Se a informação fosse considerada uma expressão metafórica para ações, práticas e recursos de integração de saberes, fontes, meios e linguagens, seria porém difícil estabelecer os pontos de partida que melhor nos encaminhem a estabelecer relações entre informação, conhecimento e interdisciplinaridade. Os movimentos de reunião dos conhecimentos têm hoje mais de uma direção e ponto de partida: o mercado que os reúne em função de seus jogos econômicos, as Instituições que desdobram as plurais potencialidades epistemológicas em grade histórica e culturalmente definida de realizações -como as universidades e as agências de promoção da pesquisa-, as tendências pós-midiáticas das tecnologias de comunicação interativas à distância, indefinidamente ampliadas nos contextos da convergência digital.

O enfraquecimento de fato das fronteiras disciplinares e das segmentações excludentes não supõe ainda o preenchimento das condições de uma prática de pesquisa e de ensino interdisciplinar, nem de caminhos informacionais cruzados que facilitem interseções e diálogos não só com saberes afins, mas com os interlocutores mais inesperados e distantes.

Afirmaremos, assim, que a realização da interdisciplinaridade e do trânsito para a transdisciplinaridade requer, além de condições epistemológicas, lingüísticas e institucionais, um compromisso ético e político que permita a escuta da alteridade, de modo que em cada encruzilhada e em cada passagem de fronteira, sejam reformulados os compromissos comunicacionais, para que todas e cada uma das partes implicadas assumam sua voz de participante. Sem a condição ética e política, não seria possível constituir uma intersubjetividade frágil e ao mesmo tempo produtiva e transformadora, aberta por tempo indefinido à multiplicidade dos silêncios e das vozes.