60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

O ENSINO DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA.

Marcel Thiago Damasceno Ribeiro1
Irene Cristina de Mello2

1. Pesquisador do Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química- LabPEQ/UFMT
2. Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT


INTRODUÇÃO:
Este trabalho é resultado de uma pesquisa que tem como foco estudar Jovens da Educação de Jovens e Adultos e sua interação com a Química enquanto campo científico-educacional. Parte-se do pressuposto que o ensino de Química na (EJA) não deve ser entendido como uma reposição da escolaridade perdida, como normalmente se configuram os cursos acelerados nos moldes do que tem sido o ensino supletivo. Deve, sim, construir uma identidade própria, sem concessões à qualidade de ensino dos conhecimentos químicos. Nesse momento as reflexões de Chassot ajudam quando propõe alternativas para um ensino com utilidade onde se busca mostrar uma educação através da Química que: Contribua para alfabetização cientifica do cidadão e da cidadã; faça a migração do esoterismo ao exoterismo, e assim, facilite a leitura do mundo (Chassot, 1995, p.151). A relevância dessa pesquisa é analisar a trajetória escolar desses jovens, na busca por elementos que contribuam para o entendimento da interação deles com a disciplina de Química no seu espaço escolar e se a mesma possibilita uma leitura crítica de mundo.

METODOLOGIA:
Este estudo está delineado de acordo com a abordagem qualitativa. Inicialmente realizou-se uma pesquisa do tipo bibliográfica para o entendimento da organização do currículo da Química do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos, usando como fonte dessa análise as propostas oficiais do Ministério da Educação, de municípios e estados. Definiu-se os critérios de análise a partir da leitura dos documentos, mediante o afloramento de idéias conflitantes e/ou coincidentes. Como parâmetro tomou-se a reflexão sobre o ensino dos conhecimentos químicos numa perspectiva de alfabetização científica (Chassot, 2000), procurando entender de que forma as propostas oficiais atendem às especificidades da EJA. Posteriormente, pretendeu-se diagnosticar a realidade dos alunos desse segmento e identificar recursos de ensino de Química no processo de ensino-aprendizagem desses jovens. Utilizou-se entrevistas semi-estruturadas com professores e com os jovens educandos entre 18 e 27 anos, da III Fase do Ensino Médio, e observações em salas de aula do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos “Paulo Freire” em Cuiabá-MT. Almejou-se, portanto, coletar dados para a compreensão das interações dos discentes da EJA com a Química enquanto campo científico-educacional.

RESULTADOS:
Ouvir os jovens que fizeram parte deste estudo, saber de suas inquietações, seus desejos e projetos, possibilitou-se conhecer um pouco da realidade da juventude atual e sua interação com a Química. Ao atrair os jovens e adultos para a escola, é preciso garantir que ele não abandone as aulas, afinal os resultados com a EJA demonstram que apesar do crescimento de matrículas, as taxas de evasão ainda são muito elevadas. Segundo a fala dos jovens, o ensino de Química que recebem é importante para a compreensão dos fenômenos e dos avanços científico-tecnológicos da sociedade atual. Quanto aos professores, verificou-se a preocupação da formação continuada no que tange a EJA, pois ao pensar o ensino de Química nesta modalidade é preciso garantir materiais didáticos adequados para a faixa etária, conteúdos com significados, metodologias apropriadas e professores de Química preparados para trabalhar com pessoas que possuem idades e rotinas diferenciadas (estudam e trabalham) e, muitas vezes, encontram-se por longos períodos afastados da sala de aula. Desse modo, é preciso que o professor de Química conheça as especificidades desse público e que possa usar a realidade do aluno como eixo condutor do ensino-aprendizagem.

CONCLUSÕES:
É sabidamente elucidada a importância da EJA, pois favorece as inclusões sociais, econômicas e política de indivíduos que não tiveram acesso ou não concluíram o ensino Fundamental ou Médio na idade regular, e um dos objetivos a serem perseguidos por essa modalidade em qualquer etapa de ensino é o resgate da auto-estima dos educandos, que constitui o alicerce sobre o qual se estrutura a autonomia na aprendizagem continuada ao longo da vida. Dentro desse contexto é preciso que a Química seja percebida como algo útil e significativo e isso ocorrerá na medida em que o educador mantiver uma relação recíproca dos conhecimentos científicos com o mundo atual e vivido pelos alunos. Tendo em vista a atual valorização do conhecimento científico e o crescente desenvolvimento tecnológico da sociedade, a apropriação de conhecimentos de Química se tornam indispensáveis à formação de cidadãos críticos e conscientes. Acredita-se que o ensino de Química que leva à alfabetização científica do sujeito deve estar centrado na inter-relação de dois componentes básicos: conhecimento químico e o contexto social.

Instituição de fomento: CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.



Palavras-chave:  Educação, Juventude, Ensino de Química

E-mail para contato: marcelufmt@yahoo.com.br