Texto organizado na reunião da SBPC pede fortalecimento do programa Cbers e apoio ao Satélite Geoestacionário Brasileiro.
O documento "O Brasil na Era dos Satélites: propostas concretas para aplicação imediata" é fruto de Encontro Aberto realizado na 58º Reunião Anual da SBPC, organizado para examinar três questões: o que o Brasil já fez em matéria de satélites, o que estamos fazendo hoje e o que precisamos fazer daqui para frente. Participaram do evento Marco Antonio Chamon, coordenador de Gestão Tecnológica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); César Celeste Ghizoni, diretor-presidente da empresa Equatorial Sistemas; Celso Melo (parcialmente), professor de Física e pró-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Maurício Meira, executivo da Geoconsult; José Raimundo Coelho, ex-gerente brasileiro do Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Naturais (Cbers); Jurandir Zullo Jr., professor e pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp; e José Monserrat Filho (coordenador), editor do "Jornal da Ciência" e vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA).
Ao documento inicial elaborado pelo grupo ainda em Florianópolis, foram acrescidas sugestões recebidas por e-mail pelo coordenador. Eis as 16 propostas elaboradas:
1) Fortalecer o Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Naturais da Terra (Cbers), que já lançou dois satélites (Cbers 1 e 2) e deve lançar mais três (Cbers 2B, 3 e 4), para que ele alcance resultados ainda mais positivos do que os já logrados;
2) Ampliar ao máximo a política de distribuição de imagens, beneficiando Universidades, Centros de Pesquisa, Prefeituras, empresas etc.;
3) Manter o país atualizado em tecnologia espacial;
4) Incentivar em escala ainda maior a formação de recursos humanos especializados na área espacial (a idade média do pessoal da área hoje está em torno de 50 anos e a renovação dos quadros se dá em ritmo muito lento;
5) Incorporar novas gerações de pesquisadores em ciência e tecnologia espacial;
6) Promover maior participação das Universidades brasileiras no programa espacial brasileiro;
7) Disponibilizar imagens do Cbers com revisitas mais freqüentes;
8) Pensar num projeto de satélite meteorológico como seqüência da linha dos Satélites de Coleta de Dados (SCD-1 e 2);
9) Definir melhor os objetivos da Política Espacial brasileira;
10) Focalizar o programa brasileiro de satélites nas necessidades dos usuários, especialmente nas áreas da agricultura, comunicação e planejamento territorial e de monitoramento de recursos naturais;
11) Ganhar acesso aos mercados internacionais; nunca esquecer que a cooperação com outros países e suas empresas é cada vez mais fundamental no mundo de hoje;
12) Propor ao governo que procure criar uma organização capaz de coordenar as compras das instituições públicas em matéria de serviços e produtos de geoinformação, tendo em vista uma distribuição mais adequada desses serviços e produtos tanto para uso das próprias entidades governamentais como, eventualmente, para o público em geral;
13) Substituir o sensor Modis, com vida útil prevista até 2009, por um satélite brasileiro de observação da Terra (com resolução de 20-30m), indispensável ao trabalho de acompanhar em tempo real o desmatamento da Amazônia e também com grande utilidade para a agricultura; para concretizar tal projeto já existem condições técnicas e também, na prática, o orçamento necessário.
14) Levar adiante o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), sob a coordenação da AEB e/ou do CTA, que trará enormes benefícios tecnológicos e de aplicações aos diversos setores estratégicos e de segurança do país, envolvendo diversas instituições de pesquisa e desenvolvimento nacionais e órgãos públicos;
15) Incentivar o maior envolvimento dos pesquisadores do setor espacial brasileiro e fabricantes nacionais nas atividades da CBC9 (Comissão Brasileira de Estudos 9 de Radiocomunicações) coordenada pela Anatel, que dentre os temas de estudo encontram-se os Serviços Fixo e Móveis por Satélite e os Serviços Científicos Espaciais;
16) Desenvolver um programa de satélites científicos, tendo em vista o papel da ciência básica como driver para missões espaciais, gerando novos conhecimentos e novas tecnologias. |