60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Este trabalho foi realizado a partir do projeto “Pernambuco Multicultural” e desenvolvido em 2007 na Escola Municipal do Pantanal (Recife). Enfoca a cultura pernambucana como objeto de estudo e foi vivenciado durante todo o ano letivo. Considerando que, de acordo com Fonte (1998), “a divulgação da cultura contribui para que o pernambucano do futuro, por mais que ajam em contrário aos meios de comunicação submissos ao império do mercado, pudesse preservar sua identidade cultural”. E propõe que a escola trate as questões culturais na perspectiva da cidadania trazendo conhecimento sobre as suas origens como pernambucano e como produtor de cultura. Relevante, portanto, trazer para a sala de aula e para a comunidade, não só a história do seu estado, mas também, toda a beleza cultural existente nele, ajudando os envolvidos a posicionarem-se de forma a compreenderem a diversidade cultural num contexto de respeito ao outro. Compreendendo-se que ensinar práticas, histórias, gestos e tradições de Pernambuco é fazer-se respeitar ao dar-se a conhecer. Objetivou-se, então, conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro; compreender a memória pernambucana; valorizar as diversas culturas presentes em Pernambuco; e reconhecer a qualidade de sua cultura numa enquanto cidadã.

METODOLOGIA:

O trabalho foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica e observações in loco, como a participação de todos os educandos da Escola Municipal do Pantanal e organizado em quatro fases. Na primeira fase foram trabalhadas as temáticas: dança e música da cultura pernambucana(maracatu, coco, ciranda, em outros), contando o histórico, montando coreografias e realizando apresentações de danças preparadas por cada turma, destacando os 100 anos do frevo; na segunda fase, foram trabalhados festejos religiosos, pontos turísticos e históricos do estado. Nesta etapa também foi trabalhada a culinária de cada cidade relacionando-as tanto ao ciclo junino, quanto ao circuito do frio, a partir das receitas e preparo dos alimentos em sala de aula; Na terceira fase, realizaram-se visitas a museus e cinemas Montou-se uma sala de projeções e seções de cinema e documentários sobre a cultura pernambucana na escola. Para concluir as atividades, na quarta fase, a feira de conhecimentos teve o seu olhar voltado para a pesquisa de pontos culturais e cidades que desenvolvem o artesanato, a religiosidade, a paisagem do estado.

RESULTADOS:

Com a vivência das atividades propostas, as crianças se apropriaram da origem das músicas, das danças, da culinária e compreenderam que estes elementos culturais de Pernambuco têm relação direta com as etnias indígena, negra e européia as quais são as principais formadoras de sua identidade. Segundo Fonte (1998) “a presença de outros povos, além dos portugueses, contribuiu para uma enorme pluralidade de culturas e costumes”. Tornando-se mais fácil a distinção dos ritmos e saberes da nossa terra. Verificou-se que a literatura de cordel e o cinema proporcionaram aos educandos a identificação das cidades e características de costumes e da fala do nordestino, que pela forma de se expressar verbalmente, muitas vezes é denominada pernambuquês. Portanto, a compreensão de que “não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente “melhor”, “mais pura”, “mais bonita”, “mais correta” que outra. Toda variedade lingüística atende à necessidade da comunidade de seres humanos que a empregam” (Bagno, 2006) auxiliando-nos na desmistificação da “dita” inferioridade da região nordeste, respeitando a variação lingüística de uma região para outra.

CONCLUSÕES:

No geral, os itens trabalhados ao longo do ano fornecem elementos que contribuíram para ampliar, consolidar e valorizar os conhecimentos dos educandos acerca da cultura e das características do estado de Pernambuco, assim como, embasou sua aprendizagem e auto-estima. Contribuindo também com a formação dos educadores que, ao ensinarem, muito aprenderam. Levando em consideração que ao ampliarem seus conhecimentos, a partir do processo de ensinagem, reforçam as palavras de Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia (2003) que diz: Não há docência sem discência, as duas se reduzam à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Portanto, trata-se de um trabalho relevante do ponto de vista cognitivo, social, mas fundamentalmente de promoção de cidadania, da valorização da cultura popular e da identidade dos participantes enquanto pernambucanos.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave: Cultura, Identidade, Educação

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