60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 4. História e Filosofia da Ciência

ESCOLA TROPICALISTA BAIANA: REGISTROS DE UMA NOVA CIÊNCIA NA GAZETA MÉDICA DA BAHIA (1866 – 1889)

Adailton Ferreira dos Santos1, 2, 3
Márcia Helena Mendes Ferraz2, 4

1. Departamento de Educação, Campus I da Universidade de Estado da Bahia – UNEB
2. Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência / PUCSP
3. Mestre em História da Ciência
4. Prof. Dra. do Programa de História da Ciência - PUCSP


INTRODUÇÃO:
O presente estudo refere-se à Escola Tropicalista Baiana criada 1865, por um sete médicos, quais sejam; Dr. Otto Edward Henry Wucherer, Dr. John Ligertwood Paterson, Dr. Antonio Januário de Farias, Dr. Antonio José Alves, Dr. Ludgero Ferreira, Dr. Manoel Maria Pires Caldas e Dr. Antonio Pacífica Pereira médicos facultativos e opositores da medicina oficial praticada no império. Eles trabalham nos Hospitais Militares e nas Santas Casas da Misericórdia numa conjuntura complexa de epidemias e guerras, e de mudanças políticas-econômicas e científicas promovidas pelo Príncipe Regente com perspectivas de desenvolvimento do país. Também, convivem-se com disputas quanto ao direito da difusão e ensino das ciências naturais entre a recém-criada Faculdade de Medicina da Bahia e a Santa Casa da Misericórdia da Bahia, instituições que desenvolvem o conhecimento científico no império.

METODOLOGIA:
Nosso estudo considerou as preocupações e discussões dos trabalhos realizados por historiadores da ciência dos países iberos e ibero-americanos, como Ana Maria Alfoso-Goldfarb e Márcia Helena Mendes Ferraz que defendem uma metodologia própria capaz de pensar as ciências nessas regiões para além das narrativas históricas, mas construa uma história que possibilite a compreensão da realidade a partir de uma historiografia que permita estabelecer um território próprio para as ciências ibero-americanas ou trazidas até nós que, mesmo desligadas da principal vertente da ciência moderna, possa ser estudadas e avaliadas com a devida consideração que sua significação histórica entre nós reclama. Deste modo, analisamos documentações da época, particularmente, o periódico a Gazeta Medica da Bahia, além das Cartas dos Príncipes Regentes, da Coleção de Leis do Império, das Memórias e Atas da Faculdade de Medicina da Bahia e dos artigos de revistas especializadas e trabalhos de autores clássicos.

RESULTADOS:
Entendemos que no período compreendido entre 1866 a 1899 surge a Escola Tropicalista Baiana como uma nova comunidade científica com princípios e idéias originais à época, com novos métodos de pesquisas e ensino que identificam as doenças desconhecidas e, também, viabilizam meios inovadores de curas das enfermidades que acometem os homens livres e os escravos. Esses novos conhecimentos científicos são divulgados e publicados na revista dessa comunidade, qual seja, a Gazeta Médica da Bahia criada em 1866 na província baiana.

CONCLUSÕES:
Os médicos tropicalistas demarcam um novo rumo para medicina brasileira, se estabelecem perante a legislação imperial, criam as novas disciplinas, constroem laboratórios, promovem novos cursos e alcançam reconhecimento das comunidades científicas, dentro e fora do país e, por outro lado, contribuem para a reformulação do modelo, até então, aceito de ciência nessas terras, questionando os conhecimentos europeus sobre os problemas de saúde pública no Brasil e, também o ensino médico oficial representado pelas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro e pela Academia de Medicina Imperial.



Palavras-chave:  História da ciência, Escola Tropicalista, Medicina

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