60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 19. Economia Doméstica

ANÁLISE DAS MUDANÇAS RECENTES NAS DESPESAS COM ALIMENTOS DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS ENTRE OS ANOS DE 1996 E 2003

Rebecca Impelizieri Moura da Silveira1
Ellenise Elsa Emídio Bicalho1
Viviani Silva Lirio2

1. Departamento de Economia Rural / UFV
2. Prof. Dr. - Departamento de Economia Rural - UFV - Orientador


INTRODUÇÃO:
A preocupação com o bem-estar social encontra-se no cerne de grande parte dos questionamentos sobre a condução dos sistemas econômicos. A abrangência dessa variável envolve diferentes abordagens, destacando-se a capacidade de atendimento às demandas básicas dos indivíduos. Sem desconsiderar as demais necessidades, envolvidas na delimitação do bem-estar individual, ou agregado, é certo que o acesso alimentar é um dos quesitos mais significativos. O objetivo deste estudo, portanto, foi analisar mudanças na despesa alimentar das famílias brasileiras no período compreendido entre os anos de 1996 e 2003, e para isso, relacionou-se o consumo familiar ao preço e à despesa anual para os alimentos: aves e ovos, bebidas, carne bovina, carne suína, cereais em grãos, farinhas e derivados, frutas, lácteos, legumes e verduras para cada região geográfica brasileira. A variável “consumo” tem grande importância nas análises econômicas, pois o nível de renda das famílias é um dos determinantes demanda, seja em termos agregados ou grupos de produtos. O padrão alimentar é então, de fundamental importância para o bem-estar social, assim, a avaliação de eventuais ganhos da qualidade de vida da população estão relacionados a melhorias no acesso e qualidade dos alimentos consumidos por ela.

METODOLOGIA:
A determinação do consumo numa unidade familiar está associada a diversos fatores de dimensão individual e coletiva, relacionando-se diretamente à determinação do bem-estar social. Na presente pesquisa, o levantamento e sistematização dos dados foram realizados em etapas variadas, a saber: a) aquisição das bases (CD Rom) com os micro-dados da POF, disponibilizadas pelo IBGE (levantamentos 1995/1996 e 2002/2003); b) análise e compreensão das estruturas de codificação utilizadas; c) sistematização e categorização das variáveis a serem estudadas; d) tabulação e análise das informações obtidas. A apresentação dos resultados foi feita na forma tabular e gráfica, e segue os princípios da análise estatística descritiva - análise exploratória dos dados. Nesta pesquisa, todos os dados coletados são do tipo quantitativo e discreto, estes são fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE. Houve também a utilização de dados fornecidos pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (DIEESE) a título de enriquecimento do trabalho para adequação das variáveis de análise.

RESULTADOS:
Os resultados mais relevantes estão relacionados aos alimentos comentados a seguir. Na classe de alimentos aves e ovos houve grande impacto no gasto anual das famílias brasileiras decorrente do aumento do preço dos produtos, o dispêndio cresceu 55,45% de um ano a outro. Em relação à carne suína, notou-se uma pequena mudança de hábitos alimentares das famílias, pois o consumo deste aumentou mesmo com aumento de preço de 29,65%. O grupo denominado legumes e verduras apresentou comportamento inelástico, uma vez que, o consumo pouco se alterou este apesar de ter sido o tipo de alimento com maior aumento percentual no preço médio (364,53%) entre os anos analisados. A classe de produtos cereais teve baixa elasticidade-preço da demanda, visto que, exceto a Região Norte onde houve aumento no consumo, o aumento do preço, não alterou o consumo nas demais regiões, que se manteve praticamente constante, fazendo com que o gasto anual das famílias brasileiras para aquisição desse produto aumentasse em 100%. No que se refere a farinhas e derivados o comportamento foi semelhante a da classe cereais, porém houve retração no consumo, e na região Nordeste, por fatores culturais e pela região ter menor renda média houve menor variação no gasto anual familiar.

CONCLUSÕES:
Antes analisar a variação na despesa com alimentos nas famílias brasileiras, optou-se por proceder a uma caracterização desses grupos familiares, considerando alguns elementos básicos como: população por região, população por classes de rendimento, número de pessoas economicamente ativas, nível de instrução, tipo de ocupação, número de empregos e remuneração média das famílias brasileiras nos períodos em que a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) foi realizada. Com essa análise prévia foi possível alcançar de forma mais abrangente o objetivo da pesquisa. Com isso, em termos da distribuição de renda, observou-se pequeno ganho após a implantação do Plano Real: a população brasileira economicamente ativa que recebia até cinco salários mínimos mensais aumentou, mas, para as mais altas faixas de renda ocorreu uma diminuição do número de pessoas, efeito concentrador. Quanto ao consumo, notou-se que, como conseqüência do preço relativo dos produtos selecionado ter aumentado comparativamente a outros fatores, a quantidade consumida de vários produtos, em diferentes regiões, diminuiu. Além disso, a despesa anual para aquisição dos alimentos estudados aumentou significativamente para as famílias em todas as regiões brasileiras.

Instituição de fomento: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  consumo alimentar, alimentos, orçamento familiar

E-mail para contato: rebeccasilveira@yahoo.com.br