claro que o velho paradigma vem conduzindo à sociedade a uma crise em todo planeta e que, a partir de suas propostas, se faz impossível encontrar soluções cabíveis para esta crise. Nesse sentido, é mister pensarmos numa educação que procure romper com esses dogmas, na tentativa de se modificar esse paradigma, acenando para um novo olhar das relações estabelecidas entre civilizações e do homem com a natureza. “Nesse cenário, o papel a ser desempenhado pela educação é de indubitável centralidade. Cada vez que somos tentados a afirmar ter ela perdido toda importância nessa nossa sociedade determinada pelo mercado, estamos como tateando a verdade, sem tocar nela de fato” (LEROY; PACHECO, 2006, p.33).

CONCLUSÕES:
As questões ambientais envolvem uma grande complexidade que clamam por novos olhares, enfoques e metodologias para serem aplicadas no contexto escolar. Assim, a construção de novas tecnologias que possam dar ao menos parte dessa resposta devem ser incentivadas, ao passo de não somente solucionarmos o caos instaurado, contudo, transformamos a realidade e os seres pensantes da sociedade. Dessa forma, a Metodologia de Projetos Interdisciplinares configura-se como possibilidade para atender as questões acima levantadas, ultrapassando a perspectiva de ensino fragmentado, cumulativo, enciclopedista próprios do conhecimento disciplinar que segundo Martins (2001, p.39), pode ser entendida como “(...) interrogar reconstrutivo, quer dizer, a passagem do aluno passivo, receptor apenas, para o papel de sujeito participativo e operante no desenvolvimento de seu conhecimento (...)”. Indo muito além dos caminhos pré-definidos, buscando a pluralidade de alternativas que ao mesmo tempo podem se complementar e se mostrarem divergentes, o que exigirá do educando compreensão, reflexão e criticidade para discernir e selecionar as melhores soluções, considerando os inúmeros fatores constituintes do problema levantado. Dessa forma se faz necessário que os Projetos Interdisplinares sejam incorporados pelas escolas com a finalidade de ampliar os conhecimentos que outrora fora verticalizado sem se preocupar com visão complexa, porque a interdisciplinaridade pretende “(...) horizontalizar a verticalização, para que a visão complexa também seja profunda, e verticalizar a horizontalização para que a visão profunda também seja complexa” (DEMO, 1997, p. 88).

Instituição de fomento: FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO AMAZONAS / FAPEAM

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Educação Ambiental, Complexidade, Projetos Interdisciplinares

E-mail para contato: eva_normal@yahoo.com.br