60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada

A ESCRITA NA SALA DE AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL

Ângela Francine Fuza1
Renilson José Menegassi2

1. Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Letras - UEM
2. Professor Orientador - UEM


INTRODUÇÃO:
Nas escolas atuais de Ensino Fundamental, geralmente, as abordagens que embasam o ensino e a aprendizagem da língua materna amparam-se em uma concepção interacionista de linguagem que vê o aluno como sujeito do seu discurso. Todavia, muitos pesquisadores afirmam que, embora existam essas teorias, os professores não as traduzem em suas práticas (MENEGASSI, 2005), fazendo com que haja uma homogeneização da escrita em sala de aula. A partir desse pressuposto, esta pesquisa, vinculada ao projeto maior “A escrita e o professor: interações no ensino e aprendizagem de línguas” (Processo 0418/04-UEM), teve o propósito de verificar se as teorias de leitura e produção textual estão chegando à sala de aula da 3ª série do Ensino Fundamental. Para tal, foram analisados os elementos que propiciam o ensino e a aprendizagem da escrita: material didático; as aulas do professor e a produção textual dos estudantes, a fim de observar se as teorias estão presentes na prática.

METODOLOGIA:
Com o intuito de verificar se as abordagens a respeito de leitura e produção de texto estão sendo implantadas e efetivadas na sala de aula do Ensino Fundamental, a pesquisa fez a escolha de uma escola da região de Maringá PR, que possibilitou a observação das aulas de leitura e de produção textual da 3ª série do Ensino Fundamental. Nesta série, os alunos já estão com o processo de conhecimento do alfabeto internalizado, iniciando o desenvolvimento da leitura e produção de texto mais independentemente. Para tanto, os procedimentos de coleta dos registros foram: a) observação em sala de aula, num período correspondente a dois meses; b) acompanhamento das aulas com anotações em diário de campo; c) observação das atividades exclusivas que envolvam leitura e a produção de um texto específico, um procedimento completo de escrita (leitura, preparação da produção textual, construção do texto, revisão, reescrita); d) recolhimento do material utilizado no procedimento coletado, incluindo-se o material didático, como textos de leitura, e as versões produzidas pelos alunos, com os apontamentos do professor e a reescrita dos alunos. As análises do material coletado abordaram: a) descrição dos procedimentos de leitura; b) descrição dos procedimentos de produção textual; c) identificação das características propostas pela teoria que subsidia o projeto nos procedimentos descritos.

RESULTADOS:
Os resultados demonstram que, embora haja uma pré-disposição para um trabalho interativo, com base na perspectiva sócio-histórica de ensino e aprendizagem de leitura e de produção de texto, o que se observa é que a leitura foi trabalhada artificialmente, não possibilitando sua internalização, uma vez que a atividade foi realizada com a finalidade de ler para realizar a seção de interpretação oral. Sendo assim, no momento da escrita, os estudantes viram no texto de apoio um modelo a ser seguido, fazendo com que a autoria fosse difusa, haja vista que a produção, em sua maioria, foi constituída pelo discurso do texto entregue pela professora e não pelas idéias dos alunos. Desse modo, constata-se que, de modo geral, as aulas se caracterizaram por um ensino e uma aprendizagem da leitura e da escrita para a escola.

CONCLUSÕES:
As observações e as análises das aulas não foram realizadas com o intuito de apontar as incoerências e os pontos positivos das aulas de leitura e produção textual. Desejava-se verificar o modo como essas atividades eram desenvolvidas em sala, a fim de promover a reflexão sobre o processo de ensino a aprendizagem da leitura e da escrita, vistos por Vygotsky (1988) como funções superiores que requerem ensino, aprendizagem e a prática do que foi ensinado. Desse modo, dentro dos limites a que esta pesquisa se restringiu, espera-se que tenha colaborado para uma compreensão mais ampla do processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. É fundamental que os educadores tenham consciência da importância de se possibilitar uma prática de ensino baseada em uma concepção interacionista de ensino, uma vez que promove o desenvolvimento de um aluno crítico, capaz de ler e produzir ativamente. Além disso, espera-se que as análises e as reflexões apresentadas contribuam, no momento de elaboração das aulas, fazendo com que o professor reflita sobre o que será ensinado, verificando as atividades do livro didático, a metodologia que empregará e a sala de aula que ensinará.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Escrita, Internalização, Ensino fundamental

E-mail para contato: angelafuza@hotmail.com