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A transversalidade da pesquisa em design e a sua relação com inovações sócio-culturais
Leila Amaral Gontijo
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
 
O presente trabalho tem como objetivo orientar uma reflexão sobre os desafios e as oportunidades da pesquisa em Design na investigação de fenômenos contemporâneos e no fomento de inovações sócio-culturais. Como um fator central para a troca econômica e cultural e para a humanização inovadora das tecnologias, o Design atua na integração transversal do conhecimento de diversas áreas disciplinares, na mediação entre necessidades e artefatos. Para desempenhar esta tarefa é essencial considerar os fenômenos emergentes em toda a sua complexidade e compreender suas relações com dinâmicas sociais e estilos de vida contemporâneos. Esta base de análise é fundamental para desenvolver visões de cenários futuros, possibilitar interações com os próprios fenômenos e projetar novos produtos e serviços neste contexto em constante evolução. Considera-se que, no percurso das suas atividades de construção e difusão do conhecimento, a pesquisa em Design seja facilitadora de inovações sócio-culturais e tecnológicas. E, desta forma, assume papel critico na busca por soluções que representem melhoria da qualidade de vida da sociedade, por meio da interação interdisciplinar e transversal, e também com atores de diferentes naturezas (esferas social, empresarial e governamental). Sob esta perspectiva, a pesquisa em Design encontra muitos desafios e oportunidades, que serão debatidos nesta reflexão. Aspectos especialmente importantes se referem a necessidade de: • desenvolver visão sistêmica e gerir a complexidade; • articular-se sistematicamente com diversas áreas disciplinares e atores; • pensar o projeto de sistemas, que incorporam conjuntamente produtos, serviços e informações; • antever possíveis impactos de escolhas de projeto em um ambiente de constantes e profundas mudanças. Justificativa da interdisciplinaridade (100 palavras) O Design atua na integração transversal do conhecimento de diversas áreas disciplinares, mediando necessidades e artefatos. Esta interação tem papel fundamental para o desenvolvimento de uma linguagem comum, que é um pré-requisito básico para o avanço do conhecimento científico e da compreensão da evolução social. Ativar o conhecimento e dar-lhe sentido frente a contextos emergentes é uma competência do Design. Assim, parece ser familiar aos profissionais que atuam nesta área, expressões como “gestão da interdisciplinaridade” e “gestão da complexidade”. Neste sentido, importantes áreas de interface se estabelecem entre o Design e outras áreas das ciências sociais, exatas e humanas e engenharias. Palavras-chave: Pesquisa em design, inovação sócio-cultural, design, gestão da complexidade, interdisciplinaridade Bibliografia BAUMAN, Z. La società dell’incertezza. Bologna: Il Mulino, 1999 BERTOLDINI, M. La cultura politecnica. 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London: MIT press, 1996 Identificação dos autores Leila do Amaral GONTIJO Doutor em Ergonomia pela Université de Paris XIII, em 1987 Professora do Dep. de Eng. de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Lia KRUCKEN Doutor em Eng. de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, em 2005 Colaboradora da UFSC e da unidade de pesquisa Design and Innovation for Sustainability do Politecnico di Milano Dijon de MORAES Doutor em Design pelo Politecnico di Milano – Italia, em 2003 Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG Alexandre Amorim dos REIS Doutor em Eng. de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, em 2003 Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Rui RODA Doutorando em Design pelo Politecnico di Milano, em andamento Colaborador da Unità di studio e sviluppo teorie e culture di ricerca in disegno industriale USDI/POLIMI
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006