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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde

CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E PSICOSSOCIAL DE PESSOAS SOROPOSITIVAS PARA O HIV ATENDIDAS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA

 

Tânia Renata Alves Ribeiro  1
Eliane Maria Fleury Seidl  1
(1. Universidade de Brasília)
INTRODUÇÃO:
O Hospital Universitário de Brasília (HUB) presta atendimento médico a pessoas HIV+ desde meados dos anos 1980. A partir de 1996, professores do Instituto de Psicologia e do Departamento de Serviço Social criaram o projeto de extensão universitária de ação contínua Com-Vivência (Ações Integradas de Estudos e Atendimento a Pessoas Portadoras do HIV/aids e Familiares), que realiza atendimento psicológico e social a pessoas vivendo com HIV/aids, articulando ações de prestação de serviços, pesquisa e ensino. A atuação integrada da equipe médica e dos psicólogos e assistentes sociais do Projeto Com-Vivência significou a abertura de espaços privilegiados para a concretização dos objetivos do Hospital Universitário: local de aprendizagem, produção de pesquisa e de conhecimentos, associados ao exercício técnico profissional e à prestação de serviços. O número de pessoas HIV+ em acompanhamento no HUB totalizava cerca de 250 pacientes em dezembro de 2005. O presente trabalho teve por objetivo elaborar caracterização sociodemográfica e psicossocial de amostra de pacientes soropositivos para o HIV, em momento inicial do acompanhamento no HUB, visando à melhoria da qualidade das ações de saúde realizadas e o monitoramento dos casos em acompanhamento.
METODOLOGIA:
Cento e sessenta e oito pacientes foram incluídos no estudo, 59,5% do sexo masculino. A faixa etária variou de 16 a 75 anos (média = 39,51; desvio-padrão=9,24). Em relação à escolaridade, observou-se desde pessoas analfabetas até aquelas com formação em nível superior, com predomínio do ensino fundamental incompleto (42,5%). No tocante à renda familiar, constatou-se que 37,5% das pessoas ganhavam até um salário mínimo. No que se refere à situação empregatícia, 42,4% estavam trabalhando (em emprego fixo com direitos trabalhistas e no setor informal), mas cerca de um terço (29,1%) dos participantes estavam desempregados. Quanto à situação conjugal, houve predomínio de pessoas solteiras, separadas, divorciadas ou viúvas, que estavam sem parceiro/a (53,6%). Quanto ao número de filhos, 27,4% não tinham filhos e 44% possuíam um ou dois filhos. O tempo de diagnóstico de HIV+ variou de um a vinte anos, com média igual a 7,43 (desvio-padrão = 4,42). A transmissão por relações sexuais heterossexuais foi a mais freqüente, alcançando 69,1% dos casos. Sobre o conhecimento do diagnóstico de soropositividade por pessoas da família, a maioria (82,4%) informou que estas sabiam sobre a enfermidade. A reação dos familiares foi caracterizada como de apoio e solidariedade pela maior parte dos sujeitos (67,1%), sendo que 11% a definiram como de rejeição e ausência de suporte. O uso abusivo de substâncias psicoativas atingiu 19% da amostra, com predomínio acentuado do uso de bebidas alcoólicas.
RESULTADOS:

Os resultados obtidos no presente levantamento vão ao encontro das tendências epidemiológicas que apontam o aumento do número de mulheres (feminização) e heterossexualização da epidemia. A vertente epidemiológica da pauperização também tem colocado desafios para os serviços de saúde, na medida em que um número cada vez maior de pessoas com precárias condições socioeconômicas deparam-se com o diagnóstico de soropositividade, o que também foi observado no presente levantamento tendo em vista os indicadores de escolaridade e renda.

CONCLUSÕES:
Há indícios de mudanças no apoio a pessoas vivendo com HIV/aids, com maior facilidade na revelação do diagnóstico para familiares, ao lado da percepção de apoio e solidariedade. Análises por níveis de renda, escolaridade e gênero podem elucidar outras questões relevantes sobre o grupo estudado.
Instituição de fomento: Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: HIV/aids; caracterização sociodemográfica; aspectos psicossociais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006