60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 7. Meteorologia

CLIMATOLOGIA DOS VÓRTICES CICLÔNICOS DE ALTOS NÍVEIS SOBRE A AMÉRICA DO SUL TROPICAL

João Caetano Mancini Vaz1, 2
Luiz Carlos Baldicero Molion1, 2

1. UFAL
2. ICAT


INTRODUÇÃO:
Mantua et al (1977) mostraram a existência de uma variabilidade de prazo longo na configuração das TSM do Oceano Pacífico, semelhante ao evento ENOS, que foi denominada Oscilação Decadal do Pacífico (ODP). Esses eventos de ODP duram cerca de 20 a 30 anos e apresentam duas Fases, uma Fria (FF), e a outra Quente (FQ). A FF é caracterizada por anomalias negativas de TSM no Pacífico Tropical e ao Longo da Costa Oeste do continente Norte-Americano e anomalias positivas nos extratrópicos. A última FF ocorreu entre 1947-1976. Já a FQ, apresenta a configuração oposta à FF e seu último período iniciou-se a partir de 1977. Após 1999, a ODP parece estar entrando em uma nova FF. Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCANs) são observados nas estações de primavera, verão e outono, com máxima freqüência no mês de janeiro. Sua circulação ciclônica surge nas partes mais altas da troposfera, estendendo-se gradualmente para os níveis mais baixos (Gan, 1983). Esses vórtices são caracterizados por um movimento descendente de ar frio e seco no seu centro e um movimento ascendente de ar quente e úmido na sua periferia (Gan, 1996). Segundo Gan e Kousky, 1982, esses VCANs possuem vida média de aproximadamente 7 dias, porém se estendem além disso quando mais intensos e profundos. Assim, o objetivo desse Artigo foi analisar a freqüência e intensidade de VCANs do tipo Palmer sobre a AST e relaciona-los às duas Fases contrastantes da ODP, nos meses entre novembro e março dos últimos 50 anos.

METODOLOGIA:
Para análise da freqüência, posicionamento, formação e intensidade dos VCANs no período de 1950 a 1999, foram coletados dados diários de observações sinóticas convencionais e de modelos numéricos das reanálises do NCEP/NCAR, fazendo uso do Software GrADS para elaborar e visualizar os campos de variáveis meteorológicas importantes para o estudo. Dentre tais campos, podemos citar: Linhas de corrente nos níveis de 500 à 200 hPa, divergência, velocidade vertical do vento (Omega) e magnitude do vento. Foram analisados também, os campos da Radiação de Ondas Longas (ROL), bem como imagens dos satélites GOES-8 e Meteosat-7 no canal infravermelho, adquiridas do Global Hydrology and Climate Center (GHCC/MSFC/NASA) e do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), disponíveis desde 1974. Além disso, para complementar o estudo, foram analisados dados de precipitação da Universidade de Dalaware (Udel).

RESULTADOS:
Sobre a AST, observou-se que, durante a FF, o mês que apresentou a maior ocorrência de vórtices foi janeiro, seguido de março, fevereiro, dezembro e, por último, novembro. Já para a FQ, verificou-se que o mês com maior número de vórtices identificados foi fevereiro, seguido de dezembro, janeiro, março e, por fim, novembro. Para os vórtices identificados que tiveram formação sobre o Oceano Atlântico verificou-se que, durante a FF os meses de janeiro e fevereiro apresentaram os mesmos e maiores números de ocorrência desses vórtices, seguidos por março, dezembro e novembro. Para a FQ, notou-se que o mês de fevereiro deteve o maior registro dos vórtices, seguido de janeiro, dezembro, março e novembro. Quanto à ocorrência de vórtices sobre o NEB observou-se que na FF, o mês que apresentou maior número de vórtices identificados foi fevereiro, seguido de março, janeiro, dezembro e novembro. Para a FQ, ficou claro que os maiores registros foram em fevereiro, seguido de janeiro, março e dezembro, apresentando os mesmos valores, e por fim, novembro. Verificou-se também, que o total dos vórtices registrados na FQ foram superiores a FF em todos os meses sobre o NEB. Do total de 550 vórtices identificados no período, verificou-se que apenas 3 vórtices ultrapassaram 8 dias de duração durante a FF, enquanto na FQ o número de vórtices registrados foi de 9. Ainda, ficou claro que o VCAN com maior tempo de duração ocorreu na FF, em dezembro de 1950, com 9 dias de duração. Já na FQ, o VCAN em fevereiro de 1980 perdurou por 20 dias, atuando sobre o NEB.

CONCLUSÕES:
Verificou-se que, os meses mais propensos à formação desses vórtices são janeiro e fevereiro. Já, o mês de novembro apresentou uma ocorrência pequena desses vórtices, independente da Fase da ODP. Observou-se que, sobre a AST e sobre o Oceano Atlântico, o número de vórtices significativos foi maior na FF. Porém, o registro de vórtices sobre o NE revelou que, na FQ, esses sistemas são mais freqüentes sobre essa região. Quanto à duração dos sistemas sobre o NE, verificou-se que a FQ apresentou vórtices persistentes. Além disso, foi feita uma análise mais detalhada dos VCANs de março de 1961(FF), fevereiro de 1980 (FQ), e janeiro de 2002 para se ter uma idéia do comportamento desses vórtices em fases distintas da ODP. Com isso, pode-se afirmar que, para a gênese do VCAN, há necessidade da presença dos seguintes sistemas: ZCAS, AB, ASAS e ASAN.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  VCAN, ODP, Clima

E-mail para contato: cae_mancini@hotmail.com