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Paisagens da Verdade: Filosofia da Ciência e História da Arte em duas Abordagens Confluentes
Brena Paula Magno Fernandez
Universidade de São Paulo (USP)
 
Brena Fernandez Sandra Makowiecky Resumo: O filósofo da ciência vienense Karl W. Popper (1902 – 1994) foi um dos mais proeminentes pensadores do século XX. Dentre suas contribuições de maior repercussão encontra-se The Logic of Scientific Discovery (1934). Nessa obra Popper sustenta não existir observação “pura” ou totalmente descomprometida. A partir da consciência de algum problema, o cientista parte para uma tentativa de resolução, através da elaboração de uma série de conjecturas. Essas múltiplas teorias seriam submetidas à discussão crítica, cujo principal objetivo é a eliminação de erros. Note-se que, se por um lado Popper afirma que nunca se pode ter a certeza de que a ciência está diante de uma teoria “verdadeira” – que corresponde à realidade –, por outro, através da eliminação sucessiva das teorias falsas, tem-se a certeza de que tendencialmente, as teorias aproximam-se do ideal de objetividade que é a marca do empreendimento científico. Ernst H. Gombrich (1909 – 2001), historiador da arte também nascido em Viena, em sua marcante obra Art and Illusion (1960), propõe uma agenda psicológica de investigação da história da arte. Não obstante seu objetivo manifesto, Gombrich necessita, para atingi-lo, de subsídios epistemológicos claramente definidos. Este suporte filosófico ele encontra em Popper. Uma de suas conclusões mais fundamentais, nesta obra, é a de que nenhum artista é capaz de copiar aquilo que vê. A indiscutível subjetividade da visão de cada artista – necessariamente vinculado à tradição a qual pertence, e cerceado pelos meios técnicos de que dispõe em cada momento histórico – não exclui, entretanto, os padrões objetivos da exatidão representativa almejada. Nosso objetivo no presente trabalho é explicitar a convergência na abordagem dos dois autores, mostrando que a busca pela representação pictórica da “realidade” (ou de nossas “paisagens da verdade”) persiste, para Gombrich, assim como para Popper, como um ideal normativo a ser perseguido, seja na história da arte, seja na ciência. Bibliografia: BARNS, Barry: Interests and the Growth of Knowledge. London: Routledge, 1977. GOMBRICH, Ernst: Art and Illusion – A Study in the Psycology of Pictorial Representation. Oxford: Phaidon Press., 1966. _________________ A história da arte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. _________________ Meditações sobre um cavalinho de pau. São Paulo: Edusp,1999. _________________ Norma e forma. São Paulo: Martins Fontes, 1990. __________________ O senso da ordem. São Paulo: Martins Fontes, 1979. KUHN, Thomas: The structure of scientific revolutions. Chicago: University of Chicago Press, 1970, 2ª edição. [1962]. LÖWY, Michael: As Aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen. São Paulo: Cortez, 2003. POPPER, Karl : A Lógica da Pesquisa Científica. São Paulo: Cultrix:, 1975 [1934]. _____________ The Poverty of Historicism, London: Routledge, 1997. ______________A Sociedade Aberta e seus Inimigos. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1987 [1945]. Justificativa da Interdisciplinaridade: A gravidade e complexidade de problemas enfrentados pela vida contemporânea mostram sérias limitações nos estudos realizados para diagnosticar a raiz dos problemas, preveni-los ou gerar políticas para enfrentá-los. Uma das limitações tem como fonte a fragmentação ilegítima dos problemas. A meta deve ser o trabalho em equipes interdisciplinares que constitui condição necessária para uma investigação desta natureza, visando implodir em fragmentos toda percepção hegemônica e logocêntrica do homem e suas obras através da “aprendizagem através da experiência” de outras áreas de conhecimento. Desta forma, caminha-se na dimensão sensível até o desenho do mundo como diálogo de diferenças que se parecem. Autores: 1- Brena Paula Magno Fernandez Economista, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Filosofia Econômica pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) – RJ. Pós-Graduação em Lógica, Filosofia Pragmática e Filosofia Econômica pela Johann Wolfgang von Goethe Universität – Frankfurt – Alemanha. Mestre em Filosofia (Área de Concentração Epistemologia), pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutora em Ciências Humanas pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. Atualmente Pesquisadora de Pós-Doutorado (CNPq) do Departamento de Filosofia da Educação da Universidade de São Paulo (USP). Áreas de Pesquisa: Racionalidade Científica, Interação entre Ciência, Tecnologia e Valores Humanos, Filosofia da Ciência. 2- Sandra Makowiecky Formada em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Especialista em Arte – Educação pela mesma Universidade. Mestrado em Gestão do Desenvolvimento e Cooperação internacional pela Universidade Moderna de Lisboa – Portugal. Doutora em Ciências Humanas pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. Atualmente é Pró – Reitora de Ensino de Graduação da UDESC, desde abril de 2004, já tendo exercido o mesmo cargo entre 1994 a 1998. Professora de Estética e História da Arte da UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina - Centro de Artes. Florianópolis – Santa Catarina – Brasil. Áreas de Pesquisa: História da arte, Patrimônio Histórico, Memória; Representação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006