IMPRIMIR VOLTAR
Estudo sobre a percepção de cenas a partir de julgamentos de imagens acromáticas e cromáticas com efeitos artísticos e sob condições de filtragem de frequências espaciais
Franceli Guaraldo
Universidade de Franca (UNIFRAN)
 
RESUMO A psicologia da percepção visual humana tem fornecido contribuições relevantes e aplicáveis ao design de dispositivos visuais em meios impressos, digitais e virtuais. Trabalhos recentes indicam que a percepção de cenas pode ocorrer num “relance de olhar”(gist perception), de modo holístico (envelope spatial theory), diretamente a partir do processamento visual de informações, como cor e freqüências espaciais, existentes nessas representações visuais. Esse trabalho investiga o papel das freqüências espaciais e da cor na percepção de cenas do cotidiano, fotografadas e manipuladas através da computação gráfica (“filtros artísticos” - impressionismo e pontilhismo), e em quatro condições de filtragem de altas e baixas freqüências espaciais. Foram realizados dois experimentos, o primeiro, com sessenta e seis imagens na versão acromática, e, o segundo, com as mesmas imagens na versão cromática, apresentadas taquistoscopicamente (200 milisegundos). Indivíduos adultos (20 a 50 anos) foram solicitados a reconhecer as cenas, comparando-as com as seis cenas fotográficas originais. Verificou-se que maior tempo de reação e maior número de erros estão associados ao reconhecimento de imagens acromáticas e cromáticas em altas freqüências espaciais; há menor variação no tempo e menor número de erros no julgamento de imagens cromáticas; e, que as filtragens efetuadas no domínio da freqüência são os fatores que mais alteraram o tempo de reação e o número de erros nos julgamentos das cenas. Os resultados sugerem que os procedimentos de filtragem que mantêm, como componentes de uma imagem, apenas as altas freqüências espaciais e/ou introduzem outras freqüências dessa natureza, como a aplicação do filtro artístico “pontilhismo”, associados aos efeitos de configuração de cada cena, aumentam o grau de complexidade visual desta, e conseqüentemente, maior processamento e mais tempo são necessários para o reconhecimento da mesma. A cor facilita o reconhecimento das cenas, mas não é condição suficiente para a percepção acurada das imagens dessas cenas. JUSTIFICATIVA DE INTERDISCIPLINARIDADE Dentre as diversas abordagens de estudo relacionadas ao design de sistemas de informação visual, a abordagem baseada nos estudos da psicologia da percepção visual tem fornecido importantes contribuições para a organização, apresentação e visualização de informações em dispositivos que incluem imagens de cenas bi e tridimensionais, em meios impressos e digitais. A partir de uma perspectiva interdisciplinar, e considerando a relevância teórica e prática dos estudos recentes sobre a percepção de cenas observadas em um “relance” do olhar (gist perception), esse trabalho investiga o papel desempenhado pelas frequências espaciais e pela cor como informação para o reconhecimento de representações visuais. BIBLIOGRAFIA ARNHEIN, R. (1980). Arte e Percepção Visual. Uma psicologia da visão criadora: nova versão.São Paulo: Pioneira-EDUSP. CASTELHANO, M. S. & HENDERSON, J. M. (2005). The influence of color on perception of scene gist. Journal of Vision, 5(8), 68a. JACOBSON, R. (ed.) (2000). Information Design. London: MIT Press. KLIMENKO, V. & WEISSTEIN, H.S. (1986). Spatial frequency differences can determine figure-ground organization. Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance, 12(3), 324-330. LOSCHKY, L.C. & SIMONS, D.J. (2004). The effects of spatial frequency content and color on scene gist perception. Journal of Vision, 4 (8), 881a. OLIVA, A. & SCHINS, P.G. (1997). Coarse blobs or fine edges? Evidence that Information diagnosticy changes the perception of complex visual stimuli. Cognitive Psychology, 34, 72-107. OLIVA, A. & TORRALBA, A. (2000). Diagnostic colors mediate scene recognition. Cognitive Psychology, 41, 176-210. OLIVA, A. & TORRALBA, A. (2001). Modeling the shape of the scene: a holistic representation of the spatial envelope. International Journal in Computer Vision, 42, 145-175. TUFTE, E. (1990). Envisioning Information. Cheschire, Connecticut: Graphics Press LLC. WARE, C. (2000). Information Visualization: perception for design. New York: Morgan Kaufmann Publishers. WONG, E. & WEINSTEIN, N. (1983). Sharp targets are detected better against a figure, and blurred targets are detected better against a background. Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance, 9 (2), 194-202. AUTORES GUARALDO, Franceli; fdesign@unifran.br Núcleo de Projetos e Pesquisas de Design da Universidade de Franca TIEDEMANN, Klaus kbtiedemann@terra.com.br Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006