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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS FRUTOS DE Coussapoa asperifolia magnifolia (CECROPIACEAE)
Renata Duarte Lima 1
Lidia Medina Araújo 2
Ingrit Elida Collante Diaz 3
Marcio Luiz de Oliveira 4
Orlando Libório Pereira Júnior 5
Cecília Verônica Nunez 6
(1. Iniciação Científica / INPA, aluna de Química da UFAM; 2. Professora, Central Analítica, UFAM; 3. Aluna de Doutorado em Química Orgânica / USP; 4. Pesquisador da Coordenação de Pesquisas em Entomologia / INPA; 5. Co-orientador / Pesquisador da Coordenação de Pesqs. em Produtos Naturais / INPA; 6. Orientadora / Pesquisadora da Coordenação de Pesqs.em Produtos Naturais / INPA)
INTRODUÇÃO:

Além de promoverem a polinização de muitas espécies de plantas nas florestas tropicais, abelhas sem ferrão (Apidae: Meliponinae) também são capazes de promover a dispersão dos frutos de certas plantas. Ao utilizarem o epicarpo mucilaginoso e as sementes na construção e reparos de seus ninhos, várias espécies dessas abelhas contribuem para a dispersão dos frutos de Coussapoa asperifolia magnifolia, conhecida por apuí ou mata-pau (Cecropiaceae). As evidências vieram tempos depois, quando foram encontrados em Rio Branco-AC, ninhos naturais de Partamona epiphytophylla com plântulas de C. asperifolia magnifolia brotando em suas paredes e também em frestas de caixas de criação de Melipona spp..

Desconhecendo esses fatos, especialistas em Cecropiaceae têm sugerido que pássaros ou morcegos poderiam ser os dispersores principais de C. asperifolia magnifolia, tendo em vista o fato que seus frutos são vermelhos quando maduros, o que os tornaria, a princípio, atraentes para esses animais.

Entretanto, em nenhuma das observações de campo que foram feitas por um de nós (MLO), tanto em Manaus, quanto em Rio Branco, avistou-se qualquer animal que não fossem abelhas sem ferrão visitando os frutos de C. asperifolia  magnifolia.  Diante disso, os objetivos deste trabalho foram fazer análises químicas dos extratos polares dos frutos de C. asperifolia magnifolia para conhecer os teores de açúcares.
METODOLOGIA:
Os frutos estudados foram coletados na Reserva Ducke, Manaus, AM. Foram feitas 2 coletas. Na primeira os frutos inteiros foram liofilizados e extraídos com diclorometano, metanol e água. Na segunda, os frutos foram separados em cascas e polpas, macerados e extraídos frescos com diclorometano, metanol e água. Os extratos obtidos foram concentrados em rota-evaporador ou liofilizados. Após evaporação dos solventes, os extratos foram analisados no refratômetro a fim de determinar o teor de açúcares e por RMN de 1H.
RESULTADOS:
Os valores obtidos no refratômetro, medidos em Brix, para os extratos testados indicam que apenas o extrato aquoso das polpas é levemente adocicado (valor obtido: 13,30; sendo 10 o valor mínimo para ser considerado palatável, todos os outros extratos apresentaram valores bem abaixo de 10). As análises de RMN de 1H indicam que há dois açúcares presentes nos extratos aquosos, b-glicose e a a-glicose. Uma vez que a b-glicose está em maior concentração e sabe-se que em água ocorre a abertura do anel e a posterior ciclização com inversão de configuração obtendo a a-glicose, este fato indica que pode estar presente no fruto apenas a b-glicose e que a a-glicose seja um artefato produzido pelo solvente usado na extração (H2O) e/ou na obtenção dos espectros de RMN (D2O). Os extratos diclorometânicos apresentam grande quantidade de triglicerídeos esterificados principalmente com ácidos graxos insaturados.
CONCLUSÕES:
O elevado teor de triglicerídeos nos frutos de C. asperifolia magnifolia e o baixo teor de açúcares indicam que estes frutos não devem ser consumidos por macacos ou pássaros e sim coletados na Amazônia Ocidental apenas por abelhas sem ferrão, que os utilizam para calafetar os seus ninhos e com isto promovendo a sua dispersão, corroborando as observações de campo feitas pelo pesquisador Dr. Marcio Luiz de Oliveira.
Instituição de fomento: FAPEAM, MCT/CNPq (Programa PPBio-Componente Temáticos) e INPA
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Coussapoa asperifolia magnifolia; abelhas sem ferrão; Cecropiaceae.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006