60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal

AVALIAÇÃO QUÍMICA DO FENO DO TERÇO SUPERIOR DA PARTE AÉREA DA MANDIOCA OBTIDO EM DIFERENTES IDADES DE CORTE1

Thiago Batista Almeida2
José Nunes Irmão3
Mauro Pereira de Figueiredo4
Joel Queiroga Ferreira5
Antonio Carlos Souza Silva2
Anderson Santos Pinto2

1. Projeto Financiado pela FAPESB
2. Graduando em Engenharia Agronômica UESB, Bolsista IC-FAPESB
3. Eng.º Agr.º EBDA, Mestre em Agronomia pela UESB
4. Prof. Dr. Pleno - DFZ - UESB - Orientador
5. Prof. Dr. Titular - DFZ - UESB


INTRODUÇÃO:
Mais de 80 países cultivam mandioca, sendo o Brasil o segundo maior produtor mundial. Entretanto, é um alimento ainda pouco estudado (EMBRAPA, 2006) notadamente em relação à sua utilização na alimentação de ruminantes. A Bahia tem sido nos últimos anos o segundo maior produtor de mandioca do Brasil, com produção estimada para o ano de 2005 em mais de 4,4 milhões de toneladas, superada apenas pelo Pará, com 4,84 milhões de toneladas. Cerca de 13 municípios localizados na região sudoeste da Bahia, são destaque no cenário da produção estadual, respondendo por 9,8% da produção em 2004, o equivalente a aproximadamente 407 mil toneladas, produção superior a alguns Estados da Federação (IBGE, 2006). A colheita e o processamento da mandioca para a fabricação de farinha e fécula geram também muitos resíduos agrícolas. Cerca de 90% da parte aérea disponível na ocasião da colheita não é reutilizada para o novo plantio, podendo esta, ser desidratada e aproveitada como componente na alimentação animal. A colheita da mandioca se intensifica tradicionalmente na época da seca, em que a disponibilidade da parte aérea da mandioca (PAM) coincide com a menor oferta de alimentos volumosos para os ruminantes. A preservação desta PAM na forma de feno é interessante porque a baixa pluviosidade propicia condições favoráveis à fenação do material. O objetivo deste trabalho foi obter informações a respeito da composição química do feno da PAM, preparado a partir de cultivos com idades de 14, 16 e 18 meses após o plantio.

METODOLOGIA:
O ensaio foi conduzido na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, e as análises químicas no Laboratório de Nutrição Animal, em Vitória da Conquista – BA. Na instalação do experimento no campo, o solo foi arado e gradeado e, em seguida, os sulcos, espaçados de um metro. As manivas utilizadas no plantio foram obtidas de plantas sadias e plantadas logo após a colheita, distribuídas a cada 60 cm dentro dos sulcos. A variedade utilizada foi a conhecida localmente como Coqueiro. As parcelas, com 36 m2 foram formadas por 60 plantas, das quais 26 localizadas no centro da parcela, consideradas úteis. A partir do material coletado nas idades de 14, 16 e 18 meses, foi preparado o feno do terço superior da PAM de acordo com a metodologia descrita por Carvalho e Almeida (1997). Foram analisados os teores percentuais de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e cinzas (MM) e seguindo recomendações da AOAC (1980). O experimento foi instalado em um delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições e três tratamentos, formados pelas diferentes épocas de colheita (14,16 e 18 meses). As médias foram comparadas entre si por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS:
Os teores da MS do feno da PAM variaram de 91,0 a 87,2% nos 14 a 18 MAP. Verificou-se diferença significativa para 16 e 18 MAP, em relação aos 14 MAP. Figueiredo e outros (2006) analisando o feno da PAM encontraram valores de MS da ordem de 88,80%. Os teores da MO variaram de 82,0 a 92,1%, apresentando diferença significativa ao nível de 5% entre os resultados de 14 e 16 com o de 18 MAP. Aos 14 MAP foram encontrados valores médios de 20,2% de PB, que diferiu significativamente aos obtidos aos 18 MAP (19,1%; P<0,05) indicando uma tendência de diminuição no percentual de PB com o aumento da idade da planta. Os resultados da PB apresentaram diferenças significativas (P<0,05) aos 18 MAP (19,1 %) em relação à idade de 14 e 16 MAP (20,2 e 22,4%, respectivamente). Os resultados da FDN apresentaram diferenças significativas (P<0,05) aos 18 meses em relação às médias para os 14 e 16 MAP. O seu maior valor foi verificado aos 18 MAP e o menor aos 14 MAP (65,9 e 51,7%), respectivamente. Figueiredo e outros (2006) trabalhando com feno da PAM encontraram valores médios de 54,76% de FDN. Os resultados da FDA foram significativamente maiores (P< 0,05) aos 18 MAP (50,6%) quando confrontados com os encontrados no feno da PAM nas menores idades. Os valores da MM do feno da PAM variaram de 7,9 até 18,1% (16 e 18 MAP, respectivamente). Houveram diferenças significativas aos 18 MAP em relação às demais idades. Carvalho e outros (2006) e Figueiredo e outros (2006) analisando o feno da PAM encontraram valores médios para a MM de 14,64 e 5,50%, respectivamente.

CONCLUSÕES:
A composição química do feno da PAM obtido aos 18 meses após o plantio apresentou-se inferior às encontradas nas idades de 14 e 16 meses.

Instituição de fomento: FAPESB – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  alimentos volumosos, forragens conservadas, ruminantes

E-mail para contato: thibalmeida@gmail.com