60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 7. Música e Dança

PROJETO "MAPA DOS ACERVOS MUSICAIS BRASILEIROS"

Victor de Moura Lacerda1

1. Instituto de Artes da UNESP


INTRODUÇÃO:
Hoje é indiscutível considerar os acervos musicais como ponto primordial do desenvolvimento das pesquisas musicológicas. Por este motivo torna-se fundamental o desenvolvimento de trabalhos no sentido de mapear os acervos musicais brasileiros. Até há pouco tempo atrás, não havia instrumentos desse tipo, que objetivassem orientar pesquisadores interessados na localização de fontes de pesquisa musical e musicológica, e com isso somente acervos de maior visibilidade beneficiavam-se com uma maior procura. Em 2001, idealizado e coordenado por Eloísa Fischer, foi criada uma seção intitulada Centros de Documentação e Acervos no Guia VivaMúsica!, onde foram relacionados pela primeira vez cinqüenta e um acervos musicais, com indicação do diretor de cada instituição e dados para contato. Considerando estender e aprofundar o trabalho desenvolvido pelo Guia VivaMúsica!, relacionando também informações mais específicas sobre seus conteúdos e interpretando-as em confronto com os debates correntes no meio musicológico, foi elaborado o Projeto “Mapa dos Acervos Musicais Brasileiros” que, desenvolvido no Instituto de Artes da UNESP e sob orientação de Paulo Castagna, contou com subsídio do CNPq no período entre 2005 e 2007.

METODOLOGIA:
Contemplou: realização de uma relação dos acervos já divulgados pelo Guia VivaMúsica!, pelos sites do CDMC e da Funarte; construção de Base de Dados em Plataforma Access; levantamento de acervos ainda não divulgados pelas fontes primárias; elaboração de carta de apresentação do projeto, envio por correio aos acervos desta junto a um formulário de questões, com envelope selado e endereçado para resposta; levantamento bibliográfico e elaboração de estudo sobre o desenvolvimento musicológico no Brasil quanto a abordagem de acervos musicais nos últimos 20 anos; confronto das informações coletadas aos debates musicológicos sobre o assunto em estudo sobre a atual situação dos acervos musicais brasileiros; readequação do banco de dados do projeto para disponibilização na internet, confecção do site do projeto (www.ia.unesp.br/iniciacao/iniciacao.php), estudo crítico-metodológico dos catálogos de acervos de música brasileiros até hoje editados, levantamento in situ de informações sobre a composição do acervo do Arquivo da Inspetoria Salesiana de São Paulo.

RESULTADOS:
A maioria dos acervos mapeados no Brasil são bibliotecas, arquivos e museus públicos, 43% do total, mas quem mais respondeu ao projeto foram as Instituições de Ensino, com 64% de respostas. Somente 10% das Instituições Religiosas responderam ao projeto. Dos acervos que responderam, 75% soube informar tipo de repertório; 91% tipo e quantidade do que possui; 88% períodos representados; 56% possui instrumentos de busca ou catálogos; 61% concluído ou em andamento projetos de organização, catalogação ou digitalização e 39% publicações a eles relacionadas; 60% informou possuir musica popular, e 53% música orquestral; 44% informar que repertório possuem. O Estado de São Paulo possui 40% do total de acervos mapeados, seguido por Rio de Janeiro, com 18%, e Minas Gerais, com 14%. Seus percentuais somados atingem 72% do total mapeado. Foram contatados 120 acervos distribuídos por 15 Estados; cerca de 50% respondeu aos contatos efetuados. O Estado de São Paulo possui 64% do número total de partituras mapeadas; 80% de livros de música, livros litúrgicos e periódicos; 56% de gravações; e 63% de outros documentos de interesse musicológico. Minas Gerais possui maior número de acervos com publicações a eles relacionadas, 83% do total.

CONCLUSÕES:
O número de respostas foi baixo, 50% dos acervos o fizeram. Se atualmente a democratização do acesso a acervos musicais é quase unânime no meio musicológico, essa realidade parece não se refletir da mesma maneira entre os responsáveis por acervos musicais no Brasil. Os Estados de SP, RJ e MG possuem maior número de acervos mapeados, o que sugere maior atividade musicológica nestes Estados. Os acervos paulistas possuem maior parcela do total documentos mapeados, o que indica que provavelmente sejam mais organizados e cientes de seus conteúdos. A grande maioria dos acervos forneceu apenas uma vaga idéia sobre seus conteúdos. Nenhum dos acervos pôde informar com precisão, no inventário, o número de obras referentes a determinado tipo de repertório ou período histórico que possuem. Isto indicaria um despreparo ou mesmo abandono por parte destas instituições quanto à ciência e organização de seus conteúdos. Depreende-se disto uma carência de intercâmbio de informações e esforços entre musicólogos, acadêmicos, arquivistas e bibliotecários. Mapear os acervos musicais brasileiros é apenas o primeiro e mais fundamental passo para estudar e preservar nosso passado musical. Esperamos ter contribuído neste trabalho para a conscientização desta necessidade.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Musicologia, Acervos Musicais, Catalogo

E-mail para contato: vmlacerda@hotmail.com