D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia
CONHECIMENTO POPULAR SOBRE ASPECTOS TOXICOLÓGICOS DE PLANTAS MEDICINAIS NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE
Lázaro Robson de Araújo Brito Pereira1 Fernanda Granja da Silva Oliveira1 Maria Glauciene Félix de Oliveira1 Ana Angélica Martins Costa1 Mônica Oliveira da Silva Simões2 Ana Cláudia Dantas de Medeiros2
1. Departamento de Farmácia/UEPB 2. Prof. Dr. / Orientador
INTRODUÇÃO:O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta e possui uma rica diversidade étnica e cultural, assegurando um valioso conhecimento tradicional relacionado ao uso de plantas medicinais, possuindo potencial necessário para o desenvolvimento de pesquisas que resultem em novas tecnologias e serviços terapêuticos. O reconhecimento do valor das plantas medicinais como recurso clínico, farmacêutico e econômico cresce progressivamente em vários países. A legislação brasileira para medicamentos fitoterápicos vem sofrendo modificações nos últimos anos. Esta preocupação das autoridades regulatórias com a normatização dos medicamentos fitoterápicos propicia a avaliação de aspectos importantes. O uso tradicional de diversas plantas medicinais baseado em conhecimentos populares, a etnofarmacologia, aliado à crença de que, por ser natural não causa reações adversas, fez com que poucas plantas medicinais fossem avaliadas através de estudos pré-clínicos e clínicos, a fim de comprovar sua eficácia e segurança. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o nível de conhecimento da população acerca da toxicidade de plantas medicinais utilizadas como remédios caseiros, no município de Campina Grande - PB.METODOLOGIA:A pesquisa foi realizada em postos de saúde do município de Campina Grande – PB, no período de Agosto de 2007 á Janeiro de 2008, utilizando uma abordagem quali-quantitativa com estudo transversal através de pesquisas descritiva, participativa e exploratória. A amostra foi constituída por indivíduos de ambos os sexos, maiores de 18 anos, que utilizam os serviços de saúde, do município de Campina Grande, e que reconhecidamente utilizam remédios caseiros à base de plantas medicinais. Foi aplicado um questionário à população estudada, a fim de que se possa conhecer a utilização de remédios à base de plantas medicinais pelas comunidades selecionadas. Os dados foram tabulados em EPI INFO 6.04b, e foram apresentados através de figuras e/ou tabelas. De posse dos resultados, realizou-se uma abordagem qualitativa comparando os dados obtidos com os da literatura científica. O projeto foi encaminhado ao comitê de ética da UEPB, e foi aprovado, seguindo a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde. Todos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, no ato da pesquisa.RESULTADOS:Durante o período de estudo foram entrevistados 300 pacientes atendidos nos postos de saúde do município de Campina Grande. Observou-se que houve prevalência do gênero feminino e que a faixa etária com maior freqüência situou - se entre 40 a 49 anos. A maioria dos entrevistados afirmou costumar usar plantas medicinais, das quais a erva-cidreira (Melissa officinalis) foi a de maior incidência no estudo, seguida pelo boldo (Peumus boldus) e capim santo (Cymbopogon citratus). Dentre as formas farmacêuticas citadas, o uso do chá foi a de maior incidência no estudo. Observou-se que a maioria dos indivíduos obtinha plantas medicinais em suas próprias casas e a origem do conhecimento em relação à utilização de plantas medicinais foi conferida aos familiares. Foi observado que 5,33% dos entrevistados afirmaram já ter sofrido intoxicação por plantas medicinais, e 6,33% relataram conhecimento sobre a existência de alguma intoxicação causada, em algum indivíduo da comunidade estudada, por plantas medicinais. A maioria dos entrevistados desconhecia a existência de plantas tóxicas. Dentre as plantas tóxicas citadas, observou-se que comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguine Schott) apresentou-se com maior incidência, seguida pela espirradeira (Nerium oleander) e urtiga (Cnidoscolus urens L.).CONCLUSÕES:A identificação e as informações obtidas sobre o uso de plantas medicinais podem ser utilizadas para orientar pesquisas com a finalidade de refinar ou otimizar os usos populares correntes, desenvolvendo preparados terapêuticos de baixo custo, ou isolar substâncias ativas passíveis de síntese pela indústria farmacêutica. É importante notar que a maioria dos entrevistados que se dispuseram à entrevista a respeito de plantas medicinais desconhecem qualquer intoxicação que tenha ocorrido decorrente do uso de plantas creditando, por isso, a sua atoxicidade. Os resultados deste estudo servem de subsídio para que o conhecimento popular gerado nessa comunidade possa ser compartilhado com as gerações mais jovens, tornando-se necessárias estratégias de desenvolvimento para que essas populações despertem o interesse nessa área, como a criação de espaços, como os hortos medicinais ou Farmácias Vivas, onde esse conhecimento possa ser mantido e fortalecido através de mecanismos de geração de renda e de valorização desse conhecimento. Podendo assim haver o retorno dos benefícios advindos do conhecimento empírico generosamente fornecido por essas comunidades em forma de melhoria de sua qualidade de vida.
Instituição de fomento: CNPQ/PIBIC/UEPB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: Etnofarmacologia, Plantas medicinais, Toxicologia
E-mail para contato: lazarorobson@hotmail.com
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