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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
ASPECTOS NEURO-ENDÓCRINOS DO INTESTINO DELGADO DA CAPIVARA Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus, 1766 (MAMMALIA, RODENTIA, HYDROCHAERIDAE)
Sirlene Souza Rodrigues  1
Cláudio César Fonseca  2
Clóvis Andrade Neves 1
Tarcísio Antônio Rego de Paula  2
Marco Túlio David das Neves  2
Juliano Vogas Peixoto  2
(1. Departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Viçosa/ DBG - UFV; 2. Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa/ DVT - UFV)
INTRODUÇÃO:
Os eventos fisiológicos do trato gastrointestinal (TGI) devem ser integrados para permitir que os nutrientes possam ser digeridos e absorvidos. Esta integração é efetivada por ações e interações dos sistemas nervoso e endócrino, o que possibilita controlar a motilidade e a velocidade de trânsito da digesta, assim como as várias secreções do TGI. A regulação neural das funções gastrointestinais está a cargo de um controle nervoso extrínseco, exercido pelos sistemas simpático e parassimpático, e por um controle intrínseco, representado pelo sistema nervoso entérico, constituído por plexos nervosos interconectados na parede do TGI. A regulação endócrina é exercida pelo sistema gastroenteropancreático, constituído por células endócrinas dispersas ao longo do TGI e no pâncreas. Estas células podem ser classificadas em argentafins, capazes de reduzir diretamente soluções de prata, e argirófilas, capazes de absorver sais de prata que, então, podem ser reduzidos por adição de uma substância química redutora. Dentre as células endócrinas, as produtoras de serotonina são encontradas na mucosa de quase todo o tubo digestivo. Assim, os objetivos deste trabalho foram analisar e quantificar as células argirófilas, argentafins e imunorreativas à serotonina e os gânglios nervosos dos plexos submucoso e mioentérico do intestino delgado da capivara Hydrochoerus hydrochaeris, além de verificar a existência de possíveis diferenças destes parâmetros entre os segmentos duodeno, jejuno e íleo.
METODOLOGIA:
O material biológico consistiu em 9 capivaras adultas, sendo 6 machos e 3 fêmeas, com peso médio de 38kg e comprimento médio de 1,15m, procedentes da Fazenda Cachoeirinha da UFV, Viçosa - MG, onde foram eutanasiadas sob autorização do IBAMA (Número da Licença: 060/04-NUFAS/MG). Foram coletados fragmentos das porções cranial, média e caudal de cada segmento intestinal e fixados em solução de Bouin e de formol tamponado a 10%, por 24 horas, sendo processados conforme procedimento histológico de rotina e incluídos em parafina histológica. Com auxílio de micrótomo rotativo manual, foram obtidos cortes de 5μm de espessura, que foram corados pelas técnicas: Hematoxilina-Eosina, para identificação e quantificação dos gânglios nervosos; Grimelius, para identificação e quantificação das células argirófilas; Masson Fontana modificada, para análise e quantificação das células argentafins; e imunohistoquímica pela peroxidase anti-peroxidase, com soro monoclonal de camundongo anti-serotonina, para observação e quantificação das células imunorreativas (ir.) à serotonina. Com auxílio de ocular micrométrica, foi contado o número de células argirófilas, argentafins e ir. à serotonina ao longo do eixo vilo-cripta, por área da camada mucosa, assim como o número de gânglios submucosos e mioentéricos por extensão linear das camadas submucosa e muscular, respectivamente. Os dados foram analisados por meio do programa Statistica, submetidos ao teste Tukey ao nível de 5% de significância.
RESULTADOS:
Foram observadas células endócrinas argirófilas, argentafins e ir. à serotonina dispersas ao longo do epitélio do intestino delgado da capivara, predominantes na região das criptas e menos freqüentes ao longo dos vilos. Elas apresentam forma piramidal ou oval, com sua porção basal geralmente dilatada, e a maioria é do “tipo aberto”, podendo ser visualizado algumas vezes o seu prolongamento apical, longo e estreito, por entre outras células do epitélio, alcançando o lúmen. As células argirófilas são predominantes em relação às argentafins e, estas, predominantes em relação às células ir. à serotonina. Houve diferença significativa entre os segmentos quanto ao número de células argentafins e ir. à serotonina, assim como uma diferença aparente no número de células argirófilas, que foram maiores no duodeno que no jejuno e íleo. Os gânglios nervosos submucosos e mioentéricos do intestino delgado são proeminentes, sendo os mioentéricos significativamente maiores e mais numerosos que os submucosos. Entre os segmentos intestinais, o número de gânglios nervosos submucosos e mioentéricos não variou significativamente, embora seja aparentemente maior no duodeno.
CONCLUSÕES:
Os resultados encontrados no presente trabalho permitem concluir que: as células endócrinas do intestino delgado da capivara são mais abundantes na região das criptas e apresentam morfologia predominantemente do “tipo aberto”; a freqüência de células endócrinas foi aparentemente maior no duodeno; a população de células argirófilas é maior que das células argentafins e, destas, maior que das células imunorreativas à serotonina; os gânglios nervosos submucosos e mioentéricos são proeminentes, sendo maiores e mais freqüentes os mioentérico.
 
Palavras-chave: células enteroendócrinas; serotonina; gânglios nervosos entéricos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006