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E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 1. Ciência de Alimentos

Quantificação de Soja GENETICAMENTE MODIFICADA em Proteína Texturizada de Soja por PCR em Tempo Real

Ana Carolina Maisonnave Arisi 1
Fábio Cristiano Angonesi Brod 1
(1. Depto Ciência e Tecnologia de Alimentos,CCA, UFSC)
INTRODUÇÃO:

Nos últimos anos têm-se observado um significativo aumento na produção de OGMs e, como conseqüência, na produção de alimentos contendo este tipo de matéria-prima.  A área total cultivada com lavouras transgênicas em 2005 foi de 90 milhões de hectares, superando os 80 milhões de 2004. No Brasil, o Decreto nº 4.680 de 24 de abril de 2003, estabelece que tanto os produtos embalados, como os vendidos a granel ou in natura, que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, com presença acima do limite de 1% do produto, deverão ser rotulados, e o consumidor deverá ser informado sobre a espécie doadora do gene no local reservado para a identificação dos ingredientes. Uma vez que a segurança alimentar refere-se, também, ao direito do consumidor em saber o que há nos produtos adquiridos, os governos introduziram legislações para rotulagem obrigatória de alimentos que contêm derivados de OGMs para dar aos seus consumidores o direito de escolha. O objetivo deste trabalho foi monitorar a ocorrência de soja geneticamente modificada em amostras de Proteína Texturizada de Soja comercializadas em Florianópolis, através de PCR qualitativa e quantitativa.

METODOLOGIA:

As 37 amostras de Proteína Texturizada de Soja (PTS) analisadas foram adquiridas em supermercados de Florianópolis. Materiais de referência certificados do IRMM, Bélgica (0%, 0,1%, 1% e 5% RR), foram utilizados como controles. O DNA foi extraído e purificado de todas as amostras analisadas neste estudo utilizando um método CTAB e as concentrações de DNA foram estimadas em espectrofotômetro. Para detectar DNA de soja amplificável, foi utilizado o par de iniciadores LEC1/LEC2, que amplifica um fragmento de 164 pb do gene da lectina da soja. Os pares de iniciadores GMO5/GMO9 e GMO7/GMO8 foram utilizados para a detecção de soja RR por nested PCR, amplificando um primeiro fragmento de 447 pb e um segundo fragmento de 169 pb. Após a amplificação, o produto da PCR foi submetido à eletroforese em gel de agarose e as amostras positivas foram quantificadas por PCR em Tempo Real, onde o Kit TaqMan GMO 35S Soy Detection (Applied Byosistems) foi utilizado no sistema de detecção ABI PRISMTM 7500 (Applied Biosystems) de acordo com as instruções do fornecedor. As reações foram realizadas com 125 ng de DNA em um volume final de 50 mL.

RESULTADOS:

Todas as amostras apresentaram sinal positivo para o gene da lectina, demonstrando que DNA de integridade e em quantidade suficiente pode ser purificado utilizando-se o método de extração escolhido. A detecção de soja GM foi baseada nas seqüências únicas encontradas no DNA de soja RR e não em DNA de soja convencional. Todas as amostras com sinal positivo para detecção do gene da lectina foram analisadas para detecção específica de soja RR com os iniciadores GMO5/GMO9 e GMO7/GMO8. Das 37 amostras analisadas, 25 apresentaram DNA de soja RR em sua composição. Em relação ao conteúdo de soja RR nestas amostras, apenas duas apresentaram teores de soja RR maior que o estabelecido pela legislação brasileira como contaminação não intencional, apresentando valores de 1,70% e 1,20%. Estas deveriam ser rotuladas com “contém transgênico”. Treze das vinte e cinco amostras apresentaram %RR menor que 0,1% e dez variaram entre 0,12% e 0,8%.

CONCLUSÕES:

Com o Decreto nº 4.680 de 24 de Abril de 2003, que estabelece diretrizes para a rotulagem de alimentos e ingredientes que contêm organismos geneticamente modificados, nota-se que a proporção de amostras com valores acima de 1% diminui quando comparada aos dados existentes na literatura de anos anteriores à publicação deste decreto. Como resultado, nota-se a adaptação da indústria aos novos padrões estipulados pela legislação vigente, observando as exigências do mercado consumidor.

Instituição de fomento: CNPq processo 476598/2003-6 e bolsa PG CAPES
 
Palavras-chave: OGM; detecção; nested PCR.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006