60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

EROSÃO COSTEIRA E MUDANÇA DA PAISAGEM NAS PRAIAS DE CASA CAIADA E RIO DOCE: UM DIAGNÓSTICO GEOAMBIENTAL DO LITORAL NORTE DE PERNAMBUCO

Camila Lira Alves1, 2
Fabiana Alves Nunes da Silva1, 2
Eline Silva de Paula1
Silvana Moreira Neves3

1. Universidade Federal de Pernambuco/Departamento de Ciências Geográficas
2. Programa de Educação Tutorial (MEC/SESu)
3. Profª. Drª. - Departamento de Ciências Geográficas - UFPE - Orientador


INTRODUÇÃO:
O trabalho em questão objetiva analisar a evolução geoambiental do litoral da cidade de Olinda, desde o início do século XX, em decorrência dos fatores naturais e antrópicos existentes; verificar o atual quadro da paisagem nestas áreas costeiras a partir de uma releitura das medidas tomadas para tentar minimizar os danos decorrentes do avanço do mar em Casa Caiada e Rio Doce; estudar a evolução histórica destes fenômenos nesta área, identificando os limites de erosão e sedimentação atuais, avaliando a Geomorfologia costeira, e os dados hidrodinâmicos. Como foco da referente pesquisa, foram escolhidas as praias de Casa Caiada e Rio Doce que fazem parte do litoral norte de Pernambuco, por apresentarem mudanças significativas no avanço do mar nas primeiras décadas do século XX, litoral que é também constituído pelas praias de Carne de Vaca, Ponta de Pedras, Barra de Catuama, Ilha de Itamaracá, Mangue Seco, Maria Farinha, Conceição, Pau Amarelo, Janga, Nossa Senhora do Ó.

METODOLOGIA:
A realização deste trabalho contou com pesquisas bibliográficas de obras relacionadas ao tema, além do levantamento de fotos aéreas e ortofotocartas, que possibilitaram um conhecimento prévio com relação às feições morfológicas desse ambiente. Também foram utilizados o Projeto RADAMBRASIL do ano de 1983 e a carta de nucleação, editada pelo CONDEPE/FIDEM no ano de 2003, de escala 1:20 000. Em seguida, realizaram-se os trabalhos de campo, através de observações hidrodinâmicas, que consistiram na observação da velocidade das ondas, sentido das correntes litorâneas, direção dos ventos e levantamentos morfodinâmicos. Tais observações foram importantes para se verificar a resposta natural deste ambiente à dinâmica dos processos que controlam o gradiente do perfil praial, fornecendo detalhes que são característicos das praias, como, por exemplo, a presença de recifes de arenito ou corais, área de erosão, dentre outras. Analisaram-se ainda os fatores que contribuíram para a ocorrência do avanço marinho, assim como a observação das paisagens costeiras e entrevistas com os moradores atingidos.

RESULTADOS:
A área de Olinda situa-se na planície litorânea que ocupa uma faixa alongada no sentido NE – SO ao longo do litoral com cerca de 3.430 km². Desde o início do século passado, as oscilações da maré incidiram violentamente sobre a população olindense. Três causas podem ser apontadas como co-responsáveis pela agressão do mar em Olinda: a construção do Porto do Recife que contribuiu para que o mar viesse a avançar rapidamente sobre as áreas adjacentes devido ao molhe e as demais construções, que passou a reter os sedimentos vindos do sul, que alimentava a praia; os rios de Olinda, Beberibe e Doce, praticamente não têm descarga sólida de areia e outros materiais para alimentar a praia, facilitando a chamada abrasão marinha, quando da maré alta, provocando o desgaste de fragmentos líticos. Some-se a esses fatores o agravante das ondas do mar de Olinda quebrarem ligeiramente inclinadas. O que ocorre em Olinda é um fenômeno natural, pois as marés altas existem em todo o mundo e isso não denota que devam, sempre, causar os mesmos problemas. É necessário que haja um equilíbrio natural, pois quando o próprio mar repõe a areia e também os rios têm boas descargas de realimentação das praias, o avanço do mar não se torna ameaçador, a não ser pela intervenção antrópica.

CONCLUSÕES:
As praias de Casa Caiada e Rio Doce apresentam um alto grau de vulnerabilidade. Tal vulnerabilidade provoca danos aos ambientes costeiros principalmente quando associado à urbanização e intervenções nesta faixa. Desde a década de 70, do século passado, várias intervenções foram realizadas na tentativa de minimizar o avanço do mar das construções na orla de Olinda, tentando garantir ainda, tranqüilidade aos moradores da beira-mar, como, por exemplo, a construção de trinta e oito diques e sete molhes. O processo de erosão costeira já reduziu em 40 hectares a faixa de areia das praias olindenses. Por enquanto, a força das ondas está contida no município pelas obras de proteção construídas ao longo dos 10 quilômetros de costa. Essa contenção artificial, nas praias de Casa Caiada e Rio Doce, não impediu que o avanço do mar atingisse as praias do Janga e Pau Amarelo que fazem parte do conjunto de sete praias que estão utilizando os mesmos tipos de construções para impedir o avanço marinho. São medidas de contenção que, no entanto, não evitam a perda do patrimônio natural e paisagístico modificando assim a paisagem costeira.

Instituição de fomento: MEC/SESu

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Erosão Costeira, Paisagem, Diagnóstico Geoambiental

E-mail para contato: camlira@hotmail.com