F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 1. Fundamentos do Planejamento Urbano e Regional
ACÚSTICA, UMA DIRETRIZ ARQUITETÔNICA: DESEMPENHO DA SALA DE AULA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
Caroline de Abreu Mateus1 Nádia Nimer Santos1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
INTRODUÇÃO:O conforto acústico é um dos componentes e ferramentas da arquitetura que subsidiam o desenvolvimento de um bom projeto e, por isso mesmo deve ser considerado como uma diretriz, desde a fase inicial.
Sabemos também que o comportamento acústico do ambiente escolar tem influência no aprendizado e desempenho intelectual dos estudantes, partindo deste pressuposto foi realizada a análise do desempenho acústico da sala de aula 70505, da unidade VII, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com o intuito de saber se seriam necessárias intervenções ou não no espaço físico oferecido pela instituição.METODOLOGIA:Uma importante medida acústica chamada Tempo de Reverberação (RT ou RT60) é usada para determinar quão rapidamente o som decai no ambiente, ele depende do volume físico e dos materiais das superfícies de uma sala.
Existem duas maneiras de diminuir o RT: aumentar a absorção do som, ou reduzir o volume do ambiente. Considerando ambientes já construídos, esta última se torna inviável para a maioria dos casos.
Nesta análise, foram feitos levantamentos e estudos rigorosos dos objetos e os materiais que revestem as superfícies expostas existentes no recinto. Os cálculos foram realizados levando em conta duas situações hipotéticas, a primeira de que a sala estivesse com ocupação máxima (41 alunos) e a segunda considerando uma ocupação de aproximadamente 50% (20 alunos).
Partimos da premissa de que RT para salas de aula devem ser de 0,4 - 0,6 segundos (Seep, 2002). E para nível de comparação foi contabilizado o desempenho acústico do ambiente para as freqüências de 125, 500 e 2000 hz(Souza, 2003, pág. 137). Todas as informações obtidas no levantamento foram inseridas em uma planilha, onde foi descrita a superfície de contato de todos os materiais em área, juntamente com seu desempenho para cada freqüência adotada.RESULTADOS:A partir de um levantamento preciso foram constatados os seguintes materiais e suas áreas: 41 cadeiras fórmicas, 1 cadeira de couro, piso cerâmico (55,92m²), parede de alvenaria rebocada e caiada (63,43 m²), vigas de concreto despejado sem pintura (13,32 m²), 1 porta de madeira compensada pintada a óleo, 6 janelas com vidro simples, 1 quadro negro (5,44 m²), faixa decorativa de madeira envernizada (4,19 m²) e teto em laje rebocada e caiada (54,12 m²).
Utilizando a equação de Sabine (RT(60)= 0,16*V/ΣS*α (s)) constatamos que, no primeiro caso (41 alunos) o RT(60) foi de: para a freqüência de 125hz, obtivemos um tempo de 1,2 segundos; para 500hz, 0,88s; e para 2000hz, 0,78 s. No segundo caso (20 alunos), o RT(60) foi de: 1,52 s para a freqüência de 125 hz; 1,19s para 500hz; e 1,06s para 2000 hz. Sendo assim, o tempo de reverberação está excessivo em ambas as situações e freqüências.CONCLUSÕES:A sala analisada não possui uma boa acústica, pois em geral, o tempo de reverberação é excessivo, assim, faz-se necessário o uso de materiais absorventes a fim de minimizar as reflexões das ondas sonoras e melhorar a inteligibilidade. Para alcançar esse objetivo devem-se utilizar materiais leves e de poros abertos.
Para melhoria da condição da sala, foi proposto o revestimento do teto, em laje rebocada e caiada, com placas de eucatex isolante. Para tal modificação obtivemos os seguintes resultados: sala com ocupação máxima, T(125)= 0,92 s, T(500)= 0,57 s e T(2000)= 0,43 s e para sala com ocupação média, tempo ideal para ambas as hipóteses.
Foi ainda feito análises com outros materiais, como por exemplo, a cortiça, que tem um baixo custo, porém não obtivemos sucesso, já que o RT da sala, mesmo com o revestimento de cortiça em três paredes continuava acima do ideal.
Palavras-chave: Acústica, Tempo de Reverberação
E-mail para contato: carolabreu_au@hotmail.com
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