60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 4. Embriologia

DESENVOLVIMENTO LARVAL VITELÍNICO DO APAIARI (ASTRONOTUS OCELLATUS) SOB ESTEREOMICROSCÓPIO.

Maria do Carmo Faria Paes1
Laura Satiko Okada Nakaghi2, 5
Lilian Cristina Makino3
João Batista Kochenborger Fernandes5
Leonardo Avendaño1

1. Mestrando(a) do Programa de Pós-graduação em Aqüicultura do CAUNESP/Jaboticabal
2. Prof(a). Dr(a). - Depto. de Morfologia e Fisiologia Animal FCAV - Orientadora
3. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Aqüicultura do CAUNESP/Jaboticabal
5. Prof(a). Dr(a). - Docente do Centro de Aqüicultura da UNESP/CAUNESP/Jaboticabal


INTRODUÇÃO:
Segundo CASTAGNOLLI (1992), mesmo o Brasil já dispondo de razoável tecnologia de criação das espécies nativas, há a necessidade de se conhecer melhor a biologia de algumas espécies de grande potencial para a piscicultura. O Astronotus ocellatus é uma espécie apreciada como ornamental e muito consumida pela região Norte do país, mas apesar de sua importância para a piscicultura, este ainda é um peixe pouco estudado. Não foi encontrado na literatura atual trabalhos de desenvolvimento de larvas nesta espécie. Estudos sobre desenvolvimento larval são muito importantes, pois podem ser utilizados em uma ampla variedade de pesquisas. As descrições das fases de desenvolvimento podem auxiliar na identificação, produtividade e sobrevivência de larvas, já que há variações de acordo com cada espécie (LAGLER, 1959). Além disso, podem servir para estudar diversos aspectos da ontogenia e serem utilizados como objeto de experimentação na avaliação da qualidade do ambiente e do efeito de substâncias tóxicas sobre a fauna aquática (FLORES et al., 2002). O objetivo do presente trabalho foi analisar, sob estereomicroscópio, o desenvolvimento larval vitelínico do Astronotus ocellatus, justificável por sua importância na perpetuação e preservação da espécie, pelas poucas informações existentes e por ser um peixe nativo pouco cultivado na piscicultura que requer maiores estudos para que haja a reprodução e produção em maior escala (DA SILVA et al., 2004).

METODOLOGIA:
O experimento foi realizado com exemplares de Astronotus ocellatus pertencentes ao Centro de Aqüicultura da Universidade Estadual Paulista (CAUNESP), Campus de Jaboticabal. As análises foram realizadas no Laboratório de Histologia de Peixes do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, Campus de Jaboticabal. Utilizaram-se dois lotes de reprodutores de A. ocellatus, mantidos em dois viveiros de alvenaria de 81,0 m³ (9,0 m de comprimento X 9,0 m de largura X 1,0 m de profundidade). Foram colocados cilindros de plástico e tijolos de cerâmica (0,20 m X 0,20 m X 0,10 m), em toda extensão dos taludes internos dos viveiros para abrigo e substrato para desova. Foi então observada e coletada a desova ocorrida no período de fevereiro de 2008. Assim que percebida no viveiro, esta foi retirada e transportada para incubadora do tipo bandeja plástica com 0,40 m de largura X 0,60 m de comprimento X 0,15 m de altura com aerador e fluxo de água contínuo. Iniciaram-se as coletas das amostras a partir da eclosão, de seis em seis horas até a abertura da boca da larva, depois de 12 em 12 horas até a absorção total do vitelo. As amostras foram conservadas em álcool 70%, observadas e fotografadas em estereomicroscópio LEICA MZ8, acoplado ao equipamento automático de fotomicrografia LEICA DC 180.

RESULTADOS:
A eclosão das larvas ocorreu no terceiro dia após transferência da desova para incubadora a uma temperatura média de 27,45±2,13ºC. A larva recém-eclodida apresentou-se transparente, com pigmentação restrita ao corpo e ao saco vitelínico. A membrana embrionária presente é bastante ampla, a boca e ânus estavam fechados, glândulas adesivas muito desenvolvidas e em número de dois pares na região superior e um par na região frontal da cabeça, estando de acordo com o descrito por NAKATANI et al. (2001). Um esboço do coração pulsava com 6 horas pós-eclosão (hPE). O coração é o primeiro órgão que apresenta funcionalidade. OSMAN et al. (2008) afirmam que a rápida formação do coração indica uma adaptação de espécies nativas de águas quentes, ao aumento da taxa metabólica resultante da demanda de oxigênio e nutrientes sob temperaturas elevadas. Com 53 hPE a boca se abre e os olhos se encontram desenvolvidos e pigmentados, características típicas de espécies cuja alimentação e fuga dos predadores dependem principalmente da visão (OSMAN et al., 2008). Com 77 hPE as larvas encontravam-se com a nadadeira peitoral livre, o opérculo recobria quase totalmente as brânquias já bem desenvolvidas e o maxilar inferior já apresentava movimento. A partir de 101 hPE as glândulas adesivas já não estavam tão evidentes, as nadadeiras peitorais possuíam grande movimento e o opérculo já estava completamente formado. Com 113 hPE foi percebida a excreção de bile pelo ânus, também encontrado por CHACON (1959). Com 185 hPE o vitelo já estava absorvido.

CONCLUSÕES:
O desenvolvimento larval vitelínico do apaiari se deu em 185 horas após a eclosão a uma temperatura de 27,45±2,13ºC. A descrição dos estágios mais relevantes do desenvolvimento de larvas de Astronotus ocellatus, fornece informações pouco descritas na literatura atual que irão contribuir para o conhecimento da biologia desta espécie.

Instituição de fomento: FAPESP e CAUNESP



Palavras-chave:  Morfologia, Peixe, Reprodução

E-mail para contato: mariacfpaes@yahoo.com.br