60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina

RUPTURA AGUDA DO LIGAMENTO PATELAR. ANÁLISE SECUNDÁRIA DE DADOS, INCLUINDO CASUÍSTICA PESSOAL.

Karla Ayres Mendes do Nascimento1
Edson Pereira Torres1
Brígida Lauana de Medeiros Macêdo1
Valter José da Silva Costa1
Giovannini Cesar Abrantes Lima de Figueiredo2

1. Graduandos do 7º período do curso de Fisioterapia da UEPB
2. Prof. Dr. - departamento de fisioterapia - UEPB - orientador


INTRODUÇÃO:
A ruptura do ligamento patelar é uma lesão séria e incapacitante, sendo a terceira mais comum lesão do mecanismo extensor do joelho, atrás apenas da fratura da patela e da ruptura do tendão do quadríceps. O pico de incidência desta lesão ocorre nas terceira e quarta décadas de vida e é seis vezes mais comum nos homens do que nas mulheres. Em pacientes jovens, a ruptura do tendão patelar é resultado de trauma de grande esforço ou microtraumas cumulativos, enquanto que em pacientes idosos está relacionada a alterações degenerativas próprias da idade. Esta lesão também está associada a doenças sistêmicas como artrite reumatóide, lupus eritemasoso sistêmico, entre outras. A ruptura iatrogênica do ligamento patelar tem sido descrita como complicação da artroplastia do joelho e injeções de corticosteróides. Para a reabilitação pós-operatória destas lesões, alguns autores relataram de 70% a 96% excelentes resultados (critério de Kelly) da reabilitação seguindo a imobilização do joelho, enquanto outros autores descreveram 80% de ganho total da amplitude articular do joelho com a mobilização precoce. No entanto, nenhum estudo comparou diretamente os resultados da reabilitação seguindo a imobilização com a mobilização precoce.

METODOLOGIA:
Este estudo é uma revisão sistemática, com análise secundária de dados, de casos comprovados de ruptura completa do ligamento patelar, recuperados dos bancos de dados eletrônicos MEDLINE, EMBASE e LILACS, e da busca ativa das referências desses artigos, entre 1966 e 2004. Todos os casos descritos nos idiomas português, espanhol, italiano, francês e inglês foram incluídos. Foram excluídos os casos de ruptura parcial, após artroplastias e em áreas doadoras de enxerto. Os relatos foram examinados, os dados bibliométricos, clínicos e terapêuticos sendo registrados em um formulário de sistematização criado previamente para esse fim. A qualidade dos relatos publicados foi monitorada, seguindo o modelo advogado por Figueiredo e Tavares-Neto. Os dados clínico-terapêuticos foram avaliados de forma descritiva e comparativa. Para as variáveis nominais foi utilizado o χ2 de Pearson, corrigido por Yates ou pelo teste exato de Fisher. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para as variáveis contínuas sem distribuição normal. Para testar a influência de covariadas para um evento foi utilizado teste de regressão logística multinomial.

RESULTADOS:
Dos 304 relatos que continham a informação, 78,3% eram do sexo masculino e 21,7%, do feminino, com idades variando entre 09 e 77 anos. Foram acometidos 52,2% joelhos do lado direito e 47,8% do lado esquerdo. O evento que provocou a lesão com maior freqüência foi a prática de atividades esportivas (40,5%), entre elas o basquetebol (34%) e o futebol (12,3%). Dos casos com clara notificação, 74,3% eram sadios. O lupus eritematoso e a corticoterapia sistêmica foram os fatores de associação mais comuns. O tratamento cirúrgico foi indicado em 99,3% dos casos. O tempo decorrido entre o evento da lesão até o tratamento cirúrgico variou de 0 dia até 39 anos. A ruptura aconteceu na inserção da patela em 73,7% dos relatos com este registro. A necessidade de utilização de material de implante artificial esteve relacionada ao reparo antes de 30 dias da lesão, ruptura na inserção patelar e ao grupo trauma/atividades do cotidiano, não estando relacionado à presença de fator de associação prévio e sexo. A imobilização pós-operatória foi realizada em 92,8% por um período médio de 6±2,7 semanas. O resultado funcional mostrou o grau de extensão final variando de 0 a 15, e flexão final variando de 60 a 160 graus. O tempo de seguimento, em 202 casos com registro, variou de dois a 131 meses.

CONCLUSÕES:
A utilização de dados previamente existentes para responder questões de estudos ou pesquisas científicas, oferece a rapidez e a eficiência, associados a um baixo custo, na elaboração da pesquisa. A analise secundária de dados pode fornecer dados relevantes para condutas médicas e fisioterapêuticas. Os dados levantados sobre a ruptura do ligamento patelar mostraram importantes informações deste tipo de lesão. Nosso estudo mostra que ainda existe uma grande incidência deste tipo de lesão entre homens em relação às mulheres. No entanto, muitos dados ainda são preliminares, necessitando de uma análise mais minuciosa das variáveis. É o que acontece quando comparamos o grau de amplitude alcançado após a recuperação usando a imobilização pós-operatória ou a mobilização. Não houve diferença significativa do resultado final para a extensão e flexão do joelho entre o grupo que utilizou imobilização e o grupo que não utilizou imobilização pós-operatória (teste de Mann-Whitney,). Entretanto, houve poucos casos onde se utilizou mobilização. Ainda é necessário verificar a relevância entre as doenças sistêmicas associadas à ruptura do ligamento patelar, bem como os esportes com maior incidência deste tipo de lesão, no que diz respeito à faixa etária e o sexo do indivíduo.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Ruptura, Ligamento, Patelar

E-mail para contato: fisio_ayres@yahoo.com.br