60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil

AS MULHERES DA PRIMEIRA REPÚBLICA. UM ESTUDO SOBRE O MOVIMENTO FEMINISTA SUFRAGISTA E ANARCOFEMINISTA EM SÃO PAULO.

Nádia Ferreira Anorozo1

1. Faculdade de História, Direito e Serviço Social- UNESP- Franca


INTRODUÇÃO:
O referente trabalho é sobre o movimento anarcofeminista e sufragista em São Paulo na Primeira República (1889-1930). Tendo como objetivo analisar a mulher na sociedade de classes e compreender sua relação de trabalho dentro e fora do ambiente doméstico. Este período é marcado pela urbanização, modernização, industrialização, e pela ascensão da burguesia e nascimento do proletariado fabril. O movimento sufragista gerou-se da elite, suas metas principais eram a emancipação da mulher na luta jurídica pelo voto feminino, o direito à educação superior e a valorização do trabalho feminino. Porém, não questionavam a submissão feminina dentro da família, acreditavam que a conquista dos direitos da mulher não traria o rompimento com o papel tradicional de mãe e esposa. Já as anarcofeministas nasceram no seio do proletariado fabril, estes que tinham péssimas condições de trabalho batiam de frente com o regime político e econômico e visavam a emancipação completa da mulher, não só no âmbito público, mas também no privado, aspirando a fundação de um outro modo de organização familiar, onde a maternidade seria voluntária e o amor seria livre da opressão machista, a partir da construção de uma ordem social fundamentada na igualdade e na liberdade.

METODOLOGIA:
O trabalho realizou-se apoiado em bibliografias referentes ao período histórico tratado; a questão de gênero, apoiando-se nas obras de Heleieth Saffioti, trabalhando o conceito de que a mulher na sociedade de classe sofre diversas opressões de acordo com o seguimento social que essas pertencem; e as ideologias que perpassam os dois movimentos feministas e suas formas de luta. O ensaio conta com o apoio de fontes como a imprensa anarquista do período, mais especificamente o jornal “A Plebe”, e com a revista “A Cigarra”. Na forma de analisar a história este trabalho orientou-se pelo materialismo histórico de E. P. Thompson, este que critica o economicismo presente na maioria dos marxistas, enxergando uma lacuna nas obras de Marx referentes aos temas de cultura e moral, e vendo os modos de dominação e as forças de resistência, não apenas aquelas presentes no cenário político oficial, mas também aquela diária e incansável, portanto o trabalho analisa a mulher na sua ordem econômica e cultural enquanto pertencente a uma moral presente em seu cotidiano.

RESULTADOS:
A questão fundamental para analisar a mulher neste contexto histórico é entender o cruzamento das categorias classe e sexo, sendo fundamental a análise dos movimentos feministas: sufragista e anarquista; pelo fato de ambos serem compostos pôr mulheres, mas, no entanto suas classes e seus objetivos são divergentes. Independente da classe social, a mulher sofre há séculos a opressão dos sexos na sociedade patriarcal. Não se sabe a origem, há apenas hipóteses, mas a mulher sempre foi vista como inferior intelectualmente, reprimida sexualmente e teve o espaço privado como seu ambiente natural, cumprindo o papel de mãe-esposa-dona-de-casa. Porém, em uma sociedade de classes, onde se tem uma classe dominante detentora do poder político, econômico e ideológico como, no caso da Primeira República, a burguesia, as mulheres desta classe sofrem a opressão dos sexos diferentemente da proletária, pois esta última sente a opressão do capital, que é reforçada pela moral patriarcal.

CONCLUSÕES:
Partindo do objetivo de analisar a mulher na sociedade de classe em seus diferentes seguimentos sociais, tendo como objetos de estudo os movimentos feministas: sufragistas e anarquistas, obteve-se o resultado de que a opressão sexual sofrida pela mulher não se da isoladamente no âmbito sexual, mas sim conjuntamente com a ordem econômica vigente. Concluindo que, em uma sociedade de classes a opressão feminina é realçada, devido ao capital que utilizou a moral patriarcal em seu favor, lucrando com a mais valia feminina ao manter uma grande massa de mulheres trabalhando de graça em suas casas e ao pagar salários inferiores para essas. Portanto as operárias anarquistas sofriam opressões enquanto mulher e operária por isso suas reivindicações batem de frente com o regime político e econômico, e seu objetivo era a emancipação completa da mulher não só no âmbito público, mas também no privado, ansiavam pela fundação de uma outra sociedade e um outro modo de organização familiar. Já as sufragistas tinham o cunho reformista, não criticavam a estrutura política e econômica e a constituição familiar; justamente devido ao fato dessas mulheres pertencerem à classe burguesa.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  anarquismo, feminismo, sufragistas

E-mail para contato: nadia_anorozo@yahoo.com.br