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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
SINAIS DE GÊNERO E SEXUALIDADE
Germana Silva de Oliveira Moura 1, 2
Idalina Maria Freitas Lima Santiago 1, 2, 3
João Pedro Santana Neto 2, 3
(1. Departamento de Serviço Social/ UEPB; 2. Departamento de Serviço Social/ UEPB /Orientadora; 3. Departamento de Filosofia e Ciências Socias/ UEPB/ Co-orientador)
INTRODUÇÃO:
Os "deficientes auditivos", ou SURDOS, como preferem ser chamados, não por opção, mas por condição, necessitam aprender duas línguas: a que melhor responde às suas necessidades de comunicação e socialização, no caso a Língua Sinais, e a língua padrão da sociedade em que está inserido. Além dos problemas provenientes da discriminação a que são submetidos por serem vistos como “deficientes”, também precisam enfrentar as dificuldades próprias da falta de informação e comunicação em que se encontram, visto que o seu meio social é estruturado para pessoas ouvintes. Desta forma, as comunidades surdas desenvolvem comportamentos com características próprias de sua maneira específica de internalizar as coisas que acontecem ao seu redor, propiciando, assim, a formação de uma identidade e cultura surda. Considerando esta especificidade da pessoa Surda, o presente projeto de pesquisa tem por finalidade conhecer como são elaboradas as construções sociais de gênero e sexualidade no seio da comunidade surda de Campina Grande/PB, contendo questões relacionadas à divisão sexual do trabalho e seus posicionamentos diante das vivências da sexualidade.Diante da carência de estudos referente à comunidade Surda, a importância deste projeto de pesquisa justifica-se à medida que contribui para ampliação do conhecimento referente a esta comunidade, além de propiciar sua maior inserção no âmbito acadêmico e na sociedade como um todo.
METODOLOGIA:

Adotamos como perspectiva metodológica a abordagem quantitativa. Selecionamos do universo de trezentos e quinze estudantes da Escola de Audiocomunicação Demóstenes da Cunha Lima, em Campina Grande/Pb, trinta e oito informantes, sendo dezenove homens e dezenove mulheres. Estabelecemos como critérios de seleção: ter completado dezoito anos de idade; ser estudante da sétima e oitava série do ensino fundamental ou do primeiro ano do ensino médio da referida escola. Estes critérios garantiram maior domínio do(a) Surdo(a) com a língua brasileira de sinais, além de maior conhecimento da língua portuguesa escrita. Os informantes responderam um questionário objetivo em português estruturado na língua de sinais, contendo assertivas para serem marcadas. Realizamos pré-teste em três estudantes, para validação do instrumento. Para análise dos resultados quantitativos, utilizamos tabulação com análise estatística.

RESULTADOS:
 As Surdas apresentaram menor idade e maior grau de escolaridade, comparativamente aos Surdos; A incidência de homens exercendo atividades remuneradas foi bem maior que as mulheres. Prevaleceram os estados civil solteiros para Surdos e Surdos; Lavar, cozinhar, passar roupa e limpar estiveram alocadas majoritariamente para os dois gêneros ou somente para mulheres, não havendo respostas que indicassem ser tarefa exclusivamente masculina; Os cuidados com os filhos também foram direcionados para ambos os gêneros (com maior percentual) ou só para as mulheres, havendo poucas respostas indicando os homens para estas tarefas; As atividades esportivas estiveram sinalizadas como praticadas por homens e mulheres, excetuando futebol e vale tudo que receberam maior pontuação para os homens; No aspecto da diversão (festa, cinema, bar, dança) predominou a inclusão dos dois gêneros, tendo havido diferencial de pontuação para o quesito “ir ao bar” relacionado somente para os homens; As profissões de médico, dentista, professor, artista, enfermeiro e cozinheiro receberam maior percentual para os dois gêneros; Mecânico, pedreiro, encanador, eletricista e motorista de caminhão receberam maior percentual para os homens; A heterossexualidade teve 100% das respostas dos Surdos e das Surdas; A virgindade feminina não é tabu para metade dos Surdos, entretanto, 94,7% das Surdas a defendem.
CONCLUSÕES:

 A maioria dos entrevistados, tanto homens quanto mulheres, demonstraram consciência da necessidade da divisão de tarefas entre os gêneros. Na questão da sexualidade, a ampla maioria afirmou ser correto o relacionamento heterossexual. O homoerotismo e a bissexualidade masculina e feminina não receberam aprovação da maioria dos informantes, principalmente das Surdas; A quebra do tabu da virgindade e vida sexual ativa em mulheres que já tiveram a primeira experiência sexual são situações mais acatadas pelos Surdos do que pelas Surdas. Com relação às concepções de gênero que relacionam mulher à maternidade e homem à paternidade, a maioria dos(as) Surdos(as) consideraram necessário mulheres e homens terem filhos, entretanto um percentual menor, ou seja, pouco mais da metade dos entrevistados, considerou normal homens e mulheres não terem filhos.

Instituição de fomento: (PROINCI/UEPB)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Surdez; Gênero; Sexualidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006