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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 5. Economia Internacional

CONTROLE CAMBIAL NA ARGENTINA NA PÓS-ERA MENEM

João Manoel Gomes da Silva 1
Júlio Gomes da Silva Neto  1
(1. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade-FEAC/UFAL)
INTRODUÇÃO:
Nos anos 90, as economias periféricas envoltas em sérios problemas de reservas internacionais e inflação, terminam por liberalizar e desregulamentar suas economias. Na Argentina, essas medidas foram sistematizadas pelo então Ministro do Governo Menem, Domingos Cavallo, em plano econômico de mesmo nome (Plano Cavallo). Suas principais diretrizes consistiam na fixação cambial, combinada com austera política juros, visando o aumento expressivo das reservas internacionais através de investimentos estrangeiros. Estas medidas, no entanto, tornaram a economia argentina vulnerável ao comportamento de outros mercados, bem como a avaliação subjetiva das agências de risco. Como resultado de instabilidades financeiras internacionais, as respectivas fugas de investimentos de curto prazo, terminam por tornar insuportável a manutenção da fixação cambial proposta pelo plano. Neste cenário, o governo cancela a livre conversibilidade do dólar e passa a controlar com rigidez as reservas cambiais, estabelecendo a suspensão do pagamento de sua dívida de curto prazo. Considerando portanto, as medidas de controle cambial assumidas pela Argentina, como objeto de investigação, compete a esta introdução questionar: (i) as medidas adotadas seguiam um padrão estritamente político? (ii) havia alternativas econômicas para crise cambial argentina? (iii) os resultados alcançados foram pragmáticos, em que pese o retorno da economia argentina à normalidade econômica?
METODOLOGIA:
Na realização deste trabalho optou-se pela utilização do método histórico analítico, valendo-se de fontes vinculadas a veículos de informação jornalística, bem como de fontes de dados empíricos, correspondendo aos principais indicadores de agregados da economia argentina. Nesta perspectiva trabalhou-se inicialmente a opinião de autores brasileiros e argentinos, especialistas em economia internacional periférica, procedendo-se a análise crítica de suas contribuições. Logo em seguida, iniciou-se a descrição da situação econômica da Argentina na “Era Menem”, de acordo com as fontes referidas. A esta descrição seguiu-se expondo a crise cambial do final do governo Menem, bem como as iniciativas adotadas pelos sucessivos governos envolvidos na crise política que se seguiu naquele país. Em suas últimas linhas fez-se uma breve descrição a respeito do posicionamento da economia argentina frente a seus parceiros latino-americanos e à comunidade financeira internacional.
RESULTADOS:
Esta incursão à cerca da presente situação cambial argentina, permitiu a constatação das semelhanças entre as conjunturas econômicas brasileira e portenha, propiciando a confecção de um quadro comparativo que relaciona câmbio, dívida externa, inflação e crescimento econômico entre os dois países. Desta comparação, foi possível extrair, em capítulo à parte, alguns pontos de reflexão para a economia brasileira e periférica, com perspectivas de futuros encaminhamentos. Resultou também desta análise a possibilidade de contemplar o recente ciclo do capital financeiro internacional, considerando o destaque feito a esta particular fase cíclica argentina.
CONCLUSÕES:
A releitura dos fatos apontados no trabalho sugere a observação de duas perspectivas combinadas como resultado da grave situação política verificada no início da adoção das medidas de controle cambial. Percebeu-se uma certa liberdade política dos governos para adotar as medidas de suspensão da dívida Argentina de curto prazo. Somando-se a isso, deve-se considerar também o perfil político-ideológico dos presidentes e seus assessores econômicos. No entanto, a “margem de manobra” deixada pela crise reduziu o escopo de medidas possíveis para o governo sem prejuízos unilaterais. Por outro lado, a recuperação da economia argentina, considerando-se o presente comportamento de seus principais indicadores, aponta para uma situação promissora, embora ainda fragilizada. A imagem da economia daquele país junto à comunidade financeira internacional mostra-se agora carente de apoio geopolítico, leia-se: países periféricos em particular, países da América do sul. Desprende-se desta conclusão, o papel fundamental que passou a ter um Mercosul fortalecido e estendido a outros países soberanos.
Instituição de fomento: PET Economia UFAL
 
Palavras-chave: Controle cambial; Dívida externa; Capital financeiro.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006