60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A iniciação a docência é um período marcado por sentimentos ambíguos. Se, por um lado, ela é caracterizada por uma etapa de tensões, angústias, frustrações e inseguranças, por outro, o iniciante a professor sente-se alegre frente a situação de possuir sua própria turma e pertencer a um grupo de profissionais. Como todo início de profissão, esses primeiros anos constituem uma etapa de profundas mudanças e aprendizagens. É nesse período em que todos sofrem seus primeiros impactos com a realidade escolar chamado de choque de realidade, sendo estimulados a refletirem, seja re-significando e ou preservando posturas que, em seus cotidianos, adotaram com crenças docentes. Caracteriza-se por aprendizagens intensas em contextos geralmente desconhecidos, durante a qual os professores iniciantes devem adquirir conhecimento profissional, alem de conseguir manter um certo equilíbrio pessoal. Com base nos estudos de Tardif que sustenta que, em sua ação pedagógica os professores mobilizam e se apóiam em uma série de saberes que se originam de fontes sociais diversas busco compreender quais são os desafios de ser e constituir-se professor de matemática em início de carreira, para que possamos entender melhor essa fase importante e tão pouco estudada.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada em escolas estaduais na cidade de Tietê, com professores que possuem Licenciatura Plena em Matemática, e atuam no Ensino Fundamental da rede pública estadual de ensino. Esta cidade possui sete escolas públicas estaduais que possuem o segundo ciclo do ensino fundamental. Com esse levantamento foi possível encontrar o número total de professores de matemática que atuam nesta cidade, além disso, o tempo total de magistério de cada um deles. Para este trabalho foram selecionados seis professores que possuem entre 0 e 5 anos de docência (classe de professores iniciantes). O trabalho foi realizado com entrevistas semi-estruturadas individuais, as quais permitem obter informações e esclarecimentos relativos a aspectos da vida acadêmica, prática docente, às dificuldades vivenciadas no início de carreira, à contribuição da formação profissional e os saberes mobilizados e/ou re- significados pelos professores.

RESULTADOS:

Entre as situações estudadas, duas delas foram selecionadas para esta análise. A primeira fala selecionada é a do professor A “além de todas dificuldades que os professores podem se deparar hoje com a indisciplina, os baixos salários, a falta de trabalho em equipe, para o professor de matemática ainda tem o fato da falta de estímulo que os alunos têm para estudar matemática, pois as crianças já a vêm como uma matéria difícil”. A segunda é a do professor B “tenho que ir além do domínio da matemática, tenho que dominá-la de uma maneira diferente, para poder trabalhar bem com meus alunos”. Podemos perceber que o desafio é fazer com que o aluno entenda e compreenda a matemática, tenha prazer em estudá-la, conhecê-la e possibilitar aos alunos a construção de conceitos matemáticos. O saber didático-pedagógico, na fala de nossos depoentes, foi mais valorizado que o saber relativo a matéria propriamente dita. Reconhecem que para realizar um bom ensino, necessitam de um conhecimento que vai além de um domínio formal ou técnico do conteúdo matemático, o domínio deve estar mais voltado às necessidades de sua profissão de professor.

CONCLUSÕES:

O contato inicial com situações de sala de aula proporcionou aos professores o “choque de realidade”, ou seja, a distância entre o que é idealizado e o que é experimentado, encontrando as diversidades, complexidade, incerteza, instabilidade, singularidade, conflito de valores e os processos de ensino aprendizagem que permeiam a prática educativa levando os professores a experimentarem aspectos da “sobrevivência” e da“descoberta”. Nesse processo complexo e dialético de produção, reelaboração e desenvolvimento de saberes, destacam a reação dos professores frente a esses saberes. Os professores investigados manifestaram viver uma re-significação entre os saberes sobre os quais não têm domínio elaborados pelos especialistas e que tentam elaborar e mobilizar novos saberes exercício de suas práticas. Assim, no caso do ensino de matemática, buscam reelaborar os conceitos para torná-los acessíveis rompendo com o estigma de que a matemática não é uma produção a serviço da humanidade. Certamente, tais pontos não esgotam as possibilidades de análise que os dados coletados permitem, todavia são pontos de ancoragem iniciais que permitirão reflexões mais adensadas acerca do tema tratado.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave: iniciação a docência, saberes docentes, formação de professores

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