60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal

ANATOMIA DO LENHO DE DUAS ESPÉCIES DA SAMANEA INOPINATA (HARMS) DUCKE E ZANTHOXYLUM SP OCORRENTE NA CAATINGA NORDESTINA, MIGUEL CALMON – BA

Natália Danielle Cordeiro Vitor1
Lazaro Benedito da Silva2
Maria Lenise Silva Guedes3

1. Graduanda em Engenharia Florestal - DCFL - UFRPE
2. Prof. Adjunto do Departamento de Botânica do IBIO - UFBA - Orientador
3. Prof. Adjunto do Departamento de Botânica do IBIO - UFBA


INTRODUÇÃO:
O domínio do bioma caatinga abrange cerca de 900 mil Km2, correspondendo aproximadamente a 54% da região Nordeste e 11% do território brasileiro (ANDRADE, 2005). As alterações na caatinga tiveram início com o processo de colonização do Brasil, inicialmente como conseqüência da pecuária, associada às práticas agrícolas rudimentares, depois com o aumento da extração de lenha para produção de carvão. Devido ao caráter sistemático dessas atividades, o bioma caatinga tem sido destruído ou seriamente descaracterizado. O gênero Zanthoxylum compreende aproximadamente 200 espécies lenhosas com perianto mono ou diclamídeo, podendo ser arbustivas ou arbóreas, ocorre praticamente em todo o Brasil, sendo as árvores espinhentas, variando de 6 a 18m de altura, e algumas espécies apresentam tronco ereto, com volume de madeira apreciável para serraria. A espécie Samanea inopinata (Harms) Ducke, pertencente à família Leguminosae-Mimosoideae, pode atingir até 30m de altura e tem grande potencial paisagístico. Sua madeira é macia e pouco durável, podendo ser utilizada como forragem (LORENZI, 1998). Este trabalho tem por objetivo descrever anatomicamente o lenho das espécies Samanea cf inipinata e Zanthoxylum sp. relacionando com o ecossistema caatinga.

METODOLOGIA:
As amostras das madeiras utilizadas estavam depositadas na xiloteca do Instituto de Biologia da UFBA e foram coletadas em Miguel Calmon – BA, sendo o material processado e analisado no Laboratório de Anatomia Vegetal e Micorrizas do IBIO/UFBA. Os corpos de prova foram submetidos a amolecimento físico por fervura. As seções histológicas foram realizadas em micrótomo de deslize, com a espessura variando entre 18 a 22 μm, orientadas nos sentidos transversal, tangencial e radial. Clarificadas em hipoclorito de sódio em solução aquosa 50%, posteriormente coradas com safranina, desidratadas em série etílica ascendente, colocadas em eucaliptol e transferidos para a confecção das lâminas permanentes. Foram deixadas algumas seções sem clarificação e corante. Para as dimensões e comprimento das fibras e dos vasos foi preparado o macerado. A contagem de raios por mm e vasos por mm2 foi feita com o auxilio de lupa e escala micrométrica. As fotomicrografias foram realizadas ao microscópio Axiostar Plus (Zeizz), acoplado a máquina digital Powershot A95 (Canon). Foram seguidas as recomendações da IAWA (1989) e COPANT (1973) para classificação, descrição, mensurações e contagem dos elementos celulares.

RESULTADOS:
Samanea cf inopinata apresentou camadas de crescimento distintas, demarcadas pela presença de fibras achatadas radialmente no lenho tardio; elementos de vaso solitários e geminados, numerosos e com porosidade difusa, curtos, diâmetro tangencial médio, placas de perfuração simples; fibras muito curtas, estreitas, paredes delgadas; parênquima aliforme; raios unisseriados, muito numerosos, contendo células procumbentes. Zanthoxylum sp apresentou camadas distintas, demarcadas por faixa de células parenquimáticas; elementos de vaso extremamente numerosos, porosidade difusa, em arranjos radiais de 2-5 elementos e solitários, curtos, diâmetro tangencial médio, placas de perfuração simples; fibras curtas, estreitas, paredes espessas; parênquima marginal; presença de cristais; raios muito numerosos com 1-3 células, integrados por células procumbentes na região central e fileiras de células quadradas na margem. Segundo Zimmermann (1983), vasos de menor diâmetro e curtos são mais seguros na condução da água e há uma relação direta da diminuição do diâmetro dos vasos com espécies que vivem em condições xéricas. Ambas apresentaram estes tipos de vasos e parênquima abundante. Angyalossy et al. (2005) afirmam que o parênquima paratraqueal é mais abundante em latitudes menores.

CONCLUSÕES:
Pelo curto tamanho e médio diâmetro dos elementos de vasos, presença de placas de perfuração simples e pela abundância de parênquima, em ambas as espécies, pode-se inferir que as mesmas se encontram anatomicamente adaptadas ao ecossistema caatinga.



Palavras-chave:  Anatomia Vegetal, Descrição Anatômica, Caatinga

E-mail para contato: natalia_vitor@yahoo.com.br