60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Considerando, de um lado, a exclusão social e a privação de recursos econômicos, culturais e educacionais como causas dos impactos sociais e ambientais que, por sua vez, retro-alimentam as condições que lhes deram origem e, de outro lado, a necessidade de gerar subsídios para a ruptura desse círculo vicioso, procuramos por meio do estudo aqui apresentado atingir os seguintes objetivos: (1) contribuir para a ampliação de conhecimentos sobre o RPG; (2) avaliar seu potencial como recurso de apoio pedagógico à transmissão dos diversos conteúdos na prática educacional de instituições de ensino; (3) gerar subsídios para a elaboração de propostas de intervenção educacional que visem favorecer a formação de posturas individuais críticas e o aumento do protagonismo e da participação popular, com o fim último de melhor atender necessidades pessoais, comunitárias e sócio-ambientais; (4) gerar subsídios para a utilização desse recurso lúdico na promoção de desenvolvimento pessoal e no estímulo de capacidades específicas, entre as quais as de negociação, comunicação, ação solidária, autonomia, solução de problemas e reconhecimento da importância das questões sócio-ambientais.

METODOLOGIA:

Adotados os procedimentos éticos de pesquisa, foi constituído um grupo de jogo com 7 indivíduos do sexo masculino, entre 11 e 27 anos de idade. As reuniões, realizadas com periodicidade semanal e duração média de quatro horas, atenderam aos seguintes objetivos: divulgação; seleção de interessados e formação do grupo; coleta de dados iniciais; criação das personagens; 8 sessões de jogo; coleta de dados finais e avaliação grupal. Os encontros e sessões de jogo ocorreram no Centro de Educação Unificado Cidade Dutra, na cidade de São Paulo. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes recursos: observação; entrevistas semidirigidas; registro fotográfico; registro em áudio e vídeo; registro de ações (em planilhas de acompanhamento longitudinal dos jogadores); registro da expressão gráfica e verbal; dinâmicas de grupo (no início e final do processo). Particular atenção foi dada aos dados coletados no início e no final do processo, para uma avaliação mais acurada dos efeitos psicológicos e educacionais dessa atividade lúdica. O método encontrou suporte teórico em Bleger (1980), Minayo (2002) e Ferreira (2000). A análise e a interpretação dos dados foram realizadas com base na bibliografia de referência sobre o RPG e nos postulados teóricos de Jean Piaget e Lino de Macedo.

RESULTADOS:

A participação dos jogadores foi marcada pelo interesse, expresso através da presença regular nos encontros e sessões de jogo e no entusiasmo demonstrado. A comparação entre os dados obtidos antes do processo de jogo e seus correspondentes, obtidos logo após a conclusão desse processo, evidenciou significativa diferença, em favor da aceitação das hipóteses da investigação.

CONCLUSÕES:

Pôde-se concluir que (1) o RPG aumenta as possibilidades de inclusão social, na medida em que favorece em seus participantes o desenvolvimento da auto-estima, maior valorização de si próprio e desenvolvimento das diversas capacidades e habilidades avaliadas; (2) os recursos dinâmicos do jogo, se bem planejados e dirigidos para o incentivo à aprendizagem, podem ser utilizados como instrumento pedagógico lúdico com excelente potencial para a educação sócio-ambiental e para a promoção do desenvolvimento pessoal e comunitário; (3) o Mestre de Jogo constitui fator preponderante para a consecução dos objetivos educacionais pretendidos, dada a sua condição de modelo identificatório e de depositário dos sentimentos e aspirações dos jogadores; (4) o RPG favorece a formação (ou o aprimoramento) de atitudes condizentes com um quadro de valores que inclua consciência a respeito da importância da solidariedade e do compromisso para com o grupo social e com o meio-ambiente.

Instituição de fomento: PMSP, CEU Cidade Dutra, Devir Editora e ONG’s Lvdvs Culturalis e Instituto Guatambu de Cultura

Palavras-chave: Jogo das Representações (RPG), Educação Sócio-ambiental, Desenvolvimento Humano

E-mail para contato: eduardofrias@usp.br