H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 6. Fundamentos e Crítica das Artes
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA HEXIS CORPORAL DO BAILARINO
VIRGÍNIA SPÓSITO DE SOUZA1 VERÔNICA FABRINI2
1. UNICAMP 2. Orientadora. Prof. Dra. Departamento Artes. UNICAMP.
INTRODUÇÃO:A pesquisa analisa o processo de construção histórico-social do uso simbólico do corpo do bailarino, bem como a construção deste corpo que reflete uma hexis corporal singular, que podemos compreender como posturas e disposições corpóreas adquiridas pelo individuo através do habitus social. A construção da hexis corporal do bailarino se manifesta através da herança de uma racionalidade distinta, a da aristocracia européia. Para se obter a compreensão desta hexis corporal, é preciso entender o processo de formação da racionalidade aristocrática européia. Explicar a lógica do comportamento social da corte, particularmente a francesa, é fundamental para a compreensão das manifestações artísticas aristocráticas. Ao ler o uso do bailado dentro da racionalidade aristocrática, percebe-se como ele se torna instrumento simbólico de legitimação social dentro da corte e como ele é usado para condicionar o comportamento social dos cortesãos franceses. Ao apontar as heranças corporais eminentes no corpo do bailarino, vê-se o processo de apropriação da cultura aristocrática feita pela alta burguesia francesa e como esta intensificou o processo de distinção social através das disciplinas corpóreas, usadas como símbolo de violência cultural.METODOLOGIA:Os pressupostos teóricos da análise provêm da sociologia das relações de poder que busca pontuar os mecanismos utilizados para legitimar a estratificação social. A análise histórica social da construção da racionalidade aristocrática, como também da relação de poder entre as sociedades a partir da noção de pertença, isto é, da coesão grupal (we group) que define os estabelecidos – aqueles que são integrados a um determinado coletivo e uma weltanschauung – e os outsiders: os não coesos, os não membros, os outros, provêm da metodologia de Norbert Elias. A análise da hexis corporal do bailarino provém da metodologia bourdiesiana que discute a violência simbólica.RESULTADOS:Os resultados obtidos na pesquisa ao se analisar o processo histórico social de construção corporal do bailarino, se manifestam na percepção que o agente social partícipe dos saberes da arte do bailado tem sobre suas atitudes corporais. Este percebe que a singularidade de seus movimentos se encontra sempre relacionada às suas estratégias de sucesso social. O bailarino reprodutor de coreografias, ou bailarino coreógrafo sempre faz suas escolhas de movimentos corporais de acordo com as regras de movimentos que seu corpo introjetou. O bailarino se torna um duplo espelho. De um lado do espelho, ele reflete o ideal de imagem corpórea de seu criador, imagem esta produzida para distinção social. Do outro lado do espelho ele reflete como um instrumento de violência simbólica contra os agentes sociais que não são partícipes da racionalidade que está inscrita em seu corpo.CONCLUSÕES:Ao se auto-perceber um indivíduo construído socialmente, e representante de uma hexis corporal que tem como lógica assumir uma posição diferenciada de superioridade humana diante de outras hexis corporais. O bailarino adquire condições de análise e crítica de suas ações cênicas cotidianas, podendo se questionar até onde interessa a ele seguir o caminho da lógica de distinção social, ou até onde interessa a ele se reencontrar com sua outra hexis corporal suprimida, quando do encontro com o bailado, e considerada arbitrária por todos os agentes que participam ou desejam participar desta lógica corporal
Palavras-chave: HEXIS, CORPO, BAILARINO
E-mail para contato: sposito.souza@yahoo.com.br
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