60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

DESNUTRIÇÃO E DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A EM CRIANÇAS

Tatianne Moura Estrêla Dantas1
Karine Ferreira Agra1
Déborah Daniele Tertuliano Marinho2
Rafaela Alves de Souto2
Everton Oliveira de Queiroz3
Adriana de Azevedo Paiva4

1. Departamento de Fisioterapia - UEPB
2. Departamento de Enfermagem - UEPB
3. Departamento de Farmácia - UEPB
4. Profª Dra/Orientadora – Núcleo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas, UEPB


INTRODUÇÃO:
A vitamina A é considerada um dos micronutrientes essenciais para os processos de diferenciação e manutenção epitelial. A sua deficiência, acarreta alterações no ciclo visual, no mecanismo de reprodução, no crescimento e desenvolvimento e no sistema imunológico. Entre os componentes nutricionais, a vitamina A é considerada um nutriente de fundamental importância no crescimento infantil, uma vez que seus metabólitos ativos, o retinol e o ácido retinóico, atuam como hormônios esteróides, afetando a síntese das proteínas envolvidas na diferenciação e crescimento de células e tecidos. Dados da literatura sugerem a existência de uma relação positiva entre a deficiência de vitamina A (DVA) e a ocorrência de desnutrição em áreas onde os dois distúrbios são muito comuns. Porém, estudos realizados em países em desenvolvimento têm demonstrado que esta deficiência pode ser prevalente mesmo em áreas onde a desnutrição esteja em declínio. Neste contexto, o presente estudo visa avaliar a relação entre a DVA e o estado nutricional em crianças com 6 a 59 meses de idade.

METODOLOGIA:
Estudo transversal, domiciliar, envolvendo 149 crianças residentes no município de Campina Grande, PB. Trata-se do desdobramento de uma pesquisa de base populacional desenvolvida na Paraíba, com vistas a avaliar o “Programa Vitamina A Mais”, bem como determinar a prevalência de DVA e desnutrição em crianças. A coleta de dados socioeconômicos e demográficos foi realizada através da aplicação de formulário. Foram coletados 5 mL de sangue para determinar a concentração de retinol sérico por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. As crianças foram consideradas com DVA quando apresentaram concentração de retinol <0,70 µmol/L. O peso foi aferido em duplicata, utilizando-se balança digital da marca TANITA. A estatura foi medida também em duplicata utilizando-se infantômetro manufaturado de madeira (crianças < 2 anos) ou estadiômetro portátil da marca SECA (crianças  2 anos). A avaliação nutricional foi realizada através dos índices antropométricos P/I (peso para idade), E/I (estatura para idade) e P/E (peso para estatura), determinados em escore-Z, e comparados ao padrão de referência do NCHS 1977, considerando-se como desnutrição os valores < 2 desvios padrão. Os dados foram analisados com auxílio do programa Epi Info v.6, considerando-se o nível de significância de 5%.

RESULTADOS:
Das 149 crianças analisadas, 49,7% eram do sexo masculino e 50,3% do sexo feminino, com média de idade de 44,27 meses (DP = 13,17 meses). Quanto às características socioeconômicas, 82,6% das famílias encontravam-se abaixo da linha de pobreza (≤ ½ salário mínimo per capita por mês) e 65,1% dos responsáveis pelas crianças apresentaram escolaridade de nove anos ou menos de estudo. A prevalência de DVA foi de 23,5% e a média de retinol sérico das crianças foi de 0,87 μmol/L (DP = 0,22 μmol/L) sem diferenças estatisticamente significativas entre o sexo (p = 0,237) e a faixa etária (p = 0,781). De acordo com a avaliação do estado nutricional, observou-se que 2% das crianças apresentaram desnutrição global (déficit de P/I), 0,7% desnutrição aguda (déficit de P/E) e 1,3% desnutrição crônica (déficit de E/I). Não foi observada relação estatisticamente significativa entre a DVA e a desnutrição de acordo com os índices P/I (p = 684), P/E (p = 0,578) e E/I (p = 0,373). Observou-se que crianças com desnutrição crônica (déficit de E/I) apresentaram média de retinol menor que crianças normais, porém, sem diferença estatisticamente significativa (0,65 μmol/L e 0,88 μmol/L, respectivamente; p > 0,05).

CONCLUSÕES:
De acordo com os dados obtidos nesta pesquisa, pôde-se verificar que a DVA apresentou-se como um grave problema de Saúde Pública no município de Campina Grande, entretanto foram detectados baixos índices de desnutrição. Além disso, os dois distúrbios nutricionais não se apresentaram associados. Este fato sugere que a DVA é um problema nutricional que pode ocorrer independente do estado nutricional infantil. Medidas de intervenção devem ser adotadas como forma de prevenir e/ou reduzir a prevalência de DVA, tais como: educação nutricional e fortificação de alimentos para populações de risco, pois a vitamina A contribui para reduzir a morbimortalidade infantil.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq – Processo 402157/2005-2)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Desnutrição, Crianças, Vitamina A

E-mail para contato: tati_estrela@hotmail.com