RESUMO Em São Francisco, o aqüífero cárstico nas rochas carbonáticas do Grupo Bambuí constitui a principal fonte de abastecimento da população rural. A precipitação pluviométrica média anual de 1133 mm/ano, concentrada em quatro meses do ano seguidos de longo período de estiagem, e a elevada infiltração da água de superfície nesse domínio cárstico resultam em elevada disponibilidade hídrica subterrânea em detrimento da superficial. Pesquisa interdisciplinar envolvendo estudos geológico-hidrogeológico-hidroquímico e epidemiológico constatou anomalias de fluoreto nessas águas e estabeleceu sua relação com a incidência de fluorose dentária na área, indicando filiação geogênica dessa endemia. A pesquisa envolveu mapeamento geológico regional e de detalhe; identificação e cadastramento de ocorrências de minerais com flúor; estabelecimento do modelo e funcionamento do aqüífero; estudo hidroquímico e das relações do fluoreto com os demais parâmetros químicos, estratigráficos e estruturais da área. No campo da saúde, procedeu-se a estudo epidemiológico e de percepção da fluorose. O inquérito epidemilógico e social qualitativo abordou questões sobre o consumo e a origem da água consumida. A fluorita ocorre em pequena proporção disseminada em fraturas e veios calcíticos nos calcários. Existe notável correspondência entre os sistemas de fraturas, as vazões dos poços e as concentrações de flúor. O estudo hidrogeoquímico de 78 poços tubulares revelou variação de fluoreto de zero a 3,9mg/L e background de 0,45mg/L. Em 16,7% dos poços as concentrações de fluoreto superaram o limite de potabilidade local (0,8mg/L). Os estudos epidemiológicos e qualitativos da população com idade entre seis anos e 22 anos indicaram um índice de prevalência de fluorose dentária de 90% em quatro distritos, com 30% dos dentes em estágio severo de agravo, com sérias conseqüências na qualidade de vida da população. Nesses quatro Distritos, a água consumida pela população provém do aqüífero carbonático e apresenta concentrações de flúor superiores a 1,18mg/L. Palavras-chaves: aqüífero cárstico, contaminação por fluoreto, fluorose dentária, geologia e saúde JUSTIFICATIVA O Instituto de Geo-Ciências, ao conceber este estudo, percebeu a necessidade do trabalho conjunto com a Odontologia e formou-se a equipe. Hoje temos a certeza de que foi fundamental a parceria, criamos um grupo de pesquisa e trabalhamos integrados, há 4 anos. O projeto se expandiu para outros municípios da região, onde a situação é tão ou mais grave do que em São Francisco. A participação das duas áreas, de maneira interdisciplinar, tem permitido uma maior confiabilidade dos resultados e uma ansiedade compartilhada na busca de soluções. Compondo a equipe temos alunos de mestrado e doutorado realizando estudos na área, alguns já concluídos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, F.F. M. de. 1977. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, 7:349-364. Bardin, L. 1977. Análise de conteúdo, Edições 70, Lisboa, 228pp. Brasil. 2000. Controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de qualidade. Ministério da Saúde. Portaria 1469. 29 de dezembro de 2000. Cardoso, L.M., Morita, M.C., Alves, J.C., Licht, O.A.B. 2001. Anomalia hidrogeoquímica e ocorrência de fluorose dentária em Itambaracá - PR. In: Congresso Brasileiro de Geoquímica, 7. Curitiba. Anais,. p. 34. Dawson-Saunders, B. & Trapp, R. G. 1994. Basic and clinical bioestatistics. Appleton e Lange, Norwalk, 344pp. Dissanayake, C. B. 1996. 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EQUIPE Do Instituto de Geociências - UFMG Leila Nunes Menegasse Velásquez, Doutorado em Geociências , 1996 (Coordenação) Lúcia Maria Fantinel, Doutorado em Geociências, 2005 Alexandre Uhlein, Doutorado em Geociências, 1991 Da Faculdade de Odontologia - UFMG Efigênia Ferreira e Ferreira, Doutorado em Epidemiologia, 2000 (Coordenação) Andréa Maria Duarte Vargas, Doutorado em Epidemiologia, 2002 Lia Silva de Castillo – Mestrado em Clínica Odontologia, 1997