60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 6. Lingüística

ANÁLISE DA RECEPÇÃO CRÍTICA DA OBRA DE ARTHUR DE SALLES

Joseane Costa dos Santos1
Célia Marques Telles1

1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


INTRODUÇÃO:
Dentro do cenário literário nacional, no período correspondente ao final da segunda metade do século XIX, temos uma época marcada pelos movimentos Simbolista, Parnasianista e Pré-modernista. Na Bahia, destaca-se dentro do grupo dos literatos, o poeta Arthur de Salles tendo como fase de maior produção literária começa por volta de 1899, indo até 1930, época em que na Bahia havia uma grande efervescência cultural fruto da própria tradição de ensino que contribuía para uma intensa movimentação intelectual. Arthur de Salles teve uma presença marcante na vida cultural do Estado, participando do movimento literário denominado Nova Cruzada, iniciado em 1901, que visava a uma renovação do ambiente cultural da Bahia, Durante esse momento houve um crescimento e expansão do mercado de periódicos apesar de muitas destas não passarem do primeiro número, elas representaram um grande avanço para o mercado editorial brasileiro e serviram de vitrine para diversos escritores inclusive para Arthur de Salles que teve muitos de seus trabalhos divulgados colaborando também em diversas revistas, tais como: Os Annaes, Renascença, Arco & Flexa e Ala das Letras.

METODOLOGIA:
A produção literária de Arthur de Salles e a sua fortuna crítica encontravam-se dispersos nessas revistas e jornais, e a partir do trabalho realizado pelo grupo de Edição Crítica de Textos da UFBA, iniciado em 1977, foi possível reunir grande parte deste material, contando para tanto, no início com a colaboração de familiares e de amigos do poeta. Partindo da pesquisa de fontes, em revistas literárias e de divulgação foi possível reunir, além das fontes primárias (ou manuscritos autorais), uma grande coleção de artigos, depoimentos escritos e ensaios que enfocam direta ou indiretamente o poeta. A partir dos primeiros resultados foram corrigidos dados referentes à vida e ao labor do poeta, além do conjunto de sua obra. Partindo desses resultados, pôde-se reunir os elementos formadores da fortuna crítica do poeta baiano. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nos principais manuais de literatura brasileira, considerando os estudos dos principais teóricos-críticos que tratam do assunto, a fim de rastrear quais os parâmetros de recepção presentes no período.

RESULTADOS:
Durante a análise do material percebe-se que Arthur de Salles dispõe de um conjunto significativo de análises críticas de sua obra, muitas delas presentes em jornais, revistas e manuais de literatura. Por tal motivo foi dada, certa ênfase na crítica de rodapés, presente no período. A partir desta análise pôde-se articular como o poeta e sua produção literária eram tratados, considerando o momento por que passava a crítica literária. Reunimos desta maneira, as apreciações críticas veiculadas nos principais periódicos da época, tanto em vida como após 1952. No Brasil, o exercício da crítica literária era, em sua maior parte, feito em jornais na maioria das vezes condicionado à produção literária, que era acompanhada e julgada fornecendo-se um à impressão acerca da obra do momento a chamada crítica de rodapés que estava diretamente ligada ao meio de publicação. Nesta primeira parte selecionamos os textos de alguns autores que ressaltaram a produção literária de Arthur de Salles detendo-nos inicialmente neste grupo composto por críticos literários brasileiros Esses dados foram confrontados, estabelecendo-se dessa maneira um retrato da produção literária do poeta baiano e da sua fortuna crítica.

CONCLUSÕES:
Considerando todos os críticos citados percebe-se que eles, em sua maioria, analisam o poeta como representante do movimento simbolista baiano. Por fim, durante a análise da fortuna crítica, notou-se que Arthur de Salles conseguiu um grande êxito local, recebendo muitas apreciações críticas e homenagens tanto em vida como após a sua morte. Muitas delas, porém, se perdem em relatos sobre a sua vida, sem muitos aprofundamentos sobre o conjunto de sua produção literária, refletindo deste modo, uma tendência dos críticos brasileiros do período que é a da crítica puramente impressionista. Apesar de todos esses trabalhos o seu nome não está inserido no cânone literário nacional. A questão de estar ou não entre os escritores canônicos já traz a necessidade de se repensar a definição de cânone e os parâmetros pelos quais uma obra é inserida dentro deste conjunto. Por fim, vale lembrar que neste período o modernismo ganhava espaço como movimento literário cultural, e este tinha como uma das bandeiras o desprezo a tudo que representava as antigas tradições inclusive na poesia, tendo como principais alvos o parnasianistas e os autores adeptos a esse rigor formal.

Instituição de fomento: CAPES

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Arthur de Salles, fortuna crítica, recepção crítica

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