60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

A AULA-TROTE COMO ESTÍMULO AO PENSAMENTO CRÍTICO-CIENTÍFICO DE PROFESSORES E ALUNOS

Ivan Jeferson Sampaio Diogo1
Francisco Gustavo Silveira Correia1
Pablo Francisco Mapurunga Bonfim1
Ana Lúcia Ponte Freitas2

1. Departamento de Biologia - UFC
2. Prof. Dr. - Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular - UFC - Orientador


INTRODUÇÃO:
Os “Cursos de Férias” foram criados em 1988 por Leopoldo de Meis, docente do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM) da UFRJ, pesquisador na área de Ciências da Vida. Inspirados nos cursos, o Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou o I e II Curso de Férias, projeto monitorado por membros do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Ciências Biológicas da UFC, e intitulado “A lógica molecular da Vida”. Esses Cursos de Férias são voltados às Escolas Públicas do estado do Ceará. No decorrer do curso, muitas atividades são realizadas para estimular a participação do aluno: “tempestade de idéias” ou brainstorming, dinâmicas de grupos, apresentação de resultados obtidos em experimentos científicos e a “aula–trote”. A aula-trote baseia-se na observação de que alunos e professores estão inseridos na forma tradicional de aprendizado: o professor é superior ao aluno, e este é mero “receptor de informação”; o professor mostra o que é correto, o aluno não pode contestar ou mesmo refletir com seu próprio discernimento. O trabalho tem por objetivo analisar a aula-trote pelo ponto de vista metodológico, a reação do grupo experimental no instante da aplicação e a repercussão ao final da atividade.

METODOLOGIA:
A aula-trote foi realizada na forma de aula expositiva, apresentada por um monitor que explanou informações corretas combinadas com informações absurdas e incoerentes. O monitor do PET Biologia preparou a aula da seguinte forma: apresentação de três informações por “slide”, em média, duas destas estavam errôneas ou equivocadas. A aula abrangeu informações sobre seres vivos, matéria inanimada, organismos geneticamente modificados, vírus, entre outros. O monitor designado, denominado Professor, foi apresentado ao grupo de professores e alunos das escolas públicas como um renomado cientista, pós-graduado em Biologia Molecular e Computacional por uma universidade estrangeira importante. Todo enredo foi desenvolvido pelos realizadores do curso, com intuito de elevar o “status” do personagem Professor. A aula-trote foi aplicada no primeiro dia do curso. No último dia, o Professor retornou, e dispôs um desafio aos professores e alunos participantes: descobrir e justificar informações errôneas. Ao fim, todas informações foram corrigidas, e o monitor que representou o Professor revelou sua identidade, explicando a atividade e sua importância para o despertar do criticidade. Foi analisada a reação do grupo à atividade e sua repercussão, por meio de observações e de questionários avaliativos.

RESULTADOS:
Ao analisar as respostas contidas no questionário respondido pelos 19 professores participantes, podemos verificar uma aceitação unânime da aula-trote.Os professores reconheceram que quando colocados diante de um professor Doutor com tantas titulações ficaram acanhados em questionar as informações que são repassadas, por mais absurdas que possam parecer. Através das respostas, 84% afirmaram que serão de agora em diante mais críticos em relação às informações que lhe serão transmitidas. Observou-se que 16% dos professores relacionaram a aula-trote com sua atividade em sala de aula. Isso fez com que esses profissionais refletissem sobre a importância que seus alunos dão as informações passadas durante as aulas. No entanto, esse número bastante pequeno demonstra a falta de consciência por parte dos professores do tamanho de sua importância para os discentes. Acrescenta-se aí o dado de que nenhum professor manifestou claramente a intenção de aplicar essa metodologia em sala de aula com seus alunos. Já em relação aos alunos, dos 31 participantes do curso, 78% considerou a aula-trote excelente, 19% considerou-a ótima e apenas 3% considerou-a ruim. Esse alto índice de aceitação foi constatado quando se observou o interesse dos alunos em desmentir as informações ditas pelo Professor.

CONCLUSÕES:
A aula trote é uma atividade extremamente válida para a formação dos professores. Além de ser uma atividade que desponta o desenvolvimento de um senso crítico por parte dos docentes e discentes.

Instituição de fomento: FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos



Palavras-chave:  discentes, criticidade, docentes

E-mail para contato: ivan_kdf@yahoo.com.br