60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Este trabalho discute o processo constitutivo-identitário de três professoras, ocupantes de diferentes lugares sociais dentro do Projeto Tecnologias e Mídias Interativas na Escola. Uma é professora de ensino fundamental na rede municipal de Hortolândia (SP), iniciante nos caminhos da pesquisa-ação e na formação de outros professores, seus pares. A outra, também professora do ensino fundamental, mas não pertencente ao projeto. A terceira é pesquisadora vinculada a uma universidade pública. Em suas práticas de professoras e (ou) pesquisadoras cada qual se depara com a incômoda situação de “estrangeira que invade o território alheio”: a universitária porque traz o saber e a cultura academicista à escola; a colega e professora-formadora por desenvolver um trabalho diferenciado no horário oposto ao de sua classe e pela fluência na linguagem midiática - que a diferencia. E a professora da sala de aula pelo domínio da territorialidade curricular na relação com seus alunos. Nessa dissemetria, orientados pela pesquisa-ação, questiona-se: ‘Como constituir, na interação, a alteridade entre esses tantos Outros de maneira a que todos se representem como sujeitos?’ ‘De que maneira as reflexões acerca do currículo e da produção de mídias, numa abordagem cidadã, pode contribuir para o debate?’

METODOLOGIA:

O trabalho envolve três aspectos metodológicos extremamente articulados entre si: a metodologia de ensino-aprendizagem, a metodologia da pesquisa e a metodologia de formação continuada. A primeira e a terceira tratam das finalidades do projeto: o trabalho com os alunos em relação ao currículo por eles vivido em sua capilaridade pelos diversos espaços dentro e fora da sala de aula, expandindo-se até a comunidade, tendo as tecnologias e mídias interativas como visibilizadoras de todo o processo, numa ótica cidadã. A metodologia da pesquisa, por sua vez, insere-se na abordagem da pesquisa-ação, de maneira que as reflexões, registros e achados de pesquisa convirjam para a compreensão da diferença no interior da identidade (Amorim, 2001). Descrição dos recursos materiais utilizados: Sala multimídia com 18 computadores, impressora laser,18 webcam, câmera fotográfica, 1 Televisor 32’, Internet, softwares livres conforme a necessidade do trabalho (movie maker, HagaQuê, Rádioweb); Recursos humanos: Equipe de pesquisadores da universidade e da Secretaria Municipal de Educação, alunos de iniciação científica/detentores de bolsa-trabalho, gestores da escola. Reuniões: com os pesquisadores duas vezes por semana na escola.

RESULTADOS:

O trabalho articula currículo e aprendizagem para o uso das mídias no enfoque da mídia cidadã. Desde o início do projeto – em agosto de 2007, vários ajustes tiveram que ser feitos visando o sucesso de sua implementação. Um deles foi reunir, na mesma sala multimídia, em turnos diferentes de trabalho duas professoras em momentos diferentes de formação, sem que se caracterizassem como “professoras de informática”. Uma em processo avançado de apropriação dos princípios do projeto; a outra, na segurança de sua experiência como professora da turma de alunos, sabedora do currículo que deve transmitir durante o ano letivo aos mesmos. Concomitante a isso, uma professora pesquisadora da universidade, integrante do projeto, em pós-doutoramento, investiga o processo de subordinação tanto das teorias às práticas das professoras quanto das tecnologias e mídias interativas ao currículo; Nesse processo, identidades se (des)constituem mediados pelo encontro com o outro (pesquisador, alunos, pais, gestores), em território alheio, e pelo conhecimento que produzem no(s) Grupo(s).

CONCLUSÕES:

São atendidos, de forma direta 145 alunos e 06 professoras, mas como o processo se constrói também nas reuniões de Grande Grupo, mais 07 professoras e 210 alunos de forma indireta são beneficiados. Transcritos sete meses do início do projeto, mudanças importantes já se percebem no que se refere ao aspecto de formação que envolve o trabalho colaborativo que pressupõe o outro, como sujeito em atividade. Há que se ressaltar também a gradativa segurança que as professoras adquirem no ensino-aprendizagem das mídias, e na fundamentação teórica que buscam para suas ações pedagógicas tendo como base a epistemologia da prática. Isso redunda numa relação diferenciada dessas educadoras com o currículo vivenciado pelos alunos. Novos questionamentos são produzidos, mas se apresentam como questões reflexivas que pressupõem respostas a serem construídas – mediadas pelo estudo e pela relação com os muitos outros. As mídias interativas têm uma função importante em todas estas relações, pois o poder e o pertencimento alteram o posicionamento dos protagonistas (alunos-professores-pesquisadores) nas ações.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa de Estado de São Paulo - FAPESP

Palavras-chave: Currículo, Mídias, Professor-Pesquisador

E-mail para contato: maria_defatima@yahoo.com.br