G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A AFETIVIDADE NA SALA DE AULA.REFLEXÕES A PARTIR DAS PRÁTICAS EXERCIDAS POR PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS.
FLORICELIA SANTANA TEIXEIRA1 CAMILA BARRETO DA GAMA1 TAYANE NASCIMENTO HUBER1 ARIANE DE BRITO SANTOS1 ANA RITA CHIARA1
1. UNIVERSIDADE TIRADENTES
INTRODUÇÃO:A afetividade é o ponto de partida do desenvolvimento humano, porém não é um domínio isolado, mantendo com a inteligência uma relação de complementaridade e quando integradas permitem a criança atingir níveis de evolução cada vez mais elevados. Este estudo procurou investigar a afetividade sob o enfoque teórico de Henri Wallon, o autor que criou uma teoria de desenvolvimento que coloca no mesmo plano de importância os aspectos afetivos, pessoais, cognitivos e motores do desenvolvimento. O nosso enfoque foi a sala de aula, uma vez que a escola é de importância fundamental para o desenvolvimento da criança e o professor ocupa um papel indiscutível na sua formação, sendo ele o responsável pela administração dos conflitos que decorrem no interior do cotidiano escolar. Esta pesquisa é fruto de uma reflexão realizada durante a nossa experiência como voluntárias em uma creche para crianças carentes, que tinham entre três e sete anos. Como voluntárias notamos a diferença no desenvolvimento das atividades escolares, entre as crianças que apanhavam diariamente dos pais daquelas outras que eram tratadas com atenção pela família. Esse fato nos despertou a curiosidade de compreender o quanto a vida afetiva poderia influenciar na atividade escolar e no relacionamento professor-aluno.Sendo assim, nosso objetivo foi identificar as escolas que admitem “incluir” em sua proposta pedagógica a educação da afetividade e observar quais as práticas afetivas desenvolvidas pelo professor.METODOLOGIA:O presente projeto teve como objeto de estudo a sala de aula, as práticas e saberes utilizados pelos professores para lidar com a afetividade. Inicialmente, buscamos identificar a nossa população, uma escola pública do Ensino Fundamental, situada na periferia de Aracaju. Após algumas visitas exploratórias, optamos por trabalhar com os professores do primeiro ao quinto ano. A pesquisa apresentou um cunho eminentemente qualitativo e o procedimento utilizado para coleta de dados foi a observação na sala de aula e nas dependências da escola. Os dados observados foram registrados em um diário de campo, compreendo os seguintes aspectos: identificação das práticas afetivas exercidas na escola; resultados obtidos ao utilizá-las; identificação e registro da “atividade afetiva” criada pela professora; observação da reação das crianças diante dessa atividade; e a observação do momento em que a professora aplicou a mesma.
Os dados coletados foram organizados em ordem cronológica para facilitar o processo de análise. O procedimento desta compreendeu as seguintes fases: leitura preliminar e organização cronológica das observações; releitura e agrupamento das diferentes etapas da observação, por exemplo, todas as observações referentes à reação das crianças à “prática afetiva”; leitura e releitura das respostas da entrevista; grifo das práticas que se destacaram na fala dos professores; por último, agrupamento das informações em temas que se transformaram em categorias.
RESULTADOS:Os resultados demonstram que a inteligência e a afetividade são dois fenômenos interligados no desenvolvimento infantil. Desse modo, a escola, em suas atividades, enquanto responsável pelo desenvolvimento da personalidade da criança, deve promover tanto o aspecto cognitivo, quanto o afetivo. O professor, responsável direto pela aprendizagem, deve saber lidar com as manifestações afetivas da criança, particularmente, com as emoções na sala de aula. Os nossos dados permitiram identificar que, em função da proximidade com o ambiente familiar, na realidade estudada, o professor assume o papel caricaturado de mãe. Ao assim proceder, a escola acaba por mostrar que as relações afetivas não parecem compor o par professor-aluno, já que as relações de afeto implicam necessariamente uma interação de mãe-filho. Um outro aspecto a destacar é que a afetividade, na sala de aula, ainda se limita ao campo relacional, e o professor não percebe que ao desenvolver suas atividades pedagógicas promove tanto o aspecto cognitivo quanto o afetivo, já que ambos são parceiros constantes nas produções humanas. Destaca-se, aqui, a relevância de a escola se ocupar, também, das manifestações emotivas, pois, se não bem administradas, podem prejudicar o desenvolvimento cognitivo da criança e o desempenho do professor. Enfim, essa pesquisa permitiu um conhecimento maior das práticas afetivas exercidas pelo professor, que são construídas no constante desafio entre a sua competência teórica e as habilidades necessárias à sala de aula.CONCLUSÕES:As relações afetivas são para alguns grupos o motivo das suas agregações, fato que não ocorre com a escola, na qual a razão primeira de sua existência está na responsabilidade com o conhecimento. Mesmo na escola, as relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, numa interação entre pessoas. Tanto quanto a família, a escola é um meio que exerce grande influência sobre o desenvolvimento da personalidade infantil, portanto não pode tratar a criança fragmentariamente, mas concebê-la como um ser completo. Partindo dessa concepção, o desafio da escola é transmitir o conhecimento sem negligenciar as condições afetivas de seus alunos. Para isso, o professor, enquanto articulador do processo de construção do conhecimento deve construir uma prática pedagógica que possibilite o desenvolvimento conjunto da afetividade com a inteligência. Desse modo, ao professor é delegado um importante papel social, qual seja, o de compreender o aluno no âmbito de sua dimensão humana, na qual tanto os aspectos cognitivos quanto os aspectos afetivos estão presentes e se interpenetram em todas as manifestações do conhecimento. Por fim, a afetividade é um campo aberto para investigações e Wallon, apenas, indicou caminhos a serem trilhados em estudos complementares. Este trabalho aponta também a necessidade de novos estudos sobre a reciprocidade entre afetividade e cognição de modo que seus resultados ampliem essa discussão e possam assegurar ao professor uma ação pedagógica mais eficaz.
Instituição de fomento: UNIVERSIDADE TIRADENTES
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: AFETIVIDADE, FORMAÇÃO DO PROFESSOR, PRÁTICAS
E-mail para contato: teixeira.flor@hotmail.com
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