60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química

ENCAPSULAÇÃO DE TENOXICAM EM PHB PARA APLICAÇÃO ORAL

Adriana Calderini1
Milene Heloísa Martins1
Francisco Benedito Teixeira Pessine1, 2

1. Departamento de Físico-Química - Insituto de Química - UNICAMP
2. Prof. Dr. / Orientador


INTRODUÇÃO:
O fármaco Tenoxicam (TNX) apresenta efeito analgésico e antiinflamatório, sendo usado oralmente no tratamento de desordens reumáticas. Entre outros efeitos colaterais, causa irritação gástrica. No presente estudo, foram preparadas microesferas do polímero poli-3-hidroxibutirato (PHB) contendo TNX, com o objetivo de melhorar suas propriedades farmacológicas e, consequentemente, diminuir a irritação gástrica causada pelo fármaco. O polímero PHB é um dos mais utilizados entre os biopolímeros. É produzido biosinteticamente por bactérias a partir de matérias-primas naturais e pode ser prontamente quebrado por microorganismos sob diferentes condições. Seu uso em sistemas de liberação sustentada foi reportado recentemente. O método de emulsão óleo em água (O/A), seguida de evaporação do solvente, foi utilizado neste projeto. Alguns parâmetros que poderiam afetar as características das microesferas foram avaliados através de um planejamento fatorial 22 analisando: o tamanho das partículas, o potencial zeta, a morfologia da superfície e o conteúdo de TNX encapsulado.

METODOLOGIA:
Microesferas de PHB e TNX foram preparadas pelo método de emulsão O/A. Foi realizado um planejamento fatorial de 22 variando a concentração de fármaco e da solução de PVA. O polímero PHB (300mg) e TNX (62,5 ou 125mg) foram dissolvidos em diclorometano. Foram feitas duas soluções de álcool polivinílico (PVA) em água, a 1 e 2% m/v. Foram gotejados 6mL da solução do polímero e do fármaco em 30mL da solução de PVA, sob agitação a 6000rpm, utilizando um dispersor de alta velocidade (Ultraturrax, T18, IKA) durante 10 minutos. As partículas foram lavadas 3 vezes com água deionizada em ultracentrífuga (HIMAC CP80WX, HITACHI) a 15000rpm e 4ºC por 30minutos. As suspensões foram liofilizadas usando trealose como crioprotetor. A morfologia das partículas foi analisada por Microscopia Eletrônica de Varredura MEV (CEM902, Carl Zeiss), o potencial zeta e o tamanho das partículas foram determinados num equipamento ZetaSizer 2000 (Malvern Instruments) à 25ºC. O conteúdo do fármaco (massa de TNX nas partículas x 100/massa de partículas recuperadas) foi obtido medindo a absorbância de uma solução contendo uma determinada massa da amostra liofiizada e de uma curva de calibração obtida por espectrofotometria no UV-Vis (Espectrofotômetro HP8453A).

RESULTADOS:
Na análise das micropartículas por MEV verificou-se uma distribuição heterogênea de tamanho, geometria esférica e superfície irregular. Quanto à distribuição de tamanho, observou-se esta é menor quanto porcentagem de PVA e concentração do fármaco. A polidispersidade diminuiu nas formulações com menor concentração de fármaco. Em relação às medidas do potencial zeta, estas não apresentaram diferenças significativas entre as amostras. O conteúdo do TNX nas partículas (%) aumentou com a concentração do fármaco e diminuiu com aumento da porcentagem de PVA. A formulação de menor tamanho (431+/-6nm) e polidispersidade (0,37+/- 0,03) foi: 1% de PVA/15mg de TNX. O maior percentual de conteúdo do TNX nas partículas (20 +/-1 %) foi: 1% de PVA/30mg de TNX.

CONCLUSÕES:
A porcentagem de PVA e a concentração de TNX influenciaram nos seguintes parâmetros: diâmetro da partícula, polidispersidade e conteúdo de fármaco encapsulado. Não houve variação significativa no potencial zeta. Apesar da quantidade do fármaco encapsulada ter sido baixa, ela está condizente com os valores encontrados na literatura para esse sistema. Estudos posteriores serão realizados para melhorar porcentagem de encapsulação do TNX.

Instituição de fomento: Capes



Palavras-chave:  PHB, Tenoxicam, Micropartículas

E-mail para contato: francisco.pessine@iqm.unicamp.br