D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
AGENTES MICROBIANOS PRESENTES NO ECOSSITEMA VAGINAL DE REEDUCANDAS DO SISTEMA PRISIONAL DE GOIÁS E COMPORTAMENTOS DE RISCO
Letícia Rejane Silva1 Fernanda Camargo Costa1 Nativa Helena Alves Del-Rios1 Divânia Dias da Silva França1 Megmar Aparecida Carneiro Santos3 Sandra Maria Brunini2
1. Faculdade de Enfermagem / UFG 2. Professor Dra. / Orientador 3. Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/UFG
INTRODUÇÃO:Apesar dos esforços substanciais desprendidos nos últimos anos, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) mantém-se como um dos principais problemas de saúde pública. Mulheres são consideradas uma população particularmente vulnerável às infecções, especialmente às de transmissão sexual. Essa suscetibilidade está relacionada às suas características fisiológicas e anatômicas, apresentando condições que facilitam a transmissão e o desenvolvimento de DST, as quais se não diagnosticadas ou não tratadas provocarão agravos à saúde. Direcionando-se a atenção à população feminina encarcerada, identifica-se maiores taxas de prevalência de doenças infecciosas e maior ocorrência de comportamentos de risco para DST do que na população geral. A vida em cárcere aumenta a vulnerabilidade dessas mulheres à medida que lhes adiciona fatores como violência sexual, superlotação das celas, uso de drogas ilícitas, atividade sexual desprotegida, prostituição, baixo nível sócio-econômico e de escolaridade. Diante desse cenário, este estudo objetivou: realizar a colpocitologia oncótica na população feminina de reeducandas do Sistema Prisional de Goiás para verificar a prevalência de agentes microbianos no trato genital feminino e ainda, a freqüência de comportamentos de risco presentes nessa população.METODOLOGIA:Trata-se de estudo observacional, analítico, de corte transversal realizado com reeducandas do Sistema Prisional de Goiás, localizado no município de Aparecida de Goiânia-Goiás. O sistema penitenciário possui duas unidades femininas de detenção: Centro de Prisão Provisória (CPP) e Presídio Feminino. A primeira unidade abriga cerca de 70 mulheres e a segunda comporta aproximadamente 80 prisioneiras. Como critério de adesão, as mulheres deveriam ser reeducandas e demonstrarem interesse em participar do estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Aquelas que aceitaram, responderam um questionário contendo questões fechadas sobre dados sócio-demográficos e comportamentos de risco para infecções genitais, incluindo DST. Em seguida, a mulher era encaminhada ao consultório da unidade prisional para realização da coleta de material cérvico-vaginal. Os dados obtidos foram codificados e digitados em microcomputador e analisados em programa estatístico Epi Info 6, versão 6.04, desenvolvido pelo “Centers for Disease Control and Prevention”.RESULTADOS:Das 126 mulheres que aceitaram fazer o exame, 36 foram excluídas por problemas impeditivos à coleta (última semana gestacional, menstruação). Esfregaços satisfatórios foram obtidos em 92,2%(83/90) das lâminas examinadas. Quanto às alterações epiteliais, todos os resultados apresentaram algum tipo de inflamação, sendo que 14,8% eram inflamação com citólise e 3,7%, com reparação. As principais alterações microbianas verificadas foram a presença de bacilos supra citoplasmáticos/Gardnerella vaginalis em 47,0% das amostras satisfatórias (39/83). Associação destes microrganismos com outros tais como Candida sp., cocos ou Trichomonas vaginallis foram observadas em 31% das lâminas analisadas. Lactobacilos isolados ou em associação com Candida sp. ou cocos corresponderam a 50,6%. As mulheres tinham em média 30,8 anos (dp± 9,7). Considerando-se os comportamentos sexuais de risco, a maioria (64,3%) declarou ter vida sexual ativa; 54,9% possuíam parceiro na agência prisional; 81,3% nunca utilizavam preservativos ou o faziam irregularmente e 78% declararam ter tido mais de quatro parceiros sexuais na vida.CONCLUSÕES:Os achados mostram alta prevalência de agentes microbianos, cujo controle pressupõe tratamento medicamentoso extensivo aos parceiros sexuais e seguimento. Os dados reforçam a importância de uma política de saúde voltada para a população carcerária feminina com programas de atenção à saúde da mulher, por tratar-se de grupo com alta vulnerabilidade social e biológica para doenças de transmissão sexual. Constatou-se a necessidade de elaboração e execução de programas de educação em saúde específicos para essa população, por tratar-se de um público à margem dos serviços de saúde, carentes da atenção básica à saúde e de trabalhos que atendam as especificidades do grupo.
Palavras-chave: DST, colpocitologia, reeducandas
E-mail para contato: lerejane@yahoo.com.br
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