60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade

PRIMEIRO RELATO DE PHAEORAMULARIA TABEBUIAE J.J. MUCHOVEJ & F.A. FERREIRA EM IPÊ-AMARELO (TABEBUIA SERRATIFOLIA NICHOLS.) (BIGNONIACEAE) NO ESTADO DO PARÁ.

Javier Dias Pita1
Paulo Cézar das Mercês Santos1
Francisco Carlos de Oliveira1
Sueny Kelly Santos de França1
Iolanda Maria Soares Reis1
Suelen Naiara Rosa dos Anjos1

1. Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA.


INTRODUÇÃO:
O ipê-amarelo, conhecido pelo nome botânico Tabebuia serratifolia (Vahl) Nicholson, é denominado vulgarmente no Estado do Pará como pau-d’arco-amarelo, ipê-do-cerrado e opa. É uma espécie arbórea pertencente à família Bignoniaceae, encontrada em quase todo o território nacional, com uma altura variando de 8 a 20 m, possui folhas compostas, folíolos glabros ou pubescentes, de 6-17 cm de comprimento por 3-7 cm de largura. A madeira é utilizada nas construções pesadas e estruturas externas, tanto civis como navais, como quilhas de navios, pontes, dormente, postes, para tacos e tábuas de assoalho, etc. A árvore é extremamente bela quando com flor, o que é facilmente notado na floresta amazônica durante sobrevôo. É excelente para o paisagismo em geral, o que já vem sendo largamente utilizado. A literatura relata uma vasta gama de informações sobre fungos fitopatogênicos presentes em inúmeras espécies florestais na Amazônia, já que as condições ambientais na região são favoráveis durante a maior parte do ano, como longos períodos de chuvas e temperaturas quentes. No ipê já foi descrita diversas doenças, como mancha de Corynespora cassiicola, mancha escura (Romidium tabebuiae), ferrugem (Prospodium bicolor), crosta marrom (.Apiosphaeria guaranitica), oídios (Oidium sp.), podridão basal (Sclerotium rolfsii), além da ocorrência de nematóides. Este trabalho tem o objetivo de identificar o agente etiológico de manchas foliares em ipê-amarelo no Estado do Pará.

METODOLOGIA:
Em Belém do Pará, nos meses de janeiro e fevereiro de 2008, no campus da Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA foram observadas lesões foliares em planta ipê-amarelo. As manchas mostraram-se irregulares, circulares e em número variável por limbo maduro ou velho. A sintomatologia marcante das manchas manifesta-se na superfície inferior. Nos limites com o limbo sadio, as manchas são contornadas por halo periférico marrom-escuro. O coalescimento destas pode provocar seca do limbo foliar e, consequentemente, a desfolha nas plantas. O isolamento do fungo deu-se no Laboratório de Fitopatologia da referida universidade, onde fragmentos de tecido foliar, retirados da região de transição entre a parte necrosada e sadia, foram lavados por 2 minutos em álcool 70% e, posteriormente, desinfestados com hipoclorito de sódio a 2%, durante um minuto. Os fragmentos foram lavados duas vezes em água destilada esterilizada (ADE) e plaqueados em meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar (BDA) + estreptomicina. Em seguida, incubados a 25 ± 2 ºC, sob fotoperíodo de 12 h/12 h (12 horas de claro seguido de 12 horas de escuro). Para o procedimento do teste de patogenicidade, folhas sadias foram inoculadas com estruturas do patógeno cultivado por sete dias em meio BDA, com a deposição de disco de micélio de 5 mm na face abaxial e adaxial das folhas, que foram mantidas sob condições de umidade saturada por 48 horas, após este período foram deixadas nas condições ambientais de laboratório.

RESULTADOS:
Nos isolamentos realizados a partir dos fragmentos de tecido infectado foram obtidas culturas de uma única espécie fúngica. As colônias caracterizaram-se por apresentar coloração cinza, com micélio aéreo de aspecto aveludado e cotonoso, onde apresentou conidióforos finos, de coloração marrom-oliváceo, septados, com 2,5-3 μm de diâmetro e 50 a 200 μm de comprimento e pequenos conídios, hialinos, com até três septos, retos a clavados. Os conídios medem de 6-34 × 2,5-3,0 μm. Considerando a morfologia exibida no cultivo, o referido fungo pertence à espécie Phaeoramularia tabebuiae J.J. Muchovej & F.A. Ferreira, cuja doença é conhecida pelo nome de mancha borrão, já que estas têm porção internas com tonalidades brancas, parecendo serem salpicadas por alguma sujeira, resultando desse sintoma a sugestão do referido nome para esta doença. As folhas inoculadas artificialmente com a deposição de disco de micélio apresentaram os primeiros sintomas cinco dias após a inoculação do patógeno e manifestaram sintomas semelhantes àqueles observados nos tecidos infectados naturalmente. O reisolamento do patógeno dos tecidos infectados, resultantes da inoculação artificial e o aparecimento dos sintomas, confirmaram ser P. tabebuiae o agente causal da doença mancha borrão nas folhas de ipê-amarelo, comprovando, dessa forma, os princípios dos postulados de Koch.

CONCLUSÕES:
O fungo P. tabebuiae é o agente etiológico da doença conhecida como mancha borrão em folhas de ipê-amarelo. Este trabalho constitui o primeiro relato do fungo em plantas de ipê-amarelo no Estado do Pará.



Palavras-chave:  essência florestal, doença, ipê-amarelo

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